A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Instituto Brasileiro de Valor em Saúde (IBRAVS) firmaram um acordo de cooperação técnica que promete transformar a saúde suplementar no Brasil. Com duração de cinco anos, a iniciativa busca implementar os Modelos de Remuneração Baseados em Valor, alinhando a remuneração de operadoras e prestadores à qualidade dos desfechos clínicos e promovendo um sistema mais eficiente, centrado no paciente e consoante à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O projeto surge em um momento crítico para o setor de saúde suplementar, que enfrenta altos custos, desperdícios e insatisfação dos pacientes. Ele representa uma mudança fundamental em relação ao modelo atual de pagamento por volume (fee-for-service), no qual serviços são remunerados pela quantidade e não pelo  resultado na saúde do paciente. “Estamos comprometidos em construir um sistema de saúde mais eficiente, transparente e focado no que realmente importa: os resultados para os pacientes,” afirma Paulo Rebello, diretor-presidente da ANS.

Entre os objetivos do acordo estão criar um guia atualizado sobre remuneração baseada em valor, o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para coleta e análise de dados clínicos, e a capacitação de profissionais de saúde. Também estão previstos estudos e publicações técnicas que ajudarão a disseminar conhecimento e a reduzir as lacunas informacionais no setor.

O IBRAVS, parceiro estratégico da ANS no projeto, liderará a ampliação do Guia de Modelos de Remuneração Baseados em Valor da ANS e o desenvolvimento do Guia Prático e software de gestão de indicadores, que permitirá a coleta, organização e análise de dados sobre resultados dos programas efetuados nas operadoras. “Com a padronização de métricas e a criação de novas ferramentas, conseguiremos comparar desempenhos e estimular uma cultura de excelência entre os prestadores de saúde,” explica César Abicalaffe (foto), presidente do instituto.

Além de modernizar a relação entre operadoras e prestadores, o projeto beneficiará diretamente os pacientes, garantindo um cuidado mais personalizado e eficaz. Ao mesmo tempo, aumentará a transparência no setor e incentivará a adoção de práticas inovadoras. Essa transição para um modelo baseado em valor é essencial para oferecer mais qualidade e eficiência, mas também para tornar a saúde suplementar sustentável no longo prazo.

Apesar de seu potencial transformador, o projeto também enfrenta desafios significativos. Entre eles, a necessidade de padronizar métricas e indicadores, superar a resistência cultural dos profissionais de saúde e investir em tecnologia e treinamento. “Trata-se de uma mudança de paradigma e isso não acontece do dia para a noite. Esse acordo é o ponto de partida para uma saúde suplementar mais justa e eficiente,” conclui Abicalaffe.

Com ações previstas até 2029, a parceria entre a ANS e o IBRAVS não apenas visa a melhoria dos resultados em saúde, mas também a construção de um sistema mais equilibrado e sustentável. Os primeiros produtos, como a publicação do guia revisado e a primeira versão das ferramentas tecnológicas, devem ser entregues já em 2025, consolidando uma nova era para a saúde suplementar no Brasil.

Vale ressaltar que todas as ações relacionadas ao uso de dados clínicos no âmbito do acordo estarão integralmente alinhadas às diretrizes da LGPD. Isso inclui a implementação de mecanismos rigorosos de segurança para coleta, armazenamento e processamento das informações, além de garantir a confidencialidade e o uso restrito dos dados apenas para as finalidades previstas no projeto.

O acordo também prevê a anonimização de informações sempre que possível, protegendo a privacidade dos beneficiários. “Garantir o sigilo e a segurança dos dados é um pilar fundamental para promover confiança e transparência no setor” reforça Abicalaffe.