Estatísticas e Análises | 9 de dezembro de 2022

Alterações em moléculas de pacientes com depressão apontam novos caminhos para o entendimento da doença

Pesquisa com participação do IDOR aponta para efeitos antidepressivos de moléculas presentes no cérebro
Alterações em moléculas de pacientes com depressão apontam novos caminhos para o entendimento da doença

Um estudo recente publicado no The Journal of The Alzheimer’s Association, com participação do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), analisou as interações entre o hormônio irisina e a molécula lipoxina A4 no cérebro de pacientes com depressão.

 A depressão é comum em adultos da terceira idade, sendo classificada tanto como uma comorbidade quanto um fator de risco para a demência. A irisina é um hormônio induzido pelo exercício físico envolvido na função cerebral, enquanto a lipoxina A4 atua como mediador lipídico com ação anti-inflamatória.

Liderado pela Dra. Fernanda De Felice, pesquisadora do IDOR e da Queen’s University, no Canadá, o atual estudo é continuação de outra pesquisa da cientista, que foi reconhecida no ano passado com o Prêmio Inge Grundke-Iqbal na Pesquisa de Alzheimer pela Associação de Alzheimer do Estados Unidos (EUA).

Em investigações anteriores, a Dra. Fernanda de Felice e seu time já observavam que os níveis de irisina se apresentavam reduzidos tanto no cérebro quanto no líquor cefalorraquidiano (LCR) – fluido presente em todo o sistema nervoso – de pacientes com Alzheimer e em modelos animais. Esse achado sugeriu que o aumento de irisina poderia auxiliar na capacidade de adaptação das sinapses neuronais e na memória, protegendo o cérebro frente ao envelhecimento.


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Outros estudos também demonstraram que em doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, são encontrados níveis reduzidos de irisina e de lipoxina A4 em amostras sanguíneas dos pacientes. Além disso, já é bem descrito que o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, do inglês brain-derived neurotrophic factor) é uma proteína que atua na manutenção e sobrevivência dos neurônios, principalmente na região cerebral do hipocampo, envolvida com o aprendizado e a memória. Também já é estabelecido que a irisina estimula a produção de BDNF.

Levando isso em consideração, no atual estudo, a equipe de De Felice decidiu investigar o LCR de idosos com ou sem depressão. A avaliação apontou que há uma redução significativa de irisina, BDNF e lipoxina A4 no grupo de pessoas com depressão. Além disso, também foi revelado que a irisina presente no LCR estava diretamente relacionada à lipoxina A4 e ao BDNF nas amostras estudadas.

Os autores informam que são necessários mais estudos para melhor analisarem a redução de irisina e lipoxina A4 no LCR de pacientes com depressão associada à demência. A identificação dessas relações moleculares entre a depressão e a demência podem atuar como meios de tratamento e atender às necessidades dos pacientes de ambas as doenças.

 



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