Mundo | 12 de julho de 2017

África e Ásia: o novo foco da indústria do tabaco

Investigação aponta ameaças a governos africanos
África e Ásia o novo foco da indústria do tabaco

Uma investigação do jornal britânico Guardian divulgada, na quarta-feira, 11, revela que multinacionais da indústria do tabaco recorrem a ameaças para impedir que governos africanos regulamentem a venda de tabaco. Governos africanos vem tentando reduzir o consumo de tabaco com apoio de organizações internacionais.

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O diário diz ter tido acesso a “cartas (…) enviadas aos governos do Uganda, Namíbia, Togo, Gabão, República Democrática do Congo, Etiópia e Burkina Faso, revelando táticas intimidatórias que as empresas de tabaco utilizam, acusando os governos de violarem as suas próprias leis e acordos de comércio internacional e advertindo para danos na economia”.

No caso do Quênia e do Uganda, a multinacional British American Tobacco “ luta nos tribunais para tentar bloquear as tentativas dos governos (…) de introduzir regulamentos para limitar os danos causados pelo fumo do tabaco“, refere o Guardian.

De acordo com o jornal, estima-se que existam em toda a África 77 milhões de fumadores e que o seu número possa aumentar “quase 40% em relação ao nível de 2010 até 2030”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que até 2025 a taxa de fumadores subirá em 17 de um total de 30 países africanos, com os aumentos maiores a ocorrerem no Congo-Brazzaville (de 13,9% em 2010 para 47,1% em 2025) e Camarões (de 13,7% para 42,7%).

Especialistas dizem que África e o sul da Ásia são novos campos de batalha na luta global contra o tabagismo devido à demografia e ao crescimento da prosperidade”, assinala o diário britânico.

O Guardian indica ainda que “embora a maioria dos países na África tenha assinado o tratado da OMS sobre o controle do tabagismo, nenhum deles implementou completamente as restrições que ele prevê”.

Bintou Camara, diretor dos programas para África da Campaign for Tobacco-Free Kids, uma organização não-governamental sediada em Washington nos EUA.  “As empresas de tabaco tentaram intimidar os países para não tomarem medidas efetivas para reduzir o consumo de tabaco, a principal causa de morte evitável a nível mundial”.

” Os governos da África devem saber que podem e devem avançar com medidas para prevenir e reduzir o consumo de tabaco — e que o fazem com o apoio de muitos governos e líderes de todo o mundo que tomaram medidas firmes para proteger a saúde pública”, declarou Camara, ao Guardian.

O texto foi divulgado na página ‘on line’ do jornal britânico e intitulado “Ameaças, bulling, ações judiciais: a guerra suja da indústria do tabaco para o mercado africano”. o material faz parte de um dossiê produzido pelo jornal sobre o tema com o título geral “Tabaco: um negócio mortal”.

Dentre as principais doenças causadas pelo uso do cigarro estão as DCNT (doenças crônicas não transmissíveis), estão o câncer, doenças pulmonares, como o enfisema, e cardiovasculares.

No caso do câncer de pulmão, 90% dos casos registrados da doença acontecem entre fumantes ou ex-fumantes. De acordo com o Inca, esse é o tipo de câncer que mais mata homens e o segundo que mais mata mulheres no Brasil.

No Brasil, assim como em outros países, o consumo de cigarros vem caindo drasticamente. Nos últimos dez anos, houve uma redução de 33,8% no número de fumantes adultos no País, de acordo levantamento do Ministério da Saúde (2016).

 Com informações Observador (Portugal) e Inca. Edição SS. 

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