Mundo | 7 de maio de 2014

“A invasão dos idosos”

Em artigo, estudioso compara produtividade de pessoas acima de 60 anos
A invasão dos idosos - José Pastore

A perspectiva de uma sociedade cada vez mais repleta de idosos serviu de base para recente artigo publicado no jornal Estado de São Paulo, assinado por José Pastore, professor de Relações do Trabalho da FEA-USP. Com o título “A invasão dos idosos”, ele faz uma análise e compara a realidade brasileira e de países desenvolvidos.

O texto tem como referência a reportagem Age Invaders, publicada no The Economist. Ao relacionar a produtividade de pessoas com 60 anos ou mais, constata-se grande diferença. “Entre os americanos, a proporção de idosos que permanecem em atividade subiu de 13% no ano 2000 para 20% nos dias atuais e entre os alemães passou de 25% para 50%. São pessoas de 65, 70 e 75 anos – e até mais – que continuam em atividade e que gostam do que fazem”. Enquanto isso, no Brasil, “a proporção de homens e mulheres idosos no mercado de trabalho é irrisória e subiu muito pouco. Entre 1992 e 2012, a proporção de homens com mais de 60 anos que trabalhavam subiu de 7% para 8% e entre as mulheres ficou estável em 5,8%”, aponta Pastore.

Estima-se que a população brasileira idosa vai triplicar em 20 anos, passando dos atuais 22,9 milhões (11,34% da população) para 88,6 milhões (39,2%), segundo o IBGE (leia mais aqui). Essa projeção requer uma mudança na educação, de acordo com Pastore já que a escolaridade é diferencial no nível de produtividade muito alto. Isso porque as atividades desses idosos se baseiam mais no conhecimento do que na musculatura. Assim ganham mais, poupam bastante e dão menos despesas ao Estado.

O problema é a realidade nacional, em que parcela de cidadãos com 60 anos ou mais, que passaram por curso superior e continuaram trabalhando, aumentou de 3% para 9% na última década. “Em 2012, 27% dos idosos brasileiros eram analfabetos! Cerca de 40% tinham quatro anos de escola ou menos. E apenas 9% tinham curso superior completo ou incompleto. Com esse nível educacional, é impossível trabalhar na sociedade do conhecimento que exige versatilidade, bom senso, agilidade mental e domínio de tecnologias modernas”, lamenta José Pastore.

Para o autor, a conclusão dessa reflexão é que “do bom ensino de hoje nascerá a esperança de contarmos com idosos qualificados e produtivos que, por volta de 2040, somarão mais de um terço da população brasileira. Do contrário, veremos mantido o lamentável e indesejável contraste do quadro atual”.

Leia o artigo completo aqui.

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