A inovação e a “síndrome dos objetos brilhantes”
Executiva do MD Anderson, líder em oncologia nos EUA, defende que inovação priorize os resultadosA inovação se tornou uma palavra do cotidiano na área da saúde, porém algumas dúvidas continuam no ar. Como as organizações podem trazer esse futuro tecnológico para a realidade atual? E como o pensamento inovador pode ser trazido para a oncologia?
A vice-presidente e diretora de inovação do hospital MD Anderson Cancer Center, Rebecca Kaul, falou, em entrevista para a Medcitynews, sobre como ocorre essa inovação no hospital líder global em oncologia, localizado em Houston, no Texas.
Qual sua função no Anderson Cancer Center atualmente?
O diretor de inovação é um papel interessante em qualquer instituição. No MD Anderson, estamos buscando oportunidades de inovação dentro da saúde digital. Passo muito tempo observando startups e também grandes fornecedores. Nós também passamos o nosso tempo com os públicos internos conversando sobre problemas que precisam ser resolvidos. Ainda estamos iniciando nessa área aqui no hospital.
Por que a oncologia é uma área que necessita de inovação?
Em primeiro lugar, como o câncer tem um domínio no nosso hospital, há oportunidades para tratá-lo da prevenção até a sobrevivência. Antes de chegar ao MD Anderson, eu pensava em câncer como uma sentença de morte. Agora, minha perspectiva mudou. Se bem gerenciado, podemos finalmente converter o câncer de uma doença crônica para uma eliminação. Não pensar nele como uma coisa terrível, mas, sim, em algo que você gerencia.
Como as organizações podem trabalhar para garantir que a inovação traga mudanças significativas?
Acredito que você esteja se referindo ao que eu chamo de “síndrome dos objetos brilhantes” ou “síndrome da morte de mil projetos”. As pessoas tendem a seguir idéias boas, porém acabam criando projetos que nunca chegam à luz do dia. A primeira coisa que fazemos é identificar uma ideia que traga benefícios para o nosso hospital. Nós consideramos qualquer coisa como uma rota, não apenas algo para trazer e testar. As empresas de startup, as vezes, se perdem na burocracia, mesmo com boas ideias, por isso ajudamos elas. Se eu trouxer uma empresa para trabalhar com a MD Anderson, seu sucesso é o nosso sucesso.
Como as organizações podem integrar a inovação em sua cultura?
Muitas pessoas gostam da idéia de inovação, mas acabam deixando ela de lado. Eles dizem: “precisamos de inovação”. Em seguida, eles contratam um diretor de inovação que acaba fazendo outra função. Ela [inovação] precisa ser essencial para tudo o que você faz. As instituições podem utilizar esse tipo de pensamento nos problemas não inovadores. A inovação não precisa ser atraente, nem brilhante ou chamativa.
Em que projetos e iniciativas inovadoras o MD Anderson está trabalhando?
No que diz respeito a um projeto específico, estamos trabalhando com uma empresa na otimização do fluxo de pacientes. Eles estão usando máquinas para entender como os pacientes passaram por nosso sistema com o objetivo de reduzir os tempos de espera. Já vimos resultados fortes até agora. Começou em nossas áreas de infusão, mas nós também estamos trazendo isso para outras áreas.