Empregabilidade e Aperfeiçoamento, Mundo | 27 de março de 2015

A importância de compartilhar informações médicas com pacientes com câncer de próstata

Estudo finlandês analisa os benefícios de médicos e pacientes tomarem decisões
A importância de compartilhar informações médicas com pacientes com câncer de próstata

Quando um homem é diagnosticado com câncer de próstata, se vê à frente de uma série de opções de tratamentos, como radioterapia ou remoção cirúrgica da próstata. Valores e preferências pessoais devem ser fundamentais nesta escolha: É a cura do câncer a única coisa que importa ou ele deveria também considerar uma variedade de questões de qualidade de vida, como evitar a incontinência ou disfunção erétil? Este tema é abordado em artigo da Universidade de Helsinki (Finlândia).

Há uma dificuldade frequente em determinar o prognóstico do câncer de próstata localizado. Muitos homens têm câncer de próstata de baixo risco, que progride lentamente e pode não ter nenhum impacto sobre a sua expectativa de vida. O médico deve chegar a um acordo com o paciente na tomada de decisões de tratamentos. No entanto, essa definição compartilhada só é possível quando o paciente compreende o que as diferentes opções de tratamento acarretam, e o médico deve entender a situação e os desejos pessoais do doente.

“Esse processo de tomada de decisão verdadeiramente compartilhada é um fenômeno relativamente novo na medicina. Tradicionalmente assumimos que o médico sabe sempre melhor”, diz Kari Tikkinen, Pesquisador clínico da Academy of Finland e professor adjunto de epidemiologia clínica do Departamento de Urologia da Universidade de Helsinki Hospital.

Discutir diagnósticos de câncer de próstata e as opções de tratamento são parte do trabalho diário de um urologista. Tikkinen queria examinar o impacto do auxílio na escolha de tratamento. O grupo de pesquisa internacional analisou a questão por meio de uma revisão sistemática da literatura e meta-análise.

Foram identificados 14 estudos randomizados que avaliaram esse impacto, sendo 10 realizados na América do Norte, três na Europa e um na Austrália. Juntos, eles envolveram 3.377 pacientes com idades entre 61 e 69 anos.

A forma mais comum de apoio à decisão fornecida aos pacientes foi através de documentos escritos, que explicavam sobre as diferentes opções de tratamento. A informação também foi oferecida por vídeos, palestras e debates, e, em alguns casos, aplicativos de computador interativos. Menos da metade das ajudas previstas haviam sido personalizadas (atendiam a necessidade individual daquele paciente específico).

As ajudas fornecidas foram destinados para a leitura antes da consulta clínica. Na prática, isso significava que o paciente tinha a responsabilidade primária de estudar e compreender as informações sobre os tratamentos.

O impacto do auxílio variou de estudo para estudo. Em um dos estudos, o uso das informações parecia não ter efeito relevante sobre a utilização de qualquer opção de tratamento individual, mas dois estudos sugeriram um impacto modesto na redução de sentimentos de pesar sobre o tratamento escolhido.

Os estudos não mediram o impacto das ajudas de decisões sobre o fluxo do processo de decisão, o tempo gasto na tomada de decisão nem os custos associados a ele, assim como não avaliaram o impacto da utilização desses apoios sobre a relação médico-paciente. “Estudos realizados em outros campos da medicina indicam que apoios de decisão separadas da consulta clínica são benéficas. Dessa forma, os médicos podem assegurar que os pacientes compreendam suficientemente o assunto em questão e considerem seus valores e escolhas”, afirma Tikkinen.

Dr. Philippe Violette urologista do Woodstock General Hospital (Canadá) e um dos autores do estudo, diz que “idealmente, os pacientes deveriam, em primeiro lugar, receber um pacote de informações no formato mais útil – como um folheto ou um aplicativo interativo – para estudar privadamente ou em conjunto com os seus entes queridos e enfermeiros antes da consulta clínica. Além disso, o médico deve ter um pacote de informações conciso disponível, para que o paciente analise os principais pontos”.

Para qualquer decisão importante, como a escolha de uma cirurgia, é fundamental que o paciente compreenda o que vai acontecer e comprometa-se com a decisão. “O paciente será mais comprometido se estiver envolvido nela. Isso também pode levar a melhores resultados do tratamento e, em última instância, a uma maior satisfação entre pacientes e médicos”, Tikkinen resume.

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