Gestão e Qualidade | 9 de agosto de 2018

A busca por efetividade na gestão da saúde foi tema da palestra de Denise Schout no Seminários de Gestão

Diretora do Hospital Santa Catarina, de São Paulo, apresentou “Indicadores de desfechos clínicos”
A busca por efetividade na gestão da saúde foi tema da palestra de Denise Schout no Seminários de Gestão

Organização e gestão que garantam efetividade e segurança dos pacientes, estes são desafios primordiais na gestão de saúde no Brasil, de acordo com a diretora técnica do Hospital Santa Catarina, médica sanitarista Denise Schout, que realizou a segunda palestra da 8ª edição do Seminários de Gestão. O evento é promovido pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) e Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS). Esta edição ocorreu no Hotel Continental, em Porto alegre, na sexta-feira (3).

O tema central desta edição foi “Performance, Resultados e Valor em Saúde”. Evento prestigiado na área de gestão de saúde, contou mais uma uma vez com auditório lotado. O evento teve como patrocinador o Banrisulo portal Setor Saúde como veículo de comunicação oficial do evento e a Fasaúde foi a instituição de Ensino Superior responsável pela emissão dos certificados do evento. A certificação oficial é da FASAÚDE/IAHCS, e os apoiadores desta edição foram IAHCS Acreditação e Stericycle.

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Auditório do Hotel Continental

 

A médica Denise Schout apresentou o tema “Indicadores de desfechos clínicos”. Com ampla experiência na área da saúde, Denise atua na área de Relacionamento Médico do Hospital Santa Catarina. Schout, que também foi diretora técnica da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), sendo responsável pelos indicadores da instituição por 12 anos, apresentou o case mix de monitoramento e implantação de protocolos em hospitais.

De acordo com Schout, a saúde no Brasil necessita de organização e gestão dos sistemas para garantir ganhos em efetividade, equidade, custo-efetividade e segurança. “Somos muito ruins na entrega de valor, não somos efetivos. Há muita perda de oportunidade, tanto no setor público como no privado”, disse Schout. Sobre equidade, Denise afirmou que “se há uma coisa que somos ruins é selecionar quem mais precisa. Nós gostamos de dizer que damos acesso a todo mundo, mas as pessoas não têm as mesmas necessidades”, afirmou.

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Denise Schout, diretora técnica do Hospital Santa Catarina

 

A palestrante apresentou exemplos de avaliação de sistemas de serviços de saúde, com a avaliação da qualidade assistencial realizada pela Proadess – Metodologia de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde.  O PROADESS tem como objetivo contribuir para o monitoramento e avaliação do sistema de saúde brasileiro, ao produzir subsídios para o planejamento de políticas, programas e ações de saúde para gestores de todas as esferas administrativas e disseminar informações sobre o desempenho do SUS nos seus distintos âmbitos. O instrumento de avaliação baseia-se nos seguintes tópicos: efetividade; acesso; eficiência; respeito ao direito das pessoas; aceitabilidade; continuidade; adequação; e segurança. Com base em indicadores desenvolvidos, o Proadess realiza avaliação dividida pelas cinco regiões do país.

Uma das medidas para reduzir a alta taxa de internação é a atenção primária resolutiva. “Não adianta mandar para a atenção primária, que muitos defendem, mas o problema do paciente não ser resolvido. Precisamos melhorar a resolutibilidade”, ressaltou.

De acordo com a palestrante, os termos eficácia, efetividade e eficiência são atributos que definem a qualidade técnica. Schout também salientou os sete pilares da Qualidade de Donabedian (eficácia, efetividade, eficiência, otimização, aceitabilidade, legitimidade e equidade) para aprimorar a qualidade técnica nos hospitais. o médico libanês Avedis Donabedian (1919-2000), com atuação na Universidade de Harvard, realizou estudos que tiveram impacto valioso em hospitais.

Cultura da informação e gestão assistencial

A cultura de informação e gestão assistencial precisam ser enfatizadas, de acordo a diretora. “Não adianta termos informação, se não soubermos gerenciar”, frisou. Entre as medidas destacadas para valorizar e aprimorar a cultura de informação e gestão assistencial, Schout apontou que é necessária uma adequada codificação de diagnósticos e procedimentos, gerência de risco de eventos adversos, sistematização da enfermagem, e o investimento em capacitação e avaliação contínua.

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Denise Schout, diretora técnica do Hospital Santa Catarina

 

A implantação e monitoramento de protocolos na rede de hospitais associados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) foram exemplos apresentadas pela enfermeira. A busca por efetividade, adequação e segurança foi realizada por meio de padronização de condutas. Entre os principais problemas identificados, estava déficit de leitos e tempo médio de permanência alto. O Rio de Janeiro é o estado que apresentou maior tempo de permanência. A partir dos estudos realizados, foi apontado que, se fosse diminuída em um dia a internação do paciente, aumentaria em 20% a oferta de leitos – sem necessidade de ampliação da estrutura.

Entre ações propostas para reduzir desperdícios, estão maior atuação e vigilância de Comissão para Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), aumento de leitos de cuidados semi-intensivo para o atendimento dos casos de maior gravidade e complexidade e implantação de check list de avaliação social no momento da internação do paciente. Além disso, apontou a necessidade de correta interpretação dos indicadores – ajustes por critérios que caracterizem melhor a demanda por serviços e avaliação de qualidade de acordo com a forma de estratificação dos hospitais.

A palestrante indicou desafios para a gestão dos hospitais. Como padronizar números e transformar em indicadores precisos, como passar do indicador para um sistema de monitoramento – que inclui tomada de decisões – e o que e para quem se deseja monitorar. Entre perspectivas apontadas, estão a mudança de modelo de remuneração, troca de informações entre diversas organizações de saúde, monitoramento com indicadores selecionados de processo e resultado e transparência dos resultados.

O Seminários de Gestão ainda teve como temas e palestrantes, O QUE É, COMO MEDIR E ENTREGAR VALOR EM SAÚDE, com Dr. Renato Camargos Couto (Diretor do IAG); a INFORMAÇÃO QUE GERA VALOR EM HOSPITAIS abordada por Eduardo Giacomazzi (Diretor Adjunto do ComSaude – FIESP); e MODELOS DE REMUNERAÇÃO BASEADOS EM VALORapresentado por Fabrício Campolina (Instituto Coalizão Saúde).

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