“A acreditação vai além da segurança na ponta, ela cada vez mais ajuda na sustentabilidade de prestadores e fontes pagadoras”
O Médico Diretor e Avaliador Sênior do IAHCS Acreditação Sérgio Ruffini fala sobre o impacto financeiro da obtenção de certificações de qualidade em saúde.
Os investimentos em segurança do paciente têm reflexos não apenas na ponta, como na melhoria dos serviços prestados aos pacientes. Quando uma instituição de saúde decide investir em um processo de busca da acreditação, ela deve estar ciente de que este movimento gera novos custos. Por outro lado, como reflexo desta ação, no longo prazo este recurso se dilui em uma diferenciação na percepção de valor dos serviços também pelas fontes pagadoras. É como explica o médico Sérgio Ruffini(foto), Diretor e Avaliador Sênior do IAHCS Acreditação, uma das primeiras organizações a difundir o modelo de melhoria contínua da Organização Nacional de Acreditação (ONA), entidade responsável pelo desenvolvimento e gestão dos padrões brasileiros de qualidade e segurança em saúde.
“Quando falamos em obtenção de uma acreditação, teremos a consequência assistencial e a financeira. É importante que os gestores tenham claro de que segurança aumenta custos. Por outro lado, o aumento de custo é um dinheiro direcionado a um melhor atendimento ao paciente, diferente daqueles custos que são usados para embelezar o ambiente, por exemplo. Não quero dizer que um ambiente belo não seja necessário, mas ele não interfere diretamente na qualidade assistencial. Já a acreditação é um dinheiro direcionado para um processo que beneficia melhores resultados para o paciente e igualmente auxilia dois atores vitais da cadeia de saúde, os prestadores e as fontes pagadoras. ”
Ao direcionar investimentos para que o paciente tenha uma recuperação mais rápida e sem danos, as operadoras e demais fontes pagadoras também se beneficiam pela diminuição dos custos assistenciais. “As operadoras estão incentivando como nunca antes visto os prestadores a investirem na acreditação”, explica Ruffini.
“Muitas vezes eu era questionado sobre o aumento de custos que o processo geraria para o prestador. Antigamente este ponto gerava dúvidas no gestor, que obviamente deve analisar todos os impactos de uma decisão. Mas com o tempo e até por incentivo das fontes pagadoras, o cenário se inverteu. A acreditação acaba por separar o joio do trigo, os sem qualidade certificada e os que estão alinhados a um processo de melhoria contínua. Hospitais, clínicas e demais prestadores são muito mais incentivados atualmente, inclusive financeiramente pelas fontes pagadoras, que valorizam a adoção de práticas de gestão e de assistência que os conduzam à melhoria do cuidado para o paciente”, completa.
Ruffini destaca que as instituições que possuem mecanismos de comprovação da qualidade assistencial e de gestão recebem de 5% a 10% de melhora do faturamento no longo prazo. “Em nossas visitas de manutenção aos hospitais e clínicas acreditadas, tanto nas capitais como no interior, o reconhecimento por parte das operadoras é evidente. Os gestores apontam um aumento no faturamento entre 5 a 10%, em média. Este dado a mim relatado me alegra muito e comprova que o caminho da certificação da qualidade na saúde é sem volta. Hoje, a operadora define o valor de reajuste do contrato e em cima desta condição, diferencia quem é acreditado ou não. Ela coloca um fator de estímulo, baseado nas normativas da ANS, por exemplo. ”
O avaliador sênior do IAHCS reforça que há um maior entendimento de ambos os lados sobre os benefícios para a sustentabilidade. “Os prestadores, de diferentes focos de atuação e tamanhos, ao conquistarem acreditação, igualmente começam a pleitear este tratamento diferenciado na hora de negociar. As grandes operadoras já adotam largamente os incentivos. E as operadoras de pequeno e médio porte que não adotavam esta política, igualmente estão entendendo que é extremamente benéfico abrir negociações com fatores de estímulo para impactar na diminuição dos eventos adversos evitáveis como, por exemplo, as infecções relacionadas à assistência à saúde [IRAS], já que na prática, evitá-las significa uma enorme economia de recursos, sabidamente escassos.”
De acordo com a OMS, 10% dos pacientes internados são acometidos por IRAS e 50% das infecções podem ser evitadas com medidas reconhecidamente eficazes. “Medidas estas que fazem parte do treinamento constante junto aos colaboradores com apoio das Instituições Acreditadoras e pela própria ONA, em cursos e eventos”, explica Ruffini.
“Hoje, gestores e decisores procuram a acreditação por causa do impacto financeiro, não olhando somente para o lado assistencial. Ou seja, aacreditação vai além da segurança na ponta, ela cada vez mais ajuda na sustentabilidade de prestadores e fontes pagadoras. Gera economia de recursos e maior controle e previsibilidade na jornada do paciente”, finaliza o avaliador sênior do IAHCS Acreditação.
O IAHCS Acreditação é uma Instituição Acreditadora Credenciada (IAC) da ONA. Com abrangência em todo o território nacional, o IAHCS Acreditação completará 25 anos de atuação em 2025. A ONA é um organização comprometida com a promoção da segurança e a qualidade das instituições de saúde, conforme preceitos do Sistema Brasileiro de Acreditação (SBA). A ONA é membro da International Society for Quality in Health Care (ISQua), atuando ao lado de instituições que promovem a qualidade da saúde em países como Estados Unidos, Reino Unido, França e Canadá.