Estatísticas e Análises | 22 de novembro de 2025

Semana Mundial de Conscientização da Resistência aos Antimicrobianos reforça alerta da OMS sobre avanço crescente

Dados do primeiro relatório mundial da OMS destacam que entre 2018 e 2023, a resistência a antibióticos aumentou mais de 40%, com crescimento médio anual entre 5% e 15%.
Semana Mundial de Conscientização da Resistência aos Antimicrobianos reforça alerta da OMS sobre avanço crescente

De 18 a 24 de novembro acontece a Semana Mundial de Conscientização da Resistência aos Antimicrobianos, iniciativa global liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para reforçar o uso responsável de antibióticos e outros agentes antimicrobianos. Em 2025, o tema da campanha “Aja Agora: Proteja o Nosso Presente, Garanta o Nosso Futuro.” chama a atenção para a necessidade imediata de conter a resistência microbiana, que já coloca em risco os avanços da medicina moderna e dos sistemas de saúde no mundo todo.


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A resistência antimicrobiana (RAM) ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas deixam de responder aos medicamentos, tornando as infecções mais difíceis de tratar e aumentando o risco de complicações e morte.


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Em outubro, a OMS divulgou o primeiro Relatório Mundial de Vigilância da Resistência aos Antibióticos 2025, que reúne dados de mais de 100 países sobre o avanço da resistência bacteriana entre 2018 e 2023. O documento apresenta, pela primeira vez, estimativas globais da prevalência de resistência em 22 antibióticos usados no tratamento de infecções urinárias, gastrointestinais, sanguíneas e sexualmente transmissíveis.


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O levantamento é parte do Sistema Mundial de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos e de seu Uso (GLASS) da OMS, que monitora o fenômeno em escala global, e serve de alerta sobre o impacto crescente da RAM em regiões com sistemas de saúde fragilizados. Na Região das Américas, o Brasil está entre os poucos países que participaram ativamente do sistema de vigilância.

Principais dados do relatório da OMS (2025):

  • Em 2023, uma em cada seis infecções bacterianas comuns mostrou-se resistente aos antibióticos.

  • Entre 2018 e 2023, a resistência a antibióticos aumentou mais de 40%, com crescimento médio anual entre 5% e 15%.

  • As bactérias Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, frequentemente associadas a infecções urinárias, respiratórias e hospitalares graves, estão entre as principais causas de resistência, associadas a sepse e falência de órgãos.

  • Mais de 40% das infecções por E. coli e 55% por K. pneumoniae são resistentes às cefalosporinas de terceira geração, antibióticos de primeira linha usados em infecções graves.

  • Nas Américas, uma em cada sete infecções já é resistente, número ligeiramente inferior à média global.

  • No Brasil, mais da metade das cepas de Acinetobacter spp., bactéria comum em ambientes hospitalares e que causa pneumonias e infecções na corrente sanguínea, apresentam resistência ao antibiótico imipenem (52,8%), uma das taxas mais altas da região.

A resistência é mais comum em locais onde faltam estrutura laboratorial, diagnóstico preciso e vigilância contínua.

Para o Dr. Filipe Piastrelli, infectologista e gerente médico do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o uso consciente de antibióticos é um dos pilares para evitar que essas taxas continuem a crescer.

 “A resistência bacteriana é um fenômeno natural, mas o uso inadequado e excessivo de antibióticos acelera esse processo. Prescrever ou usar esses medicamentos de forma responsável é fundamental para garantir que continuem eficazes no futuro. Isso envolve não interromper o tratamento antes do tempo recomendado, evitar a automedicação e seguir sempre a orientação médica”, afirma o especialista.

A OMS destaca que o combate à resistência antimicrobiana depende de uma abordagem integrada entre os setores de saúde humana, animal e ambiental, o conceito ‘Uma Só Saúde’, e requer investimentos contínuos em vigilância, diagnóstico e inovação.

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