Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 12 de setembro de 2025

Tudo em um só lugar: Oncoclínicas combina patologia, genética e IA para agilizar diagnósticos de câncer

Formato pioneiro no Brasil integra especialidade médicas em sua operação, facilitando o cruzamento de informações morfológicas e genéticas para impulsionar a medicina de precisão e enfrentar gargalos estruturais do sistema de saúde.
Oncoclínicas combina patologia, genética e IA para agilizar diagnósticos de câncer

O Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer até o fim deste ano, segundo o triênio 2023-2025 do Instituto Nacional de Câncer (INCA), um dado que acende um alerta sobre a importância do diagnóstico precoce. Em resposta a esse desafio, a Oncoclínicas&Co — maior grupo de tratamento oncológico da América Latina — aposta em inovação e integração tecnológica ao unir, pela primeira vez, técnicas de patologia digital e genômica através da inteligência artificial (IA). A iniciativa faz parte da vertical OC Medicina de Precisão, laboratório de patologia molecular da Oncoclínicas, e busca democratizar o acesso à oncologia de ponta, acelerando diagnósticos e ampliando as chances de tratamento eficaz em todo o país.


VENDAS ABERTAS 600x313


A iniciativa marca um avanço importante na medicina de precisão, encurtando significativamente o intervalo entre a detecção do tumor e o início do tratamento. No câncer de próstata, por exemplo, a tecnologia possibilita a triagem de até 70% das biópsias benignas, poupando tempo para a análise mais detalhada de amostras com tumores malignos. A proposta também se propõe a enfrentar desafios estruturais do sistema de saúde brasileiro, como a escassez de patologistas, a fragmentação dos diagnósticos e os atrasos que comprometem o início das terapias.


banner600ss


“No Brasil e no mundo, é comum que esses serviços de patologia e genômica atuem de forma isolada. Ao identificarmos essa limitação, enxergamos uma oportunidade: por que não unificar essas áreas? O resultado mostrou que a comunicação direta entre as equipes, incluindo os médicos assistentes responsáveis por cada caso, possibilita diagnósticos mais rápidos e precisos, oferecendo tratamentos mais precisos”, afirma Rodrigo Dienstmann, oncologista e diretor médico da OC Medicina de Precisão. “Em oncologia, o tempo entre a suspeita e o início do tratamento pode ser decisivo. Quando conectamos especialidades, dados e decisões clínicas em uma mesma estrutura, com um fluxo contínuo, transformamos a jornada do paciente”, complementa.


banner-iahcs-ss


Segundo os dados da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2025, realizada pelo Ministério da Saúde, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), o país conta com cerca de 4.400 patologistas para atender uma população de mais de 200 milhões de pessoas, representando apenas 0,9% do total de especialistas no Brasil, considerando todas as áreas médicas. No caso do câncer, esse déficit pode custar um tempo valioso. A nova estrutura aumenta a segurança diagnóstica por meio do trabalho integrado de equipes que otimizam o uso de amostras biológicas, padronizam protocolos e promovem discussões colaborativas sobre cada caso. Na prática, isso significa que o mesmo tecido coletado em uma biópsia é compartilhado pelas duas áreas, evitando o desperdício do material e reduzindo a necessidade de novas coletas ou deslocamentos do paciente. O resultado é a integração de informações moleculares, que orientam decisões clínicas mais precisas e personalizadas.


santa casa portal setor saude


Um exemplo do impacto da iniciativa envolveu um diagnóstico inicial de câncer do subtipo papilífero com suspeita de origem no pulmão. Com a união entre as duas frentes, foi identificada uma alteração molecular (neste caso, uma mutação) que levou à reclassificação do caso como carcinoma papilífero de tireoide, alterando o diagnóstico e o curso do tratamento para o paciente.

O uso de IA para otimizar a rotina de diagnóstico

Oncoclínicas foi a primeira companhia fora dos Estados Unidos a incorporar os algoritmos da Paige, empresa especializada em soluções de patologia digital e IA clínica, à sua rotina diagnóstica. Desde 2021, a companhia utiliza o “Paige Prostate” para otimizar o diagnóstico de câncer de próstata e o “Breast Paige” para identificação de lesões precursoras e invasivas de tumores mamários, ambos algoritmos já validados nos EUA, com dados publicados. Em novembro do ano passado, a OC Medicina de Precisão passou a adotar também o algoritmo da Mindpeak, voltado para a análise de tumores de mama e a detecção de quatro biomarcadores cruciais: HER2 (incluindo os espectros “low” e “ultra-low”, que o olho do patologista não está treinado para identificar), receptor de estrogênio, receptor de progesterona e o marcador de proliferação celular Ki-67. A identificação desses biomarcadores é essencial para orientar a escolha do tratamento mais adequado para cada paciente.

“As ferramentas de inteligência artificial atuam como ferramentas essenciais para os patologistas, identificando áreas de interesse e detectando características sutis nos tumores que podem passar despercebidas ao olho humano. Com isso, os diagnósticos se tornam mais rápidos e assertivos, impactando positivamente o tratamento do paciente. Adotamos o uso de IA há quatro anos para auxiliar na revisão de mais de 23 mil biópsias de próstata e mama. A tecnologia contribuiu para melhorar a precisão diagnóstica, demonstrando quase 100% de sensibilidade e 93% de especificidade, além de aprimorar as taxas de detecção, incluindo a identificação de cerca de 1% de lesões malignas da mama que inicialmente não haviam sido detectadas pelos patologistas”, explica Leonard Medeiros da Silva, patologista da OC Medicina de Precisão.

A solução está presente em três unidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Além disso, a plataforma de patologia digital e genômica do laboratório permite a integração de novos algoritmos de IA ao fluxo de trabalho de maneira eficiente e escalável. Com essa estratégia, a Oncoclínicas avança não apenas na qualificação do diagnóstico individual, mas na consolidação de um formato estrutural replicável que pode redefinir o padrão de cuidado oncológico no Brasil. “A Inteligência Artificial é uma aliada estratégica na prática médica moderna. Ela não substitui o olhar clínico, mas amplia a capacidade de análise, detectando alterações ocultas que fazem toda a diferença no cuidado ao paciente oncológico”, finaliza Dienstmann.

VEJA TAMBÉM