Mundo | 15 de fevereiro de 2021

França recomenda dose única da vacina para pessoas que já tiveram Covid-19

Órgão defende que recuperados já possuem "memória imunológica" e que dose única poderia ser aplicada de três a seis meses após a contaminação
França recomenda dose única da vacina para pessoas que já tiveram Covid-19

A Alta Autoridade de Saúde (HAS, na sigla em francês) da França recomendou, nesta sexta-feira (12), que seja aplicada apenas uma dose da vacina contra a Covid-19 para pessoas que já tiveram a doença. A França é o primeiro país que faz essa recomendação.

A HAS é um órgão público independente com autonomia financeira, criado por lei em 2004 pelo governo francês. A instituição trabalha em colaboração com agências governamentais de saúde, fundos nacionais de seguro saúde, organizações de pesquisa, sindicatos de profissionais de saúde e representantes de pacientes.

Memória imunológica

De acordo com a HAS, as pessoas recuperadas da Covid-19 já desenvolveram uma memória imunológica a partir da infecção. Por isso, a vacina em dose única terá um papel de “lembrete”, como explicaram em parecer que ainda não recebeu aprovação governamental.

A autoridade também recomenda esperar “mais de três meses” após a doença, “e de preferência seis meses”, antes das pessoas recuperadas da doença se vacinarem. “Até o momento, nenhum país se posicionou claramente sobre uma vacinação de dose única para pessoas que contraíram Covid-19 antes da vacinação”, enfatiza a autoridade.

O comunicado enfatiza que as pessoas que desenvolveram imunidade natural após terem se recuperado, sejam elas sintomáticas ou assintomáticas, devem ser consideradas imunes a uma infecção repetida por um período de pelo menos três meses, o que pode ser comprovado por um RT-PCR ou teste de antígeno.

A decisão da HAS e baseia em um trabalho apresentado pela Sociedade de Patologia Infecciosa de Língua Francesa, assim como em dados de farmacovigilância da vacina Pfizer/BioNTech, de acordo com o jornal Le Monde.

Contexto de oferta restrita

Nos últimos dias, essa solução foi mencionada em diversos estudos realizados nos Estados Unidos e na Itália, e ainda não avaliados por outros cientistas. Além dos benefícios para a saúde, os pesquisadores apontaram que dar uma única injeção em pessoas que já estavam doentes no passado poderia economizar doses em um contexto de oferta restrita.

A França tem tido problemas para vacinar a sua população. Até agora, apenas 2,4 milhões de pessoas foram vacinadas (receberam as duas doses).

O governo francês geralmente segue os conselhos da HAS. No final de janeiro, porém, o governo não cedeu a uma recomendação para que o tempo entre as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech fosse maior.

As três vacinas Covid-19 atualmente autorizadas na União Europeia (Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca/Oxford) requerem duas doses para serem totalmente eficazes em pessoas que nunca tiveram contato com o vírus. Já o da Johnson & Johnson, ainda em análise pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), exige uma única injeção.

Acesse o comunicado aqui.

Com informações do jornal HAS e Le Monde. Edição do Setor Saúde.

 



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