ONA apresenta novo Manual de Acreditação 2018 em evento organizado pelo IAHCS
Normas seguem padrão internacional e ganham mais objetividadeO Instituto de Acreditação Hospitalar e Certificação em Saúde (IAHCS), de Porto Alegre, sediou evento com técnicos da Organização Nacional de Acreditação (ONA), na quinta-feira, 1º de março. A atividade teve como tema as mudanças e atualizações constantes na nova versão do Manual Brasileiro de Acreditação para as Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde – 2018. Voltado exclusivamente para os avaliadores do IAHCS, o Manual foi apresentado por Andrea Righi, Gerente de Certificação da ONA, e Renata Caroccini, Analista da Qualidade da ONA. O IAHCS é uma das seis Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACs) para realizar avaliações pela metodologia do Sistema Brasileiro de Acreditação ONA no país.
No encontro, as palestrantes explicaram um das principais mudanças que deixaram o Manual mais claro e objetivo. Segundo Righi, o método de avaliação passa a ser menos abstrato e se torna mais objetivo. “Antes o método era subjetivo…. Agora, os requisitos serão pontuáveis, o que, matematicamente, enquadrará a organização no nível 1, 2 ou 3”, explicou.
“ Ficou mais claro para a organização entender o que ela precisa mostrar para ser pontuada. Porém, o que vai impactar mais, na verdade, é a mudança na metodologia de avaliação. Hoje, um protocolo apresentado na organização pode não atender completamente ao requisito. Isso pontuaria uma organização como parcialmente conforme, impactando no resultado final. As instituições precisam estar atentas a isso, pois não estão acostumadas a serem avaliadas pontualmente. Porém, basicamente os requisitos não mudaram muito na sua essência: o que mudou é que ele está mais claro e agora é pontuável”, assegurou Righi.
Dois novos serviços
“ Ocorreram alterações de subseções e seções para o Manual 2018. No final do novo Manual estão incluídas as definições de termos e conceitos”, disse Caroccini. As palestrantes também destacaram a inclusão de dois novos serviços para avaliação, que são os serviços oncológicos e os serviços de medicina hiperbárica.
As palestrantes frisaram a importância de um estabelecimento de saúde ter interesse em ser avaliado. De acordo com Caroccini, a melhoria na segurança do paciente é uma das principais mudanças sentidas em uma organização certificada pela ONA. Isto porque, de acordo com a Analista da Qualidade, os serviços de saúde certificados têm protocolos e políticas que pressupõem uma série de atividades que auxiliam na diminuição dos erros de ordem assistencial. “ Uma organização que não trabalha com a metodologia ONA trabalha, por vezes, de forma não integrada em relação aos protocolos, ou seja, não se conversam e não se alinham às estratégias”, completou Righi.
A certificação de uma instituição pela ONA atrai respeito e interesse por parte dos pacientes, médicos e operadoras, e ainda é uma diferenciação de mercado, de acordo com Righi. “ Um médico vai se sentir mais seguro em operar e tratar um paciente numa organização certificada, porque ela está estruturada e focada na segurança do paciente. Além disso, as operadoras de saúde preferem trabalhar com estas organizações porque o risco de acontecer um erro médico é menor, uma vez que ela está estruturada e tem protocolos de segurança mundialmente validados que diminui a questão principal, que é o erro médico”, pontuou.
As palestrantes também explicaram que a única metodologia de acreditação disponível no mercado e focada no modelo de saúde brasileiro é a ONA. As palestrantes manifestaram o entendimento que as acreditações internacionais são bastante semelhantes ao modelo ONA. “ Todas metodologias trabalham com o mesmo foco e avaliam de forma semelhante – cada uma com suas especificidades -, mas visando o mesmo objetivo, que é a qualidade na assistência e a segurança do paciente”, disse Righi.
Durante o evento, as palestrantes frisaram a importância das contribuições que os clientes trouxeram na elaboração do novo Manual. “Baseado nas experiências deles, foram trazidas contribuições para a melhoria deste Manual. Por exemplo, requisitos para avaliação de hospitais que têm serviço para banco de leite: o Manual não trazia menções específicas para esse tipo de serviço. Era avaliado, mas em um contexto mais geral. Agora, existem requisitos para esse tipo de serviço, possível graças a contribuição de um cliente nosso, que sentiu a necessidade desta avaliação”, enfatizou Righi. As palestrantes desejam que, após entrar em vigor o novo Manual, em 1 de julho, sigam surgindo sugestões de melhorias enviadas para a ONA, para que possam seguir sendo realizadas melhorias internas para futuros manuais de acreditação.
IAHCS
O coordenador do projeto QUALIS-RS (incentivo à conquista da acreditação no RS) e avaliador sênior do IAHCS Acreditação, Sérgio Ruffini, destacou a importância do evento. “O evento foi excelente, ocorreu conforme programação. Os avaliadores [do IAHCS] tiveram um contato direto com a ONA e pudemos discutir sobre as mudanças no modelo”, contou.
A principal mudança, de acordo com o avaliador sênior, foi o fato da acreditação ONA ter se tornado internacional. Em dezembro de 2017 a ONA teve seu novo Manual referenciado pela ISQua – The International Society for Quality in Health Care – a “certificadora das certificadoras” no mundo. “ [A ONA agora] É um sistema de origem brasileira com características internacionais. É necessário um avanço na educação das instituições de saúde e avaliadores sobre o novo manual. Esse é um processo de upgrade que vamos apresentar nas instituições de saúde interessadas”, relatou.
“Até 2014, havia um processo de avaliação de uma determinada forma. Hoje, ela teve um processo de amadurecimento. A partir do manual de 2018, teremos um novo sistema e procedimento de visita, análise e avaliação. Ele está muito mais exigente. Isso pode mexer com o mercado”, declarou.
Segundo Ruffini, a diminuição do erros médicos – e dos seus custos financeiros e emocionais associados – é uma das principais conquistas para as instituições de saúde com o modelo ONA. ” As operadoras, inclusive, costumam selecionar aqueles serviços que são acreditados. E as operadoras que operam sua própria rede de atendimento, com hospital, clínica e serviço de diagnóstico, também investem bastante na conquista da certificação, pois entendem acertadamente que a adoção da metodologia e dos processos são um investimento que contribui para reduzir custos e gerar mais retorno. Já os hospitais e demais estabelecimentos, devem entender que estamos entrando de vez na era da remuneração por resultado, onde se premia pela resolutividade em menos tempo e sem complicações. Um exemplo é que a certificação em qualidade é fator preponderante no que diz respeito ao Fator de Qualidade, instituído pela ANS. Hoje, quem não tem certificação, é penalizado no momento de negociar com as operadoras. O gestor que desconsidera este cenário, penaliza a sua instituição e seus pacientes, e pode acabar gerando um papel negativo para o sistema de uma região como um todo.
Números de acreditações no Brasil
Atualmente a ONA possui 666 certificações válidas, sendo a maioria na região Sudeste. São Paulo 290, Minas Gerais com 90 e Rio de Janeiro com 40 são os líderes em número de certificações da ONA. O Rio Grande do Sul figura em sexto, com 26 válidas. Destas, 12 são organizações hospitalares. Veja o mapa completo em www.ona.org.br/OrganizacoesCertificadas