Empregabilidade e Aperfeiçoamento, Gestão e Qualidade | 25 de novembro de 2017

Gestão ambiental e hospital saudável são destaques em evento do Sindihospa

Encontro reuniu profissionais de diversas instituições para discutir práticas sustentáveis
encontro gestao ambiental

Na sexta-feira, 24 de novembro, o Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) realizou o 2º Encontro Nacional de Gestão Ambiental em Estabelecimentos Assistenciais em Saúde, realizado na Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). Promovido pelo comitê de Gestão Ambiental do SINDIHOSPA, o evento debateu questões como eficiência energética, sistemas de compras e descartes, segregação de materiais e inovação.

A redução dos impactos ao meio ambiente, com a necessidade de investir em processos e tecnologias sustentáveis nos estabelecimentos assistenciais em saúde foram enfatizados no evento. Eficiência energética, energia fotovoltaica, processos de compras sustentáveis e gestão de resíduos foram alguns dos temas trazidos. “Há uma preocupação crescente das instituições de saúde em realizar ações sustentáveis que façam a diferença e sejam percebidas pela sociedade. Aqui compartilhamos em detalhes o que estamos fazendo para tornar esses esforços realidade”, destacou o coordenador do comitê, Rogério Almeida, responsável pela área de Gestão Ambiental do Hospital Moinhos de Vento.

A enfermeira do Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Michèle Borges, falou sobre aspectos relacionados à segregação de resíduos em quartos de isolamento. Segundo ela, muitas instituições acabam desperdiçando recursos com práticas de segurança contraditórias às recomendações técnicas de sanidade. Segregação adequada na fonte, acondicionamento e identificação, proteção dos locais de armazenamento e qualificação técnica das equipes são alguns dos pontos que a enfermeira indica para que esse processo seja aprimorado.

michle borges

Ellen Hardy, arquiteta consultora da ProAdapta Hospitais Sustentáveis, de São Paulo, apresentou um panorama dos ciclos naturais. “Tudo se relaciona de uma forma ou de outra com o ambiente. O problema é que essa relação se tornou tão indireta que muitas vezes acabamos perdendo essa conexão”, pondera. Ela defende um processo contínuo de reavaliação dos recursos e serviços para que rejeitos possam ser reduzidos e os resíduos reaproveitados cada vez mais. “O foco da gestão ambiental é pensar todos os processos de entrada e saída, de forma que a nossa interação com a natureza seja sempre a mais saudável possível, e que o máximo possa retornar como energia sustentável”, diz.

Ellen Hardy 2

Christian Medeiros, da Stericycle, fala sobre o programa Safecycle

Um sistema que substitui as tradicionais caixas de papelão descartáveis e utiliza coletores de plástico reutilizáveis, reduzindo os riscos no descarte de materiais perfurocortantes. Assim podemos resumir o Safecycle, que foi apresentado no encontro por Christian Medeiros, gerente-executivo da empresa Stericycle. O programa de gerenciamento de perfurocortantes altera todo o processo de descarte, coleta e transporte desse tipo de material. De acordo com Medeiros, a coleta passa a ser realizada dentro da área do hospital por funcionários treinados da Stericycle. O Safecycle traz maior segurança e um custo a menos com o tratamento do resíduo e um menor impacto para o meio ambiente, já que os coletores de papelão também acabam virando lixo. O Portal Setor Saúde realizou entrevista exclusiva com Christian, que contou as vantagens do programa.

“A maior parte dos acidentes acontecem a partir do descarte. O que o programa Safecycle faz é justamente criar um coletor específico, onde se evita o risco de punção com perfurocortante durante o transporte para descarte e, principalmente, evitar descartar papelão, que é o material que coleta a maior parte dos perfurocortantes. Nós não somente diminuímos, como eliminamos a quantidade de acidentes no momento do descarte, e também ajudamos os hospitais no processo de sustentabilidade ambiental. Ou seja, eu não tenho mais que descartar papelão junto com o perfurocortante. Isso diminui custos e a quantidade de resíduos”, explicou.

Medeiros também enfatizou a importância de dividir a responsabilidade sobre a gestão dos resíduos. “O tipo de resíduo que é gerado num hospital, especialmente infectante, não é gerado só em um setor. Então, não se pode somente transferir a responsabilidade para a área ambiental. Desde a área de infecção hospitalar, enfermagem, área cirúrgica, todos eles, embora não sejam responsáveis por dar o destino dos resíduos, são responsáveis pela boa gestão. Quanto maior a quantidade, maior a complexidade no tratamento dos resíduos”, concluiu.

Amanda Marques de Castro conta as experiências no Hospital Albert Einstein

As práticas de gestão ambiental realizadas no Hospital Albert Einstein, de São Paulo, foram abordadas no evento pela engenheira ambiental da instituição, Amanda Marques de Castro. “Nós cuidamos do gerenciamento de resíduos e a emissão de gases de efeito estufa. Medimos mensalmente os gases de efeito estufa que o hospital gera e pensamos em como reduzir essas emissões e o que podemos melhorar lá dentro. Em relação aos resíduos, fazemos reciclagem, com a destinação correta dos resíduos, e também nos preocupamos muito em saber para onde está indo o nosso resíduo”, resumiu.

Amanda liderou um projeto, baseado na metodologia Lean Six Sigma para a otimização do consumo de água no Hospital Albert Einstein. A engenheira ambiental explicou ao Portal Setor Saúde como se desenvolveram as atividades. “A ideia desse projeto era otimizar o consumo de água reduzindo desperdícios. Procuramos entender, por exemplo, como funcionam as atividades na cozinha: como é o processo de lavagem, se há desperdício de água. Nos processos de manutenção também. Olhamos todas as áreas que entendíamos ser potencialmente grandes consumidores de água e entender o que eles faziam em relação à água”, contou a engenheira ambiental.

O conceito de “Hospital Saudável” também foi abordado por Amanda na entrevista concedida ao Porta Setor Saúde. “Hospital saudável é aquele que pensa não só na saúde do paciente, o que é o padrão, mas também na saúde do meio ambiente. Se não cuidar do meio ambiente, as pessoas também ficam doentes. Um Hospital Saudável pensa no resíduo que gera, no efluente, na comunidade e os impactos. É um hospital que pensa nas questões ambientais dentro de seus processos, avaliando o quanto estamos impactando na sociedade”, explicou.

Participaram ainda da programação do evento Vagner Braga (Santa Casa de São Gabriel), Guilherme Vitola (Studioeffi), Rafael Martins Lopes (Hospital Moinhos de Vento), Andrea Loguercio (UFRGS) e Carmen Míquel (meuResíduo).

Com informações assessoria de imprensa do SINDIHOSPA. Edição e cobertura do Portal Setor Saúde, da  FEHOSUL.

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