Trump declara emergência nacional devido à epidemia de opioides
Nos Estados Unidos, casos de overdose chegam a mais de 140 por diaO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou emergência nacional para enfrentar a denominada “crise de opioides” que o país enfrenta. Com a declaração, efetuada na quinta-feira, 10 de agosto, o país pode oferecer aos estados e às agências federais mais recursos, instrumentos e poder de combate contra a epidemia, segundo a rede de notícias CNN.
Em um comunicado divulgado ainda na quinta-feira, a Casa Branca afirmou: “Com base nas recomendações contidas no relatório da Comissão Presidencial sobre Combate à Toxicodependência e da Crise de Opioides, o Presidente Donald J. Trump encarregou sua Administração de usar todas as emergências apropriadas e outras autoridades para responder à crise causada pela epidemia de opioides”.
No relatório, o presidente da Comissão e governador de New Jersey, Chris Christie, afirmou que era recomendado que o presidente dos Estados Unidos “tomasse diversas ações” acerca do tema, entre elas, a declaração de emergência.
No texto, a Comissão relata que ocorrem cerca de 100 mortes por dia nos EUA devido à overdose de opioides – como heroína e fentanil, um potente analgésico. Entre 1999 e 2015, 560 mil pessoas morreram de overdose nos Estados Unidos, dois terços desses casos estão ligados aos opioides.
“A crise dos opioides é uma emergência, e estou dizendo, oficialmente, agora, é uma emergência. É uma emergência nacional”, disse Trump. “Nós vamos gastar muito tempo, muito esforço e muito dinheiro na crise dos opiáceos. É um problema sério, como nós nunca tivemos”.
A comissão da Casa Branca que examinou a epidemia disse a Trump na semana passada que declarar uma emergência nacional de saúde pública seria uma ajuda imediata para combater a crise em curso. “Declare uma emergência nacional”, afirmou o governador Christie a Trump.
No relatório, entre outras recomendações, destaca-se aumentar rapidamente a capacidade de tratamento para as pessoas que precisam de ajuda para abandonar o abuso de substâncias; estabelecer e financiar melhor acesso aos programas de tratamento assistido por medicamentos; e para garantir que os prestadores de cuidados de saúde estejam conscientes do uso indevido e abuso de opiáceos prescritos, aumentando os esforços de prevenção nas escolas médicas e odontológicas.
Brasil consome pouco
No Brasil, segundo o Grupo de Estudos da Dor da Universidade de Wisconsin, o consumo de opioides (como morfina) é de 10,9 mg por pessoa ao ano – dados de 2015. O curioso é que aqui a prescrição de opiáceos é considerada baixa, segundo informações da publicação científica Journal of Pain Research, divulgados pelo site UOL. A taxa tolerável seria de até 192,9 mg por pessoa anualmente, ou seja, o Brasil consome quase 20 vezes menos. Isso se dá, segundo especialistas, em razão do baixo tratamento da dor aguda e da burocracia para a prescrição. Nos Estados Unidos, o índice é de 677, 7 mg por pessoa anualmente.
“Eles podem causar dependência e efeitos colaterais, como depressão respiratória. Por isso, é necessário um controle, mas isso não pode impedir que a dor do paciente seja aliviada. O médico precisa ter experiência para entender a necessidade de cada paciente. Precisa prezar pelo seu conforto. É desumano deixar o paciente com dor”, afirma ao UOL o médico e diretor do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente, Lucas Santos Zambon.
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, cerca de 66% da população mundial vai morrer sem consumir opioides, “seja porque não vai precisar, seja porque não terá seu sofrimento diagnosticado”, assinala matéria do UOL.
Emergência nacional
Segundo a CNN, não é frequente que uma emergência de saúde pública seja declarada para algo que não seja um desastre natural. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA declarou um (estado de emergência) em Porto Rico no ano passado, após o relato de mais de 10 mil casos de Zika no país. Antes disso, a última declaração de emergência não relacionada a um desastre natural foi durante a temporada de gripe 2009-10, quando houve preocupação generalizada com uma potencial pandemia.