Acessível para as pessoas, o vlog é uma opção popular de entretenimento e informação na internet. De modo geral, os vídeos produzidos tratam basicamente de tudo, com diversos focos e temas. Os assuntos variam, desde viagens até cozinha e agora, cada vez mais, a saúde.

Vídeo blog, ou vlog nada mais é do que um blog em formato de vídeo. Ao invés de publicar textos e imagens, o vlogger ouvlogueiro, faz um vídeo sobre o assunto que deseja. Os textos assim, se tornam assim audiovisuais. Estudo recentes, já indicam como uma tendência cada vez mais presente, tanto nos veículos de comunicação como em canais autorais – onde uma pessoa cria uma conta e começa a expor suas ideias.

A relação de médico e paciente nem sempre é fácil e conseguir envolver e manter um contato direto pode ser difícil. A pesquisadora do Centro Universitário de Saúde de Indiana, Estados Unidos,  Joy L. Lee, acredita que vlogs podem ser excepcionalmente adequados para superar barreiras, principalmente em pessoas com menos de 50 anos que cada vez mais usam internet. “Dado o potencial impacto da informação online, médicos devem se familiarizar com vlogs que podem fornecer ajuda para o paciente”, afirma.

A Dr. Lee enfatiza que os médicos devem considerar vlogs de saúde como uma ferramenta para fornecer dicas e informações aos seus pacientes. “Os pacientes devem considerar vlogs como fontes dinâmicas de informação e ajuda para lidar com sua experiência, além de responder e criar perguntas que podem ser feitas para sua equipe médica”, sugere.

Pacientes também criam seus vlogs

Nos EUA, a família Frey produz o vlog The Frey Life que mostra o dia-a-dia de uma pessoa com fibrose cística. Suas postagens diárias, que começaram em 2012, atraem cerca de 15.000 visualizações por vídeo. Os temas tratados nos vídeos ajudam pessoas que estão vivenciando ou conhecem alguém que está passando pela mesma situação. Os vídeos mostram cuidados ao viajar, precauções no aeroporto e até mesmo perguntas e respostas sobre o tema.

Vlogs como Frey Life fornecem uma plataforma para pacientes com doenças crônicas e suas famílias para se conectar com outros em circunstâncias semelhantes, podendo alcançar aqueles que estão muito doentes ou isolados para participar em grupos de apoio. Esses vídeos permitem e incentivam os pacientes a se comunicar e aprender uns com os outros.

“YouTubers [como são conhecidos os vlogueiros] como os Freys estão se tornando figuras influentes na vida de muitos americanos”, disse Albert Wu, médico da Johns Hopkins Bloomberg. “Os médicos devem reconhecer que muitas vezes eles [vloggers] fazem um trabalho melhor de contatar alguns pacientes, especialmente os mais jovens, e devemos estar dispostos a adicionar vlogs para o seu kit de ferramentas terapêuticas”.

De acordo com um estudo realizado pela consultoria Nielsen, em 2015, o Youtube atinge mais pessoas na faixa etária entre 18 e 49 anos de idade do que qualquer canal de televisão, com dois terços dos usuários utilizando smartphones.

Brasil

No Brasil, o médico vlogueiro mais famoso da internet é Drauzio Varella, que por muitos anos teve um quadro fixo no programa Fantástico, da Rede Globo. Hoje, ele é muito mais presente através de seu canal, com mais de 355.000 assinantes. Dicas de saúde, respostas aos comentários e programas ao vivo são periodicamente discutidos pelo médico, também conhecido por escrever um livro sobre o presídio Carandiru, que mais tarde viraria filme de grande repercussão.

Há muitas oportunidades para a participação de pacientes e médicos, e até mesmo hospitais e clínicas – como web séries temáticas sobre doenças e assuntos relevantes para o paciente. Diferente dos EUA, o Brasil ainda não possui uma sólida produção de conteúdo audiovisual para a internet relacionados à saúde.

Profissionais de saúde, estabelecimentos/entidades e pacientes podem promover o engajamento em tratamentos ou na prevenção de uma forma muito mais dinâmica hoje em dia através destas ferramentas.