Expectativa de vida nos EUA cai pela primeira vez em 22 anos
Declínio está relacionado com o aumento do número de mortes causadas por Alzheimer e acidentesPela primeira vez desde 1993, quando a epidemia de Aids estava no auge em situação mais crítica, a expectativa de vida nos EUA registrou, em 2015, uma redução. Dados do Centro Nacional de Saúde nos EUA mostram que a expectativa de vida caiu de 76,5 anos para 76,3 anos entre os homens, de 2014 para 2015. E de 81,3 anos para 81,2 anos entre mulheres. Na média entre ambos os sexos, a redução foi de 78,9 anos para 78,8 anos.
“Apenas a expectativa de vida de idosos (a partir de 65 anos) manteve-se inalterada: com essa idade nos EUA, ainda se pode esperar viver mais 19,4 anos, em média (20,6 anos para as mulheres, 18 para os homens)”, informou o jornal francês Les Echos.
O relatório do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde é baseado nos dados dos atestados de óbito emitidos em 2015. O documento oficial não detalha os motivos para a queda da expectativa de vida ao nascer, mas especialistas citaram problemas econômicos, uso de drogas e o crescente peso da demência entre a população idosa como fatores potenciais. As mortes de oito das 10 principais causas aumentaram, incluindo os falecimentos por acidentes entre crianças e adolescentes, e óbitos pelo mal de Alzheimer entre os idosos.
Surto de Alzheimer
Enquanto na França, o aumento da mortalidade foi atribuído a eventos de saúde excepcionais (epidemia de gripe, verão quente e frio intenso em outubro), este não é o caso norte-americano. “Esta diminuição é devida
a um aumento da mortalidade causada pelo Alzheimer – de longe o maior aumento (15,7%), mas também por doenças cardiovasculares (0,9%), doença respiratória crônica (2,7%), renal (1,5%), acidentes (6,7%), AVC (3%), diabetes (1,9%) e suicídio (2,3%)”.
Outro dado que chama a atenção no relatório é que a mortalidade por câncer diminuiu no ano passado (1,7%) em comparação com 2014. Em contrapartida, o número de mortes causadas por gripe e pneumonia se manteve inalterado.
Mortalidade Incomum
Cerca de 2,7 milhões de mortes foram registradas em 2015 nos EUA, o equivalente a um aumento de 86.212 em relação ao ano anterior.
A taxa de mortalidade aumentou em 1,2%, o que representa o primeiro aumento desde 1999. “É incomum, 2015 foi diferente de outros anos”, disse o coordenador do relatório, Jiaquan Xu, um epidemiologista do Centro Nacional de Estatísticas da Saúde, que também é membro dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês). “Aparentemente houve muito mais mortes que as registradas nos últimos anos anteriores” complementou.
De acordo com um estudo publicado no final de 2015 por Angus Deaton, prêmio Nobel de Economia, a mortalidade entre norte-americanos brancos de meia-idade, que estava em declínio desde 1978, começou a aumentar nos últimos 15 anos, devido ao abuso do álcool, drogas e suicídios, sobretudo entre as populações desfavorecidas.
“Na classificação da longevidade do Banco Mundial em 2014, os EUA estavam atrás de mais de 40 países. O Japão foi o líder com uma expectativa de vida de 84 anos, seguido pela Suíça (83), França, Suécia e Canadá (82 anos) e Chile (81 anos)”, destacou o jornal francês. Serra Leoa tem a menor expectativa de vida: 50,8 anos para as mulheres e 49,3 anos entre os homens.
A tendência geral de queda, verificada nos EUA e França, contrasta fortemente com a situação no mundo, onde a expectativa de vida aumentou cinco anos entre 2000 e 2015, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a BBC, uma queda de 0,1 ano na expectativa de vida significa que as pessoas estão morrendo, em média, um pouco mais de um mês antes do que no ano anterior (ou dois meses antes no caso dos homens norte-americanos).
IBGE: Expectativa de vida no Brasil é de 75,4 anos
No Brasil, a expectativa de vida da população chegou a 75,4 anos em 2014, de acordo com dados do livro Brasil: uma visão geográfica e ambiental do início do século XXI, lançado em agosto do corrente ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A obra mostra que a expectativa de vida da população brasileira aumentou 41,7 anos em pouco mais de um século (em 1900, era de apenas 33,7 anos).
Conforme o levantamento do IBGE, essa “radical transformação do padrão demográfico corresponde a uma das mais importantes modificações estruturais verificadas na sociedade brasileira, com reduções na taxa de crescimento populacional (de 2,01% entre 1872 e 1890 para 1,17% entre 2000 e 2010) e alterações na estrutura etária, com crescimento mais lento no número de crianças e adolescentes (cujo percentual era de 42,6% em 1940, devendo chegar a 14,1% em 2050), paralelamente a um aumento da população em idade ativa e de pessoas idosas (4,1% em 1940, com projeção de 29,4% para 2050)”.