93% da população está insatisfeita com a Saúde
Dilma também entende que a saúde não se encontra em situação " razoável "Após a entrevista concedida ao Jornal Nacional, no dia 18, em que a presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição, admitiu que o sistema de saúde do país não se encontra em uma situação “minimamente razoável”, uma pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Paulista de Medicina (APM) revelou que a percepção dos brasileiros sobre a saúde e o SUS, concorda com a declaração da mais alta mandatária do país. Na opinião dos entrevistados, fila de espera, acesso aos serviços públicos e gestão dos recursos estão entre os principais problemas do setor. O estudo foi apresentado dia 19 de agosto, em coletiva à imprensa, em Brasília.
Os serviços públicos e privados de saúde no Brasil são péssimos, ruins ou regulares para 93% dos eleitores brasileiros. A sensação também é de insatisfação em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), segundo 87% da população. Essa avaliação considerada negativa pelos pesquisadores integra pesquisa inédita realizada pelo Instituto Datafolha a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Paulista de Medicina (APM).
“Trata-se de um censo que confirma o que os médicos já veem denunciando há muito tempo: a saúde não é uma prioridade de governo. O grau de insatisfação é emblemático e aponta o desejo da população por mudanças profundas na condução dos rumos do país. Essa pesquisa deve gerar a reflexão na sociedade sobre os caminhos a se tomar”, afirmou o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Ávila.
Outro dado apresentado na coletiva e que chama a atenção é o de que entre 2001 e 2012, o Ministério da Saúde deixou de aplicar quase R$ 94 bilhões de seu orçamento para a saúde. Significa dizer que a União deixou de gastar, por dia, R$ 22 milhões que deveriam ser destinados à saúde pública. A gestão do SUS e a baixa capacidade de execução das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também se destacam. De acordo com análise do CFM, divulgado em março deste ano, apenas 11% das ações previstas para a área da saúde foram concluídas desde 2011, ano de lançamento da segunda edição do programa. Das 24.066 ações sob responsabilidade do Ministério da Saúde ou da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) pouco mais de 2.500 foram finalizadas até dezembro do ano passado.
Segundo os cálculos da OMS, enquanto no Brasil o gasto público em saúde alcançava US$ 512 por pessoa, na Inglaterra, por exemplo, o investimento público em saúde já era cinco vezes maior: US$ 3.031. Em outros países de sistema universal de saúde, a regra é a mesma. França (US$ 3.813), Alemanha (US$ 3.819), Canadá (US$ 3.982), Espanha (US$ 2.175), Austrália (US$ 4.052) e até a Argentina (US$ 576) aplicam mais que o Brasil.