Geral | 1 de julho de 2016

2 de julho: Dia do Hospital

Data homenageia instituições que são pilares para a saúde e bem-estar da sociedade
2 de julho - Dia do Hospital

O Dia do Hospital é celebrado, no Brasil, em 2 de julho, por força de decreto do então presidente Janio Quadros, em 1961, e que faz referência à fundação da Associação Brasileira de Hospitais ( ABH), ocorrida em 1948, a mais antiga entidade nacional de representação do setor hospitalar brasileiro. A data também constitui uma homenagem a todas as instituições e profissionais da saúde, que se dedicam ao próximo, trabalhando em um setor fundamental para a manutenção e recuperação da saúde dos cidadãos e para o bem estar da sociedade.

A origem do hospital

A palavra “hospital” vem do latim “hospitalis” – ser hospitaleiro, acolhedor –. Registros históricos indicam que o embrião daquilo que se tornaria uma instituição hospitalar surgiu em 431 a.C., onde hoje localiza-se o Sri Lanka. Dois séculos depois, na Índia, foram construídos locais para recuperação de enfermos, mas os tratamentos eram mais relacionados ao ocultismo. Foi só por volta de 100 a.C. que os romanos introduziram na Europa os “valetudinarium”, instalações destinadas aos cuidados de feridos em guerras, mais semelhantes aos hospitais atuais.

No entanto, muitos estudiosos acreditam que os primeiros locais semelhantes a hospitais surgiram milênios antes. Existem pinturas datadas de 2920 a.C., em uma região localizada entre a Galileia e a Judeia, que sugerem um possível local de cura de guerreiros, que tinha como objetivo principal cuidar de feridos de guerra.

A definição de “hospital”, segundo o Ministério da Saúde, diz que trata-se da “parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente”.

No Brasil, os registros históricos apontam a Santa Casa de Misericórdia, localizada em Santos e fundada originalmente pelo fidalgo português Braz Cubas, em 1º de janeiro de 1545, como a primeira instituição hospitalar brasileira.  Na época, não havia médicos para atuar no local e os encarregados de cuidar dos enfermos eram os sacerdotes e irmãos leigos jesuítas. Foi só em 2 de julho de 1945, Dia do Hospital,  que o atual prédio da Santa Casa de Misericórdia de Santos foi inaugurado com uma nova estrutura, constituindo-se, ainda hoje, uma das maiores do país.

Atualmente, o Brasil possui quase sete mil hospitais, e centenas deles possuem certificação de excelência internacional e nacional, concedidos por organismos certificadores nacionais ( ONA) e internacionais (Joint Commission International – JCI).

HOSPITAIS DO BRASIL

Municipais: 21%

Estaduais: 8%

Federais: 1%

Privados: 70%

Total: 6.657

FONTE: CNES – JUN/2016

A Organização Nacional de Acreditação (ONA), entidade não governamental e sem fins lucrativos que certifica a qualidade de serviços de saúde no Brasil, com foco na segurança do paciente, aponta para 251 hospitais acreditados. Acreditação é o sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde.

Realidade nacional

Um estudo divulgado em maio pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que o Brasil perdeu 23.565 leitos hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos cinco anos. Entre 2010 e 2015, o número caiu de 335.482 para 311.917 (pouco mais de 7%).

Segundo a entidade as áreas mais críticas, cujas vagas para internação tiveram grande baixa, são: psiquiatria, obstetrícia, pediatria e cirurgia geral. No caso da psiquiatria, a queda foi de 27,9% – de 38.713 para 27.912. As maiores quedas ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro (22% leitos a menos), Sergipe (20,9%), Distrito Federal (16,7%), Paraíba (12,2%), Goiás (11,5%) e Acre (11,5%). Ao todo, 19 dos 27 (inclusive DF) perderam leitos.

Número de leitos no SUS por região:

2010 2015
Norte 24.677 24.164
Sul 53.338 52.145
Nordeste 101.158 117.173
Sudeste 130.259 117.173
Centro-oeste 26.050 24.224

Fonte: CNES – JUN/2016

O levantamento anterior, de 2014, mostrava 14 mil unidades a menos. Isso significa que, desde então, outros quase 10 mil leitos foram fechados. Por outro lado, as UTIs da rede pública passaram de 33.425 para 40.960 leitos no mesmo período, um aumento de 22,5%. Mas, conforme o CFM, os leitos públicos de UTI estão mal distribuídos e são insuficientes para atender a população brasileira. Dos 5.570 municípios brasileiros, 5.065 não tinham leitos (públicos ou privados) de UTI. Uma reportagem do portal Globo divulgou que, das 27 unidades da federação, 19 têm menos leitos de UTI na rede pública do que o recomendado pelo Ministério da Saúde.

O CFM, usando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), comparou o número de leitos no Brasil e em outros países. Os 2,3 leitos para cada 10 mil brasileiros (período de 2006 a 2012), estão dentro da média da América, mas abaixo da média mundial, que é de 2,7. Entre países com números elogiáveis neste quesito estão Argentina (4,7), Espanha (3,1) e França (6,4).

Tércio Kasten, presidente da CNS: “Ato de Resistência”

O presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), principal entidade nacional de representação dos estabelecimentos de saúde, Tércio Kasten, publicou artigo em que salienta o “Ato de Resistência” do setor. Segundo ele, a CNS está “na trincheira” de defesa do SUS há 20 anos. “A CNS representa 270 mil estabelecimentos prestadores de serviços à saúde, privados com ou sem fins lucrativos. Quando a Tabela de Procedimentos médico-hospitalares do SUS foi congelada, há duas décadas, e os repasses do governo para atendimentos pelo SUS passaram a não cobrir sequer os custos de receber os pacientes, nossos gestores não fecharam as portas dos hospitais”.

“Pois os hospitais privados e filantrópicos estão no front de batalha, não nos gabinetes. Em alguns estados, respondemos por até 70% de todos os atendimentos pelo SUS. Nossas equipes não mandam cidadãos doentes ou em perigo de vida de volta para casa”.

Veja o artigo na íntegra: www.setorsaude.com.br/artigo-ato-de-resistencia

Mesmo com todas as dificuldades, Dr. Tércio Kasten reitera que há, sim, motivos para comemorar o Dia do Hospital. “Não faltam hospitais no Brasil, embora falte custeio daqueles que estão abertos. Não falta eficiência, embora faltem recursos. Não falta capacidade de gerenciamento de crise, embora a crise se aproxime da catástrofe. Em tudo estamos instruídos, como disse São Paulo Apóstolo. E esperamos por uma política nacional de saúde que não se omita ou desvirtue no mero cumprimento burocrático dos orçamentos, mas se comprometa com a vida”.

“Dos gestores hospitalares associados à CNS, corajosamente entricheirados na resistência, combatendo o bom combate, recebemos esta valiosa esperança: de que liderar pelo exemplo não é uma das maneiras de liderar. É a única”, encerra o artigo.

Veja a homenagem da CNS e seus sindicatos filiados aqui

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