Qualidade Assistencial | 25 de abril de 2014

Um credo de compromissos para o dirigente que deseja prestar um atendimento de saúde de alto valor

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Os gestores das organizações de saúde trabalham, constantemente, sob a implacável força ascendente dos custos do atendimento de saúde para os indivíduos, empregadores, operadoras de saúde e governo. O setor saúde, tradicionalmente estruturado a partir de iniciativas humanitárias e ações predominantemente amadoras, tornou-se complexo, e isso tem impelido à profissionalização dos gestores para dar conta das múltiplas demandas e obter melhores resultados assistenciais e financeiros.

Em tudo existe um potencial para melhoria, o que não é diferente para as organizações de saúde. Estima-se que a média de desperdício no setor gira em torno de 30%, o que indica um dilatado espaço de oportunidades, assim como o imperativo urgente de uma ação transformadora. Substituir práticas e procedimentos que desperdiçam recursos, por condutas reconhecidamente efetivas e eficientes, não é uma opção do setor, mas uma exigência reclamada pela sociedade.

Em 2012 o Instituto de Medicina dos EUA editou um relatório no qual listou 10 itens estratégicos, que na experiência de vários dirigentes hospitalares, seriam efetivos e essenciais para a melhoria da qualidade e redução dos custos. Eles foram divididos em quatro grupos (Quadro 1):

a) Elementos básicos;

b) Fundamentos de infraestrutura;

c) Prioridades da prestação do atendimento;

d) Confiabilidade e retorno.

Esses grupos sintetizariam as oportunidades básicas para melhorar o valor do atendimento nas organizações de saúde.

O documento do Instituto de Medicina propõe que o rol estratégico seja utilizado como um credo de compromissos, destacando que cada componente seja tão vital quanto as listas de verificação rotineiramente empregadas pelos pilotos quando, diante de situações adversas de voo, precisam agir rapidamente.

Os elementos do rol estratégico são necessários para a obtenção de um atendimento de alto valor, mas insuficientes para o alcance do pleno potencial das organizações de saúde. Forças externas como incentivos econômicos que recompensam volume em detrimento do valor, acesso desigual da clientela aos serviços que necessitam, além de requisitos normativos que sobrecarregam os profissionais de saúde, podem constituir-se em barreiras à transformação produtiva. Seja como for, esses fatores não devem obscurecer os ganhos substanciais que podem ser alcançados nas organizações de saúde a partir das ações internas dos gestores.

Quadro 1: Lista de elementos essenciais para prestar um atendimento de saúde de alto valor.

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Fonte: Adaptado de Cosgrove, D et alli. A CEO Checklist for High-Value Health Care. IOM Roundtable on Value & Science-Driven Health Care, Institute of Medicine, 2012.

O conhecimento de gestão, contrariando o habitual posicionamento que destaca os médicos e enfermeiras como agentes centrais do atendimento de alto valor, aponta que essa responsabilidade deve incidir sobre o principal Dirigente e os membros da Diretoria. Estes são os responsáveis tanto pela saúde financeira quanto pela qualidade do atendimento prestado, e representam a parte mais visível de uma cultura da melhoria contínua e do atendimento de alto valor.

A infraestrutura é o fundamento que viabiliza a prestação do atendimento de alto valor. Tão essenciais quanto a governança e a cultura da melhoria contínua, as condições estruturais e gerenciais criam o ambiente apropriado para a prestação de serviços orientado pelo perfil epidemiológico da clientela, de forma integrada e com tomada de decisão compartilhada entre os que prestam e os que recebem os serviços assistenciais. Adicionalmente, a atenção dos gestores em apoiar e induzir medidas que reduzam danos assistenciais e outros prejuízos, e assumir uma atitude de transparência em relação ao desempenho, resultados e custos, representam iniciativas que contribuem positivamente para o alcance de melhores resultados para as organizações de saúde e para a população assistida.

É responsabilidade dos gestores melhorar a prestação do atendimento de saúde nas organizações de saúde. Os profissionais da linha de frente dependem deles para prestarem uma assistência qualificada, confiável e humana.

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