Sem categoria | 24 de setembro de 2018

Pensar em eleições 

Pensar em eleições

O profissional de Laboratório Clínico, não importa a sua formação, foi moldado para ser um técnico na realização de procedimentos laboratoriais, sempre consciente da importância do seu trabalho e o seu real significado ao diagnóstico clínico.

Tínhamos e temos somente a visão voltada para o interior do laboratório, sempre buscando a excelência técnica, a qualidade total e esquecíamos que todas essas ações, todas fundamentais, estavam, cada vez mais, com os  seus  custos em elevação constante.

Num determinado momento todos, sem exceções deram-se conta de que um ciclo da maior importância havia terminado e que soluções drásticas deveriam ser criadas e utilizadas de imediato.

Muitas ações foram encetadas (iniciadas), que começaram pelo encerramento de atividades de alguns laboratórios ou atitudes drásticas de redução de custos e qualidade, concorrências predatórias, fusões e aquisições.

Só não se cogitou em promover parcerias no lugar de concorrência.

Foi neste momento que as corporações laboratoriais existentes no país, através de reforços financeiros oriundos de abertura de capital, fundos de investimentos, associações com grupos do exterior passaram a reduzir seus preços. Algumas também aqui aportaram e outras estão em viagem. Desta forma, terceirizar todo o serviço tornou-se um atrativo. Muitos estabelecimentos laboratoriais encerraram as suas atividades técnicas e foram transformados em postos de coleta.

Entretanto, essas mesmas corporações, ao encontrar dificuldades na manutenção dos preços baixos, não obstante suas capacidades econômicas, passaram de forma singela e discreta a reajustar seus preços  e também atuar de maneira concorrencial aos seus apoiados. Adquiriram inúmeros laboratórios, colocaram mais postos de atendimento e desta forma conseguiram elevar de forma palpável seus “tickets médios”. Portanto aqueles laboratórios que num momento inicial tiveram a terceirização de seus serviços como um bom negócio  já não podem ter mais esta visão. Os preços iniciais já não tem o mesmo atrativo e, como premio de consolação,  foram contemplados com concorrentes de peso, muito perto de suas portas.

Essa é mais umas das óticas pelas quais  se poderia apresentar de forma cristalina a situação econômica, financeira e técnica do segmento laboratorial. Outros poderiam ser citados também, tais como congelamentos de honorários, extorsão tributária, exigências legais de regulação – todas cabíveis e necessárias, mas sem chance de serem aplicadas ao setor neste momento .

Quem pode, estando de fora, entender e avaliar o nosso setor?

Sempre me perguntei a que ponto deveremos chegar ou alcançar no trato, compreensão, e envolvimento com as questões de políticas públicas.

Quase sempre a impressão em relação aos colegas que buscavam envolvimento em carreiras políticas era vista com reservas por mim e pela maioria. A carreira política sempre foi o alvo principal de muitos aproveitadores que sempre buscaram o proveito próprio, em detrimento do bem coletivo.

Quantos representantes temos nos diversos setores que representam os parlamentos municipais, estaduais ou federais?

Quase ninguém.

E aqueles que lá estão ou foram eleitos por outros setores não nos representam, ou de forma ideológica não concordam com a presença de serviços privados no setor saúde. Preferem os públicos, mesmo com as suas notórias deficiências (raras exceções, a parte).

Tem sido muito citada e comentada a indispensável presença do segmento laboratorial nos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde. Entretanto ainda é muito pouco.

É chegada a hora de forjarmos lideranças jovens, idealistas e lutadoras que possam ter acesso e galgar cargos públicos eletivos e estarem presentes e, a todo momento, garimpar situações de melhoria do setor.

Temos que ter o convencimento, de forma definitiva, que àqueles políticos tradicionais a quem dirigimos nossos votos eleitorais e eventualmente até recursos de campanha não estão a nos servir. Não podemos mais ter compromissos eleitorais com quem não nos representam de maneira clara e expressa.

Urge que o setor laboratorial apresente seus candidatos agora, nestas eleições.

Somos muito mais valiosos, importantes e fundamentais do que a reciprocidade que nos é oferecida.

Mais adiante será muito tarde.

 

IRINEU GRINBERG

Ex Presidente da SBAC

Diretor de Lab-Farm Consult

irineugrinberg@gmail.com

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