Gestão e Saúde | 9 de dezembro de 2012

Tecnologia da Informação na Segurança do Paciente e na Sustentabilidade da Organização

Tecnologia da informação

Tenho a convicção de que na área de gestão de empresas e organizações sem fins lucrativos, a teoria de Kaplan e Norton, destacada em suas principais obras Mapas Estratégicos, Alinhamento e Execução Premium, representam uma visão inovadora e diferenciada da forma como temos que gerir nossas organizações.

Na visão teórica de Norton e Kaplan, o resultado financeiro de hoje é consequência do sucesso no passado na relação de satisfação e fidelização dos clientes. Quando procuramos novamente uma empresa fazemos porque nossa experiência com os produtos ou serviços consumidos foi exitosa. Esta experiência ocorre no momento em que o cliente interage com os processos e rotina. Uma organização de sucesso é aquela que consegue ter um padrão de processos e rotinas de excelência, que entregam aos clientes o valor integral de seus produtos e serviços.

Kaplan e Norton afirmam que a forma de sucesso para obtermos excelência em processos e rotinas está na competência das pessoas que integram a equipe, e na sustentação e inovação que a tecnologia de informação proporciona na qualificação dos processos críticos.

Importante enfatizar a importância estratégica que a tecnologia da informação possui hoje na construção do diferencial de uma organização. Em resumo, processos e rotinas sustentadas por sistemas inteligentes de informações permitem que a experiência dos clientes em processo e rotinas supere as expectativas dos mesmos, que se fidelizem à organização, voltando e consumindo produtos e serviços que impactem na alavancagem do resultado financeiro da organização.

Na área Hospitalar esta situação se repete todos os dias, com um agravante importante, a segurança e eficácia de nossos sistemas de TI contribuem para o desfecho de um tratamento, podendo, inclusive, ser um diferencial na cura dos pacientes.

Cito dois exemplos desta contribuição:

1. O processo de medicação é considerado um dos mais críticos nas organizações de saúde. Temos poucos hospitais no Brasil que possuem um processo completamente informatizado que começa na prescrição informatizada, dispensação através de armários eletrônicos – que abrem somente a gaveta do medicamento prescrito pelo médico, acesso online à base de dados internacionais com forma de subsidiar a decisão médica e da farmácia clínica, processo inteligente de aprazamento definindo os horários adequados para o ministro do medicamento, e principalmente, na hora da realização da medicação com a utilização de um leitor eletrônico (palm) que assegure que o paciente certo está recebendo a medicação certa na hora certa.

2. Quando um grupo médico-assistencial, após um profundo estudo teórico baseado nas melhores práticas e na medicina baseada por evidência define um protocolo clínico, o desafio passa a ser o de incluir no sistema de informática da Instituição, uma forma eletrônica para que a solicitação de exames, de medicamentos e de  procedimentos sejam automaticamente emitidos pelo sistema como forma de assegurar o cumprimento do protocolo.

Estes dois exemplos são, entre muitos, formas de contribuição da tecnologia da informação no tratamento eficaz de nossos pacientes, podemos citar também formas inteligentes de acesso ao sistema de saúde, sistemas integrados de informações dos pacientes evitando a repetição de exames e erros diagnósticos. Nossa experiência como gestor hospitalar permite afirmar que não temos no Brasil, hoje, um sistema informatizado que assegure a proteção plena do paciente na segurança de processos e rotinas. Temos a convicção que este é o desafio para os próximos anos e que teremos que em no máximo cinco anos passar por uma revolução na saúde, decorrente do uso inteligente da tecnologia da informação no tratamento e na garantia da segurança dos pacientes nas organizações de saúde.

No dia 9 de novembro, no Hotel Deville em Porto Alegre, o Sindicato das Empresas de Informática no Rio Grande do Sul – SEPRORGS – realizou o evento Mesas TI onde realizei a palestra com o Tema Tecnologia da Informação na Segurança do Paciente e na Sustentabilidade da Organização. Neste evento também tivemos um debate com o Antônio Pires, CIO da UNIMED POA, Ricardo Sahlberg, CIO do Hospital Mãe de Deus e Maria Luiza Malvezzi, CIO do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

  • Carlos

    Torelly é um grande profissional, tive aula com ele e como professor é igualmente excepcional, parabéns pelo belo texto.

  • Cláudio

    Recente pesquisa indicou que mais de 60% dos hospitais brasileiros não estão informatizados. Isto significa mais de 4 mil hospitais brasileiros. Assim, a manifestação do blogueiro Torelly linkando gestão em saúde e TI é muito oportuna e deve merecer a melhor das atenções dos executivos das instituições de saúde. Cumprimentos!

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