Gestão e Saúde | 23 de setembro de 2013

Prioridade na Agenda do Gestor em Saúde – Qualidade Médico-Assistencial e Segurança do Paciente

Qualidade Médico Assistencial e Segurança do Paciente

O momento da saúde no Brasil e no Rio Grande do Sul passa por significativos desafios. O tema central das discussões na sociedade é a qualidade dos serviços prestados nos postos e hospitais que atendem ao SUS. Discute-se também a falta de médicos em regiões carentes e o polêmico projeto Mais Médicos, com a importação médicos de outros países.

Na saúde privada vivemos um significativo crescimento de beneficiários de planos de saúde. Nos últimos 10 anos, a população de Porto Alegre teve um pequeno aumento e os beneficiários de planos de saúde passaram de 28% para 49% do total de moradores da Capital. Neste percentual, devem ser acrescidos os beneficiários do IPE. Ou seja, em Porto Alegre há mais habitantes com planos de saúde do que beneficiários exclusivamente do SUS.

Neste período constatou-se a redução de leitos na rede privada da cidade em vários hospitais, como o Hospital Independência e o Hospital Álvaro Alvim, que passaram a atender apenas ao SUS.

Os temas centrais das atuais discussões da área da saúde são:

– o acesso a serviços qualificados;

– o financiamento do sistema público;

– a gestão hospitalar.

É preciso vencer esta etapa. Por mais importante que sejam estes temas, é preciso qualificar a agenda incluindo temas que fazem parte da pauta internacional de melhoria da qualidade médico-assistencial e segurança do paciente. Eventos promovidos pelo Institute for Heathcare Improvement-IHI em vários lugares do mundo estão mobilizando as lideranças do segmento saúde para a construção de uma estratégia focada na qualidade médico-assistencial e segurança do pacientes.

Cito alguns itens que fazem parte desta pauta:

– Novas formas de abordagem para que as organizações trabalhem na promoção e analise de eventos adversos graves como queda de paciente, erros e medicação e outros;

– Fortalecimento dos processos de acreditação;

– Estratégias de envolvimento e qualificação da equipe médica e assistencial nas ações de promoção da segurança do paciente, como por exemplo, a lavagem de mãos e a realização de time-out no processo de cirurgia segura;

– Criação e divulgação de indicadores de desfecho para as principais patologias permitindo a sociedade que compare os resultados das organizações hospitalares;

Estes temas e muitos outros fazem parte da pauta principal que deve ser seguir nas organizações. Os gestores, tanto da área administrativa como assistencial, devem ser avaliados através de indicadores de sustentabilidade e também pelos resultados dos processos de qualidade e segurança do paciente. É preciso se engajar no movimento mundial por uma saúde com mais qualidade e por processos mais seguros para os pacientes. É importante refletir se está sendo dedicado o tempo necessário para esta nova pauta estratégica.

Tenho a convicção que nos próximos anos o tema qualidade e segurança do paciente será o principal diferencial estratégico de nossos hospitais e a condição primordial para a sustentabilidade para o modelo de negócio.

Qualidade assistencial e segurança do paciente não é um tema somente dos médicos e da equipe assistencial. Nós, gestores administrativos, financeiros e comerciais, devemos estudar e aprofundar nosso conhecimento neste tema. Ele é necessário e será o diferencial dos Hospitais em um novo ambiente, com mais competição.

  • Carlos

    Dr. Torelly, acho,que estás a um nível acima do que exigimos atualmente em proteção e atenção ao cliente da saúde, sei de exemplos do Einstein em sp, até mãe de deus, mas creio, pois fui seu aluno, que devemos discutir muito mais as questões de segurança do paciente, já que a “estadia” em um hospital muitas vezes é uma condição especialmente decisória na vida de uma pessoa, e todos que estão a sua volta devem, por amor à consideração humana, lembrar que, mesmo que as funções sejam mecanizadas por processos, sejam eles nacionais ou internacionais, e válidas para a conquista da qualidade, buscar a paixão pela atenção, a busca pela conquista de indicadores sim, mas muito mais pela satisfação de usar o seu tempo, o seu trabalho na conquista de uma recuperação, um momento especial, que é ver uma família sair abraçada e consciente de que a vida é única e que o momento de tensão serviu para alertar que os segundos são preciosos….

  • Marco Antônio Macerata

    Bom dia!

    O que o Sr. acha do comentário de Clayton Christensen, em “The innovator’s prescription: a disruptive solution for health care – 2009”:
    “O problema básico que enfrentamos não se restringe ao campo da saúde: a melhoria da qualidade, dos custos e da acessibilidade é uma questão que tem marcado presença na história de diversos setores.Nesses outros casos, foram inovações de ruptura que transformaram produtos e serviços caros e complexos em itens simples e disponíveis.O processo exigiu três capacitadores – tecnologia, modelo de gestão e rede de valor.No caso da assistência à saúde , a situação não é diferente.”

    Macerata

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