Acreditação | 20 de agosto de 2013

Atitude dos Profissionais de Saúde diante da Acreditação

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A acreditação, como um procedimento que busca identificar se as organizações de saúde cumprem determinados padrões pré-estabelecidos de desempenho relacionados com a qualidade da prestação e segurança do paciente, situa-se no âmbito da gestão de serviços, assunto que a maioria dos profissionais de saúde da área assistencial possui escasso conhecimento.

Consequentemente, a opinião deles orienta-se para os efeitos do que eles entendem – a qualidade e a segurança do atendimento de saúde em si -, e não propriamente para as condições e processos que favorecem ou contribuem para o mesmo. Aliás, amiúde os profissionais de saúde reclamam ferozmente das deficiências, falhas e lacunas organizacionais que dificultam ou prejudicam o atendimento qualificado e seguro. Têm dificuldade de perceber, no entanto, que as correções das mesmas não dependem exclusivamente do esforço pessoal, mas da apropriada aplicação de técnicas de gestão.

Para efeito de exposição, serão apresentados comentários sucintos sobre a atitude de grupos profissionais selecionados com relação à acreditação de organizações de saúde.

Profissionais de saúde em geral

De maneira geral são céticos, senão desconfiados, quanto à acreditação. Muitos consideram uma iniciativa desnecessária, burocrática, excessivamente exigente e onerosa. É provável que essa apreciação desfavorável decorra do fato de não terem o hábito de verem suas atividades avaliadas com base em padrões, mas em opiniões pessoais alicerçadas na experiência. É interessante notar, contudo, que alguns profissionais da ponta e da base ponderam que a acreditação seja uma etapa necessária na evolução de suas instituições. Intuem que o processo é abrangente, alcança todos e promove mudanças significativas na estrutura e funcionamento das organizações de saúde.

Médicos

Os médicos usualmente desconhecem o que seja acreditação e muito menos se interessam por ela. É irônico que os primeiros passos para uma efetiva acreditação tenham começado com o empenho do Dr. Ernest Codman, cirurgião de Boston (EUA), que reclamava das precárias condições dos hospitais da época.

Alguns médicos opinam, com argumentos contundentes, que a acreditação atrapalha, ao invés de ajudar, a melhoria do atendimento de saúde prestado, e levantam questões sobre a forma como são medidos os processos e resultados. Em contrapartida, há outros que são favoráveis e efetivamente colaboram com o processo, porque veem a oportunidade para que os serviços se tornem melhores e inclusive, tenham orgulho do local onde trabalham.

 Enfermeiros

Os enfermeiros, como grupo, são os que mais rapidamente captam que a acreditação trará melhorias significativas nos serviços de saúde. Rapidamente procuram atender os requisitos de qualificação. É comum assumirem funções de coordenação de programas de qualidade e preparação para acreditação. São, portanto, os profissionais que primeiro se destacam nas ações corretivas e de melhoria para o cumprimento dos padrões estabelecidos pela acreditação.

Gestores e Proprietários de Organizações de Saúde

Gestores e proprietários de organizações de saúde possuem opiniões contraditórias em relação à acreditação. Uns duvidam que os benefícios valham o custo e o valor das exigências de tempo e esforço pessoal. Outros se interessam por ela como um instrumento de marketing – que pode fortalecer a marca institucional e facilitar negociações com fontes pagadoras -, todavia poucos a consideram como um meio de melhorar a gestão e tornar as organizações de saúde mais eficientes. Essa duplicidade de julgamentos incomoda os profissionais de saúde que atuam na ponta do sistema, em particular os médicos e, consequentemente, serve para fortalecer o ceticismo e diminuir o valor da acreditação.

Operadoras de Planos de Saúde

As operadoras de saúde posicionam-se favoravelmente em relação à acreditação. Julgam que as organizações acreditadas oferecem serviços mais qualificados e mais seguros para os seus beneficiários, embora observem que somente o status de acreditado não seja a garantia dessa condição desejável.

Concluindo, os grupos profissionais selecionados possuem opiniões favoráveis e desfavoráveis sobre a acreditação. Os profissionais de saúde, em particular os médicos, precisam ser convencidos sobre os benefícios da acreditação para a melhor qualificação do atendimento prestado aos pacientes e familiares. A ideia de um processo oneroso só se dissipará com uma rigorosa avaliação da análise custo-benefício que ainda falta, mas tem-se observado que as organizações acreditadas tendem a ter uma elevação das receitas.

A acreditação, ao melhorar o processo de atendimento dos serviços de saúde e os resultados clínicos de uma ampla variedade de condições já evidenciadas, afirma a qualidade dos serviços, as boas práticas e facilita um comprometimento saudável dos colaboradores em todos os níveis das organizações de saúde acreditadas.

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