Qualidade Assistencial | 1 de julho de 2013

Equívocos do Processo de Acreditação de Organizações de Saúde

Equívocos do Processo de Acreditação de Organizações de Saúde

A acreditação, nacional ou internacional, é um processo através do qual uma instituição acreditadora avalia e reconhece que uma organização de saúde atende a determinados padrões pré-estabelecidos. Estes padrões, elaborados com base em um consenso técnico orientado pelo foco no cliente, objetivam encorajar o contínuo esforço de melhoria da qualidade dos serviços e da segurança do paciente. O cumprimento desses padrões exige tempo, esforço e persistência. E também recursos financeiros. A medida de dispêndio de energia dependerá do estágio de desenvolvimento organizacional no qual se encontra a organização de saúde: quanto mais incipiente, mais demorado, dispendioso e desgastante será o processo de obtenção do status de instituição acreditada.

Há dirigentes de organizações de saúde que consideram a acreditação como mais um tipo de certificado a ser adquirido. Pensam que podem obtê-lo em curtíssimo espaço de tempo, que podem “compra-lo” (como existem alguns certificados no mercado). Esse equívoco desqualifica a autêntica importância da acreditação, tanto para os colaboradores quanto para os clientes/pacientes e público em geral. A acreditação precisa ser entendida como um compromisso institucional que dignifica todos os membros da organização de saúde.

As organizações de saúde acreditadas são avaliadas periodicamente, ou seja, no período de validade do certificado recebido e na sua revalidação. É, portanto, uma atividade contínua na qual se espera que haja ao longo do tempo, em alguma escala, avanços nas estruturas, processos e resultados. É justificado o orgulho dos dirigentes e colaboradores que trabalham em organizações de saúde acreditadas. Eles possuem a vivência de que o atendimento aos requisitos dos padrões não se resume a uma atividade mecânica, mas um empenho genuíno em busca da perfeição que não tem fim.

Preparar-se para a próxima visita de recertificação não se configura como um ato burocrático, mas como uma oportunidade de análise crítica dos aspectos que tiveram melhorias, dos que não evoluíram ou até regrediram. A acreditação não é um exame, mas um instrumento de gestão. Aqueles que consideram a acreditação primariamente como uma ferramenta de marketing, ainda não entenderam a relevância da qualidade e da segurança no atendimento de saúde.

A acreditação é um processo contínuo da qualidade, não um fim em si mesmo. Consequentemente, a menos que o uso dela traga resultados clínicos e operacionais favoráveis, a sua utilidade é limitada para fins de marketing. O verdadeiro valor da acreditação se localiza no seu potencial para melhorar a qualidade e a segurança do atendimento prestado aos clientes/pacientes. Ela necessita produzir um impacto na assistência, como por exemplo, reduzir a taxa de infecção hospitalar, diminuir o tempo médio de permanência, aumentar a satisfação dos clientes/pacientes, obter melhores resultados assistenciais, e assim por diante. O impacto positivo é que deve ser utilizado como material de marketing, e não a certificação em si. É a obtenção de resultados clínicos excelentes que produzirá maior atração de novos pacientes, assim como de profissionais altamente qualificados e fornecedores, além do reconhecimento público como um local de excelência.

Há um sentimento geral de que a acreditação internacional é melhor que a nacional. Na verdade a metodologia é similar e os padrões são parecidos. A questão, portanto, não reside no fato de ser uma melhor que a outra. A diferença se encontra na estratégia institucional preconizada. Devido à amplitude da variedade do desenvolvimento organizacional predominante no país, seria recomendável escolher primeiro a acreditação nacional e, na sequência, a internacional.

A acreditação representa, na atualidade, um avanço na sustentação e melhoria da qualidade e segurança no atendimento de saúde. Utiliza-la primariamente como uma estratégia de marketing é uma decisão que diminui a qualificação do processo em si e, em alguma medida, pode contribuir para desgastar a confiança dos clientes/pacientes e da comunidade em geral. São, por conseguinte, os efeitos da acreditação como substrato que precisam ser valorizados e expostos publicamente.

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