O papel do enfermeiro e a compreensão pela sociedade de sua função
Como profissional enfermeiro há 36 anos exercendo no mercado a prática da gestão e do ensino, participante ativo junto às instituições representativas da classe, por entender que é por meio delas que conseguimos ter o respaldo profissional e político, e hoje, como Presidente da Associação Brasileira de Enfermagem seção Rio Grande do Sul, estou colocando em prática os meus ideais. Tomo a liberdade de expressar algumas ideias, compartilhar algumas reflexões sobre esta nossa importante profissão, pela qual sempre fui apaixonada.
Vejo que estamos em um bom momento, que estamos despertando, e nós mesmos estamos nos dando conta do quão importante é o nosso papel na construção de políticas públicas voltadas para o fortalecimento de práticas assistenciais mais seguras e dignas. Também nos damos conta de que passamos a vida toda aprendendo, investindo no aprimoramento dos nossos conhecimentos, liderando, coordenando, orientando, supervisionando e avaliando a equipe de enfermagem, na busca do desenvolvimento de uma assistência humana e de qualidade.
Pesquisamos muito na busca das melhores práticas, da melhor estrutura, dos melhores equipamentos, dos recursos materiais mais adequados e seguros e, principalmente, investindo na formação de profissionais de enfermagem para que sejam cada vez mais preparados para o exercício de sua prática. Está cada vez mais evidente para nós o quanto trabalhamos em prol do paciente, o quanto do nosso fazer é voltado para defendê-lo, preservá-lo, acalentá-lo, atendê-lo em todas as suas necessidades. Somos, sem sombra de dúvida, nós, os enfermeiros, os primeiros advogados do paciente na defesa de suas causas. Está clara para nós essa prática que assumimos com muita abnegação. Para eles, pacientes, como está este entendimento? Têm compreensão do nosso trabalho? Sabem destacar o enfermeiro da equipe? Podemos dizer que conhecem algumas de nossas virtudes, mas conhecem o nosso saber científico e nossas competências técnicas? E seus familiares, o que conhecem do nosso trabalho? E a sociedade tem conhecimento das nossas práticas? Sabe quem somos e o que fazemos? Já paramos para pensar e responder essas questões? Se já fizeram isso, o que estão fazendo para mudar?
Estamos ganhando confiança por parte dos usuários em algumas áreas de atuação, mas sem o entendimento real do nosso trabalho. É um paradoxo um tanto maluco “onde eu confio em você, mas não entendo o que você faz”, afirma Suzanne Gordon, jornalista dos EUA que abraçou a causa da enfermagem, e vem fazendo essas reflexões no mundo todo.
Reflexões estas que Suzanne nos deixou no 64º Congresso Brasileiro de Enfermagem, que ocorreu em Porto Alegre no dia 29 de outubro, em sua palestrante magna que teve como Tema proposto “Empoderamento da Enfermagem na Aliança com o Usuário”. O objetivo é claro e vem confirmar o que sempre acreditei e acredito: se nós, profissionais enfermeiros, não nos valorizarmos e mostrarmos para a sociedade o nosso valor – o real papel que desempenhamos no exercício da nossa prática – o paciente e a sociedade não entenderão o que fazemos. Sem este entendimento, como vão nos defender nas nossas lutas? Não vão valorizar nosso trabalho.
Temos que aprender a fazer o marketing da nossa prática. Temos que aprender a vender a nossa imagem. Deixar de ser a figura do “anjo de branco”, para ser a figura do profissional seguro que sabe qual é o seu espaço no mundo da saúde e na equipe multiprofissional. Temos que ocupar nossos espaços com conhecimento e competência. Com certeza somos capazes, basta sair do silêncio e agirmos com seriedade e sabedoria.
Prof. Enf. Teresinha Valduga Cardoso
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Fabiana Boldrini
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Claudio