Arquitetura Hospitalar | 9 de dezembro de 2012

Congresso ABDEH e os investimentos em saúde

Congresso ABDEH e os investimentos em saúde

Caros amigos, profissionais arquitetos e da área da saúde.

Abre-se aqui no portal Setor Saúde mais um canal de comunicação sobre as questões da Arquitetura e Saúde e, com este blog, Ambientes de Saúde, iniciamos com contribuições recíprocas a questões que nos tangenciam diretamente.

Como usuários ou como assistentes deste cenário de discussões, as edificações hospitalares passam por contínuas transformações, evolução, adaptações fundamentais às necessidades de atenção à saúde e ao que é possível oferecer como abrigo a estas funções. Não podemos passar incólumes à importância que o ambiente pode oferecer aos cuidados na saúde; o espaço nunca é um elemento neutro.

V Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar

Recentemente o Brasil teve uma especial oportunidade de atualizar-se sobre as questões dos ambientes de saúde em toda a sua amplitude, desde a conceituação das edificações até questões inerentes à construção e gestão. Durante a realização do V Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar, evento promovido pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), que ocorreu entre os dias 4 e 7 de setembro, os mais de 500 congressistas e representantes de oito países afirmaram o crescimento do mercado para profissionais arquitetos de ambientes de saúde no Brasil. A ABDEH, fundada em 1924, se consolida a cada ano como uma das principais articulistas destes profissionais.

O Congresso contou com a presença de palestrantes de diversas regiões do Brasil que, junto com os palestrantes internacionais, apresentaram o que há de mais contemporâneo sobre o tema Ambientes de Saúde: projetos, práticas e perspectivas.

Desde a sua primeira versão em 2004, na cidade de Salvador, esse evento tem apresentado um significativo crescimento no número de participantes, festejado nesta edição com mais de 500 presentes em São Paulo.  Em 2014 já está definido que o VI Congresso será em Florianópolis e as atividades preparatórias para sua realização já estão em andamento.

Foram realizadas oito visitas técnicas aos principais hospitais paulistanos (Hospital Albert Einstein, Hospital Sírio Libanês, Hospital Paulistano, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São José da Beneficência Portuguesa e Vitória Amil). Uma oportunidade para que os participantes vivenciassem in loco alguns dos exemplos de excelência em edificações para assistência à saúde, modelos de gestão, tecnologias, arquitetura e a engenharia das edificações hospitalares.

INVESTIMENTOS

Foi possível ainda refletir sobre o potencial e as necessidades de edificações para prestação de serviços de saúde como requisito para o Brasil avançar dentre as nações desenvolvidas. Recentemente, publiquei na Revista Ambiente Hospitalar edição nº 9 – agosto de 2012, um Editorial sobre perspectivas e necessidades de investimentos na estrutura hospitalar do Brasil que vem, com muita frequência, acompanhada do questionamento sobre quais são nossas deficiências na quantidade de leitos e respectivos investimentos correspondentes.

A variação de parâmetros utilizados no cálculo de necessidades de leitos hospitalares pode ir de 2,5 leitos para cada 1.000 habitantes (Ministério da Saúde, 1997), até 4 leitos para cada 1.000 habitantes segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o Ministério da Saúde, em 2010 existiam no Brasil 468.785 leitos, que resultam num coeficiente de 2,45 leitos/1.000 habitantes. Com base na recomendação da OMS (4 leitos/1.000 habitantes), a ampliação necessária chegaria a necessidade de construir-se mais 296.139 leitos, considerada a população definida no último Censo IBGE 2010 de 190.732.694 habitantes, ou mais 1,55 leitos/1.000 habitantes.

Com uma média estimada de 150 leitos por hospital, existiria a necessidade de construir mais 1.974 novos hospitais, ou 1 unidade hospitalar para cada 3 municípios brasileiros, considerando que temos atualmente 5.565 municípios (IBGE, setembro/2012). Um desafio para a gestão da construção e para a gestão dos recursos, particularmente ao conhecermos os problemas de desigualdade regional do país.

Sugerimos estabelecer esta meta como ponto de referência para nossas necessidades assistenciais hospitalares, mesmo que o hospital não seja a única referência para as edificações no sistema de saúde. O planejamento para adequação quantitativa de diferentes serviços na rede de saúde da atenção primária passando por postos de saúde, policlínicas, UPAs, laboratórios até os hospitais, inclui a participação multiprofissional no planejamento, projetos e construções.

Um desafio positivo para os profissionais das diversas áreas que podem contribuir para a realização desta demanda dos municípios brasileiros para a melhoria da assistência à saúde.

 

  • Leandro

    A Arquitetura tem grande importância na gestão hospitalar. O artigo faz uma ” ponte ” oportuna entre administradores e arquitetos especializados em saúde. Ótima idéia.

  • UMA VEZ QUE HOJE NOSSO AMBIENTE HOSPITALAR É TRATADO QUASE QUE COMO UM AMBIENTE HOTELEIRO, ESTOU FELIZ QUE EM SABER QUE EXISTE PESSOAS INTERESSADAS EM MUDAR ESSA CARA DURA DE ESTARMOS NUM AMBIENTE TOTALMENTE SEM GRAÇA.

    No site da anvisa e na RDC 50, nada encontrei sobre o papel de parede em hospitais. Lógico que não é viável. Mas preciso saber as definições para os ambientes e de Hospital PEDIÁTRICO se posso colocar papel de parede nas áreas de circulção nos corredores. Se puder me ajudar fico grata. Enfº. izabel

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