Sem categoria | 17 de maio de 2021

O câncer de estômago e o alerta de Bruno Covas   

O câncer de estômago e o alerta de Bruno Covas

Ontem (16 de maio) tivemos a triste notícia do falecimento do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, em decorrência de complicações originadas por um câncer de estômago. No Brasil , a incidência desse tipo de patologia é muito alta. Em algumas regiões do país, como as regiões Norte e Sudeste, é possível chegar a 30 casos por 100.000 habitantes por ano. Equivale a dizer que, no Estado de São Paulo, somente este ano, em torno de 15 mil pessoas serão acometidas pela doença. Ou seja, números nada desprezíveis. Mas existem alternativas de prevenção e de cuidados que podem ser tomadas no sentido de mudar essa realidade.

O Câncer de Estômago tem como característica, em fases iniciais, de praticamente não produzir nenhum sintoma.  Apenas um leve desconforto que, muitas vezes, é atribuído a uma “indigestão”. Após esta fase inicial começam a surgir situações mais intensas como, por exemplo, dor abdominal que piora com a alimentação, náuseas, vômitos e perda de peso. Mesmo assim, muitos acabam retardando a busca de uma consulta médica, atribuindo a fatores de menor gravidade. E é aí que está o perigo!

Os (maus) hábitos de fumar e consumir bebida alcoólica com frequência, especialmente quando em conjunto são grande fatores de risco. Mas existem outros como o consumo de alimentos gordurosos, ou muito salgados, em especial os conservados em sal como embutidos, salames, charque, carne de sol e outros em grande quantidade.

Ao contrário, uma dieta saudável, especialmente contendo frutas e verduras podem desenvolver uma função protetora ao estômago. Também devemos levar em consideração a chamada história familiar de câncer de estômago, mais ainda se for de um familiar próximo como mãe ou pai. Isso deve servir de alarme para o início precoce de cuidados.

A melhor prevenção é feita através de um exame chamado Endoscopia Digestiva que é realizada de forma rotineira em muitos centros médicos. É feita sob sedação, sem desconforto nenhum, salvo um jejum de oito horas. Esse exame é coberto pelo SUS e por qualquer plano de saúde. Em alguns casos, especialmente os mais precoces, pode até ser usado para tratar a lesão produzida no estômago pelo câncer, evitando assim tratamentos mais invasivos.

Durante a endoscopia também é realizada uma pesquisa, a partir de biópsia, em busca da bactéria Helicobacter Pilory, que representa fator de risco, mas que pode ser tratada com o simples uso de antibióticos adequados e, com isso, diminuindo as probabilidades de complicação.

Infelizmente, o caso do prefeito Bruno Covas não teve o desfecho que todos gostariam. No entanto, seu exemplo de luta deve servir de alerta para que todos não subestimem essa doença e pratiquem a prevenção. O câncer não é invencível, desde que descoberto a tempo.


ANTÔNIO WESTON

Cirurgião do Aparelho Digestivo

Superintendente do Hospital Dom João Becker 



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