Não descuide da saúde no novo normal (Por Stephen Doral Stefani) Grupo Oncoclínicas
O discurso de posse do presidente norte americano Franklin Roosevelt, em 1933, para uma nação paralisada pelo medo econômico da Grande Depressão injetou coragem e esperança nas pessoas: “A única coisa que temos que temer é o próprio medo”. Chame-os de mantras, máximas ou mesmo memes, esses aforismos vivem porque contêm solavancos poderosos das certezas humanas.
Esse momento que vivemos justamente preocupa pelas incertezas. Há quem pense que tudo vai voltar ao normal e, com tempo para cicatrizar, o ser humano volta ao seu mundo de antes, com seus confortos e conformidades. Há quem seja talvez mais otimista e reconheça que a pandemia foi uma forma da natureza nos dar uma oportunidade – numa espécie de quarentena espiritual – para pensar no valor do bem-estar individual e da coletividade. Alguns países, como Nova Zelândia, já consideram semanas de quatro dias úteis com objetivo de equilibrar um aporte de energia na economia e, ao mesmo tempo, otimizar qualidade de vida e segurança da saúde.
Alguns gigantes da tecnologia, como a Facebook e Twitter, anunciaram home-office por tempo indefinido. Já executivos da Microsoft assinalam que existem problemas com isso, como adoção de métricas de produtividade que possam mascarar deficiências que poderiam se beneficiar de suporte e tutoria de colegas e empregadores. Esse mesmo afastamento social que desacelera o ritmo, tenso e intenso, também deixa o abraço mais longe. Parece muito cedo para definir o exato ponto de equilíbrio. Mas nem tudo pode ser adiado.
Quando pensamos em saúde, ficar esperando demais pode provocar a troca de uma doença por outra. Cardiopatia, câncer, reumatismo e várias condições se tornam mais graves se negligenciadas. Deixo, então, uma frase do cantor John Lennon. Se é para lembrar apenas de um aforismo, esse é um dos que mais sucintamente captura resistência, perspectiva e esperança: “Tudo ficará bem no final. Se não estiver tudo bem, é porque ainda não é o final”. E, no final – mesmo que um final diferente – o que conta é ter saúde.
Stephen Doral Stefani
Médico do Grupo Oncoclínicas
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