Sem categoria | 1 de julho de 2015

Dia do Hospital e Engajamento, por Cláudio Allgayer

Dia do Hospital e Engajamento, por Cláudio Allgayer

No mês em que se celebra o Dia do Hospital, superamos a marca de 20 mil curtidas na fan page do Portal Setor Saúde no Facebook, feito que expressa o reconhecimento de pessoas e profissionais com interesse ou envolvimento no amplo e complexo mercado da saúde. Mas esta conquista, porém, somente poderia ser verdadeiramente comemorada, se tivéssemos um cenário adequado para isto.

www.setorsaude.com.br é uma iniciativa da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul – entidade que reúne hospitais, clínicas, laboratórios e demais instituições de saúde – interessada em disseminar informação de qualidade sobre saúde, preocupação principal da sociedade gaúcha e brasileira. Em poucos minutos, e diariamente, informamos acerca de nossas atividades e sobre o que mais relevante e atual acontece no setor. Mas mais do que informar, o Portal nos possibilita ir além. Hoje, falamos também com os “nossos” pacientes.

Entendemos que a saúde é muito importante para ser abordada apenas com a “nossa visão e para o nosso público”. Afinal, quem é o nosso público? Os mais de 21 mil prestadores de serviços de saúde do Estado, correto? Sim, mas se pensarmos com a visão que nos impulsiona, sem muito esforço, chegamos a conclusão de que o cidadão que procura um hospital, uma clínica, um laboratório,  entre outros serviços de saúde, é o motivo maior de existirmos. O usuário do sistema de saúde de nosso Estado é, sem dúvida alguma, nosso cliente.

Por esta razão nossas matérias abordam desde dicas de saúde para pessoas “comuns”, a assuntos especializados para gestores e profissionais da área da saúde. O que para alguns pode parecer falta de foco, para nós significa encurtar a distância entre estes “clientes”.

O mix de notícias do Setor Saúde desde a sua concepção possui este objetivo específico. A necessidade de aproximar quem administra ou presta serviços de saúde e quem é atendido.

Em uma época movida pela liberdade irrestrita de opiniões – expostas em profusão pela internet -, esta estratégia facilita o saudável entrechoque de visões, a construção de novas percepções, a colaboração e a propagação de posicionamentos de uma forma incrivelmente rápida e construtiva.

Assim, não podíamos “esconder” o por quê de certas situações pela qual ainda levamos a culpa, muitas vezes de forma injustificada. Com o nosso Portal, este “novo cliente” começou a se comunicar conosco, e a entender, aos poucos, a nossa não tão “glamourosa” realidade.

Filas de espera, dificuldades de agendamentos de procedimentos/cirurgias e consultas se misturam aos assuntos que evidenciam e apontam atrasos no repasse financeiro dos serviços prestados, dos valores defasados e irrisórios pagos pelos nossos serviços. O subfinanciamento da saúde e a banalização da importância dos prestadores de saúde.

Ao nos comunicar, passamos a ter contato, em cada exposição por meio de comentários no Portal e em nosso Facebook, das consequências para o “cliente” final da falta de sintonia entre prestadores e os principais contratantes ou intermediários – governos e suas políticas, operadoras e suas estratégias. Temos responsabilidade nisto, não fugimos dela, pois somos parte desta engrenagem, o que nos obriga a sermos maleáveis sem cair na “frouxidão”. Temos o compromisso de não sucumbir em meio a esta “tormenta” de interesses. Sem nós, o sistema todo falece.

Qualquer estabelecimento ou serviço de saúde pertence a todos, é um equipamento da Sociedade. Devemos ouvir e agir, avaliar e corrigir. Precisamos do apoio da comunidade e dos clientes/pacientes para assegurar padrões de qualidade assistenciais desejáveis.

Não importa se o serviço é efetuado no âmbito do SUS ou desenvolvido pelo sistema de Saúde Suplementar. O nosso resultado é, verdadeiramente, ver pessoas saindo, curadas e satisfeitas, não entrando em nossos estabelecimentos. Esta é a vitória de uma sociedade, e assim como membros participativos e imprescindíveis dela, esta é também nossa meta “irremediável”.

Mas para atingir esta realidade é necessário unir esforços para alcançar o equilíbrio justo entre qualidade e recompensa profissional, na qual prevaleçam incentivos por competência, por desempenho e com foco na ética. São discussões que devemos encarar urgentemente.

Como aqueles que representamos, sabemos que na sociedade contemporânea, a denominada “indústria” da saúde é uma das que mais emprega pessoas altamente capacitadas, e por isso, necessita de elementos que sustentem a motivação humana. Formar estruturas sólidas para estes profissionais faz parte do nosso compromisso como gestores da saúde.

Nossos colaboradores investiram tempo, dedicação, esforços pessoais e dinheiro para ir atrás de um sonho, nas mais diferentes e complexas áreas e especializações. O sonho individual de cada profissional da saúde, em sua essência, nada mais é do que prevenir doenças, salvar e prolongar vidas. Aproveitar-se ou abusar desta verdadeira paixão é intolerável.

Paulatinamente nossos “aparelhos” estão sendo desligados. Se assim continuarmos, eliminaremos o mais importante, aquilo que até agora nos sustentou, a paixão pelo que fazemos.

Uma população doente, sem acesso adequado, sem serviços de qualidade, não avança. As vidas que salvamos sistematicamente, contudo, não têm sido valorizadas por diferentes governos. A saúde inegavelmente avançou, mas muitas instituições estão hoje, lamentavelmente doentes. Precisamos de uma comunidade engajada, que participe, e ajude a reverter esta tendência indesejada.

Definitivamente, vale destacar, que não se agrega valor, em nosso mister, inventando-se tratamentos ou cirurgias, burlando-se da ética. Isto não nos representa, e nunca, em hipótese alguma, será incentivado por nós, como entidade representativa do setor.

Devo em nome da Fehosul e seus Sindicatos filiados, parabenizar hospitais, clínicas, laboratórios e demais estabelecimentos de saúde por seus exemplos de superação, e reforçar o incansável compromisso com a correta valorização das instituições e de seus abnegados profissionais que lutam pela vida de nossos pacientes. 

Aos nossos pacientes de ontem, hoje ou amanhã, convido-os a continuar fazendo parte desta caminhada. Aos que estão “assistindo”, apelo que comecem de imediato, agora mesmo, mesmo de forma simbólica, a busca pelo alcance de um serviço de saúde de maior qualidade, equânime no acesso, digno, humanizado e justo para todos.

“Curtam” as instituições que estão localizadas em seu bairro, em sua cidade, no nosso Estado.

Exijam das mesmas, eficiência e qualidade, mas também sejam parceiros interessados em seus problemas, as valorizem e as sustentem em suas caminhadas. Elas necessitam desta união, do engajamento de toda a “família”, para construirmos um HOSPITAL conectado com o seu tempo, ainda mais colaborativo, humano, integrador e resolutivo.

Cláudio José Allgayer

Médico formado pela antiga Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre, atualmente Universidade Federal de Ciências da Saúde. Possui especialização em Planejamento e Administração de Saúde pela UFRGS. Allgayer participou da fundação da Confederação Nacional da Saúde (CNS), da qual é vice-presidente. Preside a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), a Associação dos Hospitais do RS, a Sociedade Médica de Administração em Saúde do Rio Grande do Sul. Foi Diretor da Amrigs, membro do Conselho Consultivo da Associação Médica Brasileira, Diretor do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, Diretor-Presidente do Grupo Hospitalar Conceição, assessor da presidência do extinto Inamps e coordenador do primeiro curso de Pós-Graduação em Administração Hospitalar do Sul do País, em 1974.  

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