Sírio-Libanês oferece processo de seleção oculto com plataforma com entrevistas anônimas
Por meio de parceria com JobeCam, iniciativa contou com a contratação de 21 profissionais, sendo metade pertencendo a grupos afirmativos e 90% mulheresO Hospital Sírio-Libanês introduziu em seus processos seletivos a entrevista oculta a partir da plataforma JobeCam, que permite que o candidato permaneça anônimo até a última etapa de seleção. Todas as informações relacionadas a identidade do candidato ficam anônimas, desde o encaminhamento do currículo para o gestor conduzindo o processo de seleção até as entrevistas. Não há informações sobre o nome, gênero, idade, foto, tudo que possa acionar gatilhos inconscientes relacionados aos vieses no processo de seleção. Esse processo ajuda a eliminar o viés inconsciente, formado por mecanismos discriminatórios que permeiam a percepção com base numa imagem estereotipada. Esse viés interfere na seleção do profissional que tenha as competências necessárias para a vaga, sem levar em consideração gênero, idade, sexualidade e raça.
“Toda vaga é uma oportunidade de encontrar pessoas interessantes, para que nosso time interno seja um reflexo da diversidade do Brasil. A JobeCam foi um vetor que nos permitiu alcançar esse objetivo”, explica Vânia Bezerra, diretora Compromisso Social do Hospital Sírio-Libanês.
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Não se trata apenas de um CV sem dados pessoais. A segunda etapa do processo de seleção, um vídeo gravado pelo candidato, é feito com avatares ocultando a imagem do corpo e com voz modificada. Até a terceira etapa, da entrevista em tempo real, feita online, é realizada de forma oculta. A revelação do candidato só acontece na última fase, quando há apenas um pequeno grupo de profissionais no processo seletivo.
Em parceria com a JobeCam, plataforma online que viabiliza a entrevista oculta no processo, o Sírio-Libanês criou um projeto para implementar essa inovação em atração de talentos. Atualmente, cinco diretorias já utilizam essa metodologia. Durante os meses de agosto de 2022 a março deste ano, mais de 90 talentos participaram de entrevistas que utilizaram esse novo modelo de processo seletivo. Como resultado, houve uma maior contratação de minorias, sendo 90% mulheres e 50% pertencentes aos grupos afirmativos. “Esse processo oculto é um importante apoio para mantermos a diversidade dos nossos colaboradores, e em linha com nossa cultura interna de vida plena e digna, em respeito à individualidade de cada colaborador”, diz Pida Lamin, Diretoria de Pessoas e Cultura do Hospital Sírio-Libanês.
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Durante os seis meses do projeto, a Jobecam e o Sírio-Libanês trabalharam em parceria para aperfeiçoar a ferramenta de forma que atendesse às necessidades da instituição. A partir de 2023, essa plataforma será expandida para as vagas em toda a instituição. “Recebemos um feedback muito positivo dos candidatos e dos gestores, o que reforçou ainda mais nossa convicção de estarmos no caminho certo com mais essa inovação no Sírio-Libanês”, conclui Pida.
Para Bianca Cesário, especialista de projetos contratada pela seleção de entrevista oculta, a plataforma foi muito intuitiva e fácil de acessar. “Você recebe um link e já entra na sala para conversar com o seu gestor, com seu avatar e sua voz distorcida. Eu sei que esse foi um processo de seleção pensado para as minhas competências e minha trajetória profissional, sem levar em conta essas questões que às vezes estão no nosso subconsciente e aparecessem primeiro durante o processo de seleção”, diz.
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Já para Stephan Sperling, coordenador médico de projetos de compromisso social e gestor que participou do projeto piloto, o principal elemento desse recurso é poder refletir sobre esses vieses que o gestor utiliza para essa tomada de decisão. “Quando usamos essa plataforma, aqueles elementos que a gente sistematicamente utiliza para a tomada de decisão, como gênero e a etnia, são retirados. Isso faz com que nós não só nos conectemos genuinamente com a pessoa, mas também reflitamos a respeito dos vieses que nós utilizamos numa tomada de decisão”, conclui.