Mundo | 8 de junho de 2015

Primeiro “viagra feminino” é aprovado

Avaliação final do medicamento flibanserin ocorreu no dia 4 de junho
Primeiro viagra feminino é aprovado

Um medicamento que promete combater a falta de apetite sexual das mulheres, foi aprovado pela FDA no dia 4. A avaliação ocorreu após duas negativas da FDA, que alegava que os efeitos colaterais do remédio eram comprometedores. Segundo o órgão, a pílula causava sonolência e náusea em excesso, e a eficácia era muito modesta.

A Sprout Pharmaceuticals, atual dona da droga, apresentou novos dados, incluindo um estudo para demonstrar que a pílula não traz prejuízos à usuária. Em um ensaio clínico, as mulheres que tomam flibanserin relataram ter uma média de 4,4 “experiências sexuais satisfatórias” por mês, em comparação com 3,7 do grupo que recebeu placebo e 2,7 de média relatada antes do início do estudo.

A diferença entre a droga e placebo foi pequena, mas estatisticamente positivo. No entanto, não foi significativamente melhor do que o placebo no aumento do desejo das mulheres.

Cerca de 10% das mulheres norte-americanas sofrem com a falta de desejo, de acordo com uma pesquisa financiada pela Boehringer Ingelheim, desenvolvedora original do flibanserin. O medicamento, tomado diariamente, seria indicado para as mulheres na pré-menopausa cuja perda de desejo não era de causas conhecidas como uma doença ou efeito colateral de uma droga.

O desenvolvimento de uma droga para disfunção sexual das mulheres tem encontrado dificuldades e várias empresas vêm tentando conquistar este novo mercado (saiba mais). A Pfizer desistiu de testes em 2004, mesmo ano em que a FDA rejeitou um remédio (baseado em testosterona) para as mulheres desenvolvidas pela Procter & Gamble. Da mesma forma, um gel de testosterona para mulheres criado pela BioSante falhou em ensaios clínicos em 2011.

O grupo que luta pela implementação do remédio é chamado Even the Score, e tem apoio do Conselho Nacional de Organizações das Mulheres e da Associação dos Profissionais de Saúde Reprodutiva (ambos dos EUA). As instituições alegam que existem 26 produtos que tratam a disfunção sexual masculina, enquanto não há nenhum voltado para o público feminino.

Em um abaixo assinado com objetivo de colocar em pauta a avaliação da FDA, foram conseguidas mais de 40.000 assinaturas pelo novo produto. A FDA, por sua vez, ressaltou antes da aprovação que o produto somente seria liberado se alcançasse os requisitos necessários para entrar no mercado, assim como qualquer outra droga. O órgão ainda criticou a posição da Even the Score de levar a discussão para o lado sexista.

A maioria das 26 drogas para os homens são diferentes nas formulações da substância testosterona. Nenhum é aprovado para tratar o baixo desejo sexual, que pode ser um sintoma de deficiência de testosterona. O Viagra, por exemplo, melhora o fluxo sanguíneo para o pênis, facilitando a ereção.

Muitos membros do comitê consultivo da FDA que rejeitou o flibanserin em 2010, reconheceram que a falta de desejo é uma condição real e que as drogas devem ser desenvolvidas com o propósito de combater esse problema. Alguns especialistas em medicina sexual dizem que a falta de desejo sexual feminino provoca sofrimento emocional e interfere nos relacionamentos.

Não há qualquer previsão de o comprimido, que age em elementos químicos no cérebro, entre eles a dopamina e a serotonina, ser aprovado pela Anvisa. Sua venda nos EUA é esperada para ser iniciada nos próximos meses.

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