Pesquisadores encontram caminho para tratamento da ELA a partir de três proteínas
Descobertas poderiam ajudar no diagnóstico e na criação de novas drogasComo a Esclerosa Lateral Amiotrófica (ELA) surge e se desenvolve ainda são mistérios para a ciência médica. Porém, uma pesquisa recente do KTH Royal Institute of Technology, da Suécia, encontrou três proteínas que podem apontar os mecanismos para tratar esta doença.
Anna Häggmark, pesquisadora da KTH e principal autora do trabalho, diz que três proteínas foram identificadas em um amplo estudo de perfil de plasmas. Na busca de tratamentos e diagnósticos prévios de ELA, os cientistas estão focando atenção em biomarcadores ou características biológicas que refletem uma alteração fisiológica no organismo durante ou depois da doença. Um exemplo típico de um biomarcador é a troponina, que é expelida para o sangue quando um músculo cardíaco é danificado após ataque cardíaco. “Este é realmente um bom indício”, comemora Dra. Häggmark.
“As três proteínas que encontramos parecem representar diferentes aspectos da patogênese desta doença. Depois de uma avaliação mais aprofundada do seu papel dentro da ELA, elas podem ajudar no diagnóstico ou até mesmo servir como uma meta para a criação de droga para aqueles que são atingidos pela doença”.
Atualmente não há marcadores confiáveis para ELA, doença neurodegenerativa progressiva que destrói as células nervosas que controlam o movimento muscular, enfraquecendo os músculos e, em seguida, gerando paralisia. A ELA afeta todos os músculos esqueléticos, incluindo os utilizados para respiração e deglutição.
A especialista explica que uma proteína conhecida como NEFM, usada como biomarcador de danos neuronais, é um componente estrutural de neurônios no sistema nervoso central e periférico. Se for encontrado no plasma do sangue, poderia indicar a morte de fibras do nervo como resultado de ELA. Já a RGS18, por outro lado, é uma proteína de sinalização celular. O aumento dessa proteína pode refletir a sua fuga dos músculos degenerados nestes pacientes, afirma o estudo. A terceira proteína, SLC25A20, é mitocondrial e representa uma estrutura celular que já foi anteriormente associada a ELA.
Os pesquisadores seguirão trabalhando na verificação de resultados, utilizando uma gama de amostras de plasma colhidas em pacientes na Suécia, Polônia e Alemanha, bem como líquido cefalorraquidiano de pacientes com ELA. Exames e estudos deste último componente ajudam entender e diagnosticar doenças ligadas ao sistema nervoso central. “Vamos analisar estas proteínas em amostras de materiais adicionais e ver se podemos confirmar nossas descobertas”, diz a Dra. Häggmark. O estudo em curso irá incluir o exame de “especificidade da doença” dos marcadores, ou seja, se o que for encontrado em casos de ELA também é relevante para outras doenças degenerativas neurológicas, como a esclerose múltipla.
O estudo foi publicado na revista cientifica Annals of Clinical and Translational Neurology (ver aqui, em inglês)