Iniciativas de sucesso marcam Encontro Internacional do Projeto Paciente Seguro
Coordenado pelo Hospital Moinhos de Vento, iniciativa reuniu 15 hospitais e convidados dos EUA, da Espanha e da ÁfricaO compartilhamento de duas experiências estrangeiras na área da saúde marcou o 1° Encontro Internacional do Projeto Paciente Seguro, realizado nesta quinta-feira, 30, e sexta-feira, 31, em Porto Alegre. Também houve apresentações de resultados alcançados por 15 instituições brasileiras participantes da iniciativa. Criado para evitar eventos adversos – termo que designa complicações indesejadas decorrentes de procedimentos incorretos em pacientes –, o projeto é coordenado nacionalmente pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde.
A iniciativa oferece aprimoramento das práticas assistenciais e a organização de metodologias para o fortalecimento de uma mudança cultural para um cuidado melhor e mais seguro dos pacientes, afastando até mesmo o risco de óbitos. Por isso, o superintendente de Educação, Pesquisa e Responsabilidade Social do Hospital Moinhos de Vento, Luciano Hammes, destaca que o encontro de dois dias é um “evento para salvar vidas”.
A iniciativa oferece aprimoramento das práticas assistenciais e a organização de metodologias para o fortalecimento de uma mudança cultural para um cuidado melhor e mais seguro dos pacientes, afastando até mesmo o risco de óbitos. Por isso, o superintendente de Educação, Pesquisa e Responsabilidade Social do Hospital Moinhos de Vento, Luciano Hammes, destaca que o encontro de dois dias é um “evento para salvar vidas”.
“O Paciente Seguro é um dos maiores programas de parceria público-privada do país. Valores de impostos são transformados em projetos juntamente com o Ministério da Saúde, atendendo as necessidades do SUS”, afirma Hammes.
EUA
Entre os palestrantes internacionais, Melinda Sawyer, diretora de Segurança e Educação de Pacientes da Johns Hopkins Medicine, dos Estados Unidos, apresentou um amplo estudo mostrando que a principal conquista para melhorar o cuidado com o paciente é a mudança de cultura na hora de consolidar um novo procedimento. ” É preciso engajar equipes, educar, executar e avaliar os processos adotados” diz. Melinda forneceu uma dica: “comecem por uma unidade. Depois ampliem para outras áreas”.
Melinda também destacou a necessidade de transparência com toda a equipe envolvida sobre as novidades. É preciso deixar bem claro por que está se alterando um processo e por que os funcionários envolvidos precisam fazer diferente. Como exemplo, citou que a colocação de um cateter passou a ser acompanhada por um enfermeiro. Constatou-se que frequentemente ocorria uma infecção porque a ação era feita de forma incorreta.
” Da forma mais transparente possível, informamos que haveria um enfermeiro para acompanhar a colocação do cateter. Dessa forma, evitamos que informações erradas prevalecessem, já que um profissional estaria supervisionando a atividade de outro ” explica.
“Muitas pessoas têm sentimento de perda quando se diz que não é para fazer mais da forma que faziam. Então, é preciso dar suporte para elas. Se não fizer isso, não vai dar certo. É necessário apontar o benefício da mudança” acrescenta.
Ainda de acordo com Melinda, erros com pacientes são a terceira causa de morte nos EUA. Com o programa adotado na instituição, chamado de CUSP, sigla para Comprehensive Unit Safety Program, houve redução de 66% na infecção sanguínea por cateter e redução de 71% nos casos de pneumonia associados ao uso de ventiladores. Anualmente, a economia para o sistema de saúde dos EUA chega a US$ 1,1 milhão com a adoção do programa.
“Queremos copiar a cultura de segurança de uma companhia aérea ou da área nuclear” destaca Melinda.
Espanha
Da Espanha veio a constatação de que é importante ouvir quem está internado. Na palestra “O papel do paciente na segurança do paciente”, o psicólogo clínico José Joaquín Mira Solves, professor da Universidade Miguel Hernández de Elche, de Alicante, enfatizou que o profissional da área da saúde não deve prescindir do relato de quem recebe os cuidados.
” A ideia fundamental é que os pacientes podem atuar como uma barreira para eventos adversos. Eles colaboram para apontar fatores de riscos” afirma.
Conforme Mira Solves, a pessoa internada também está envolvida com o processo assistencial. “Vive isso de outra óptica, mas tem uma informação valiosa se soubermos escutar” acrescenta.
O estudo acompanhado pelo psicólogo vai além do ambiente hospitalar. Para quem precisa tomar muitos medicamentos em casa – e pode se confundir com nomes de fármacos, quantidades e horários – foi lançado um aplicativo para smartphone. O programa, alimentado com os dados das prescrições, vai auxiliar a pessoa a cumprir rigorosamente o que foi determinado pelo médico.
O psicólogo ainda aponta que, se ocorrer um evento adverso, deve haver total transparência com o paciente e seus familiares. É preciso descrever o que ocorreu, suas possíveis consequências e o que será feito para solucionar o problema.
Gana
Outro relato internacional de trabalho na área de saúde, não focado exclusivamente no cuidado com o paciente, veio da África. O diretor executivo do Ubora Institute, Ernest Kanyoke, descreve como a implementação de programas de melhoria, monitoramento e avaliação diminuiu a mortalidade de crianças até cinco anos de idade.
Em Gana, entre 2013 e 2015, em um período de 2,5 anos, houve redução de 35% nessa estatística. Muitas das mortes são consequência da malária. Conforme Kanyoke, o engajamento das pessoas da área da saúde em um trabalho para melhorar os atendimentos foi crucial para a queda na taxa. O ganês acrescenta que as instituições de saúde contam com apoio de organismos internacionais, como fundações e universidades, para concretizar as melhorias.
Ainda de acordo com Kanyoke, a média em Gana é de 80 mortes a cada mil nascimento. Mas havia regiões com 120 mortes. Nessas áreas começaram os trabalhos para reduzir a mortalidade infantil. “Se o programa funcionar onde a situação é mais crítica, vai funcionar onde há menos recursos” observa.
O instituto conduzido por Kanyoke também conseguiu avanços nos tratamentos e cuidados de malária e HIV em países da África ocidental.
Multiplicadores
Conforme Luciana Yumi Ue, técnica do Programa Nacional de Segurança do Paciente na Coordenação Geral de Atenção Hospitalar do Ministério da Saúde, o relato da experiência na África é importante porque mostra que “se pode fazer muito mesmo com poucos recursos”. E elenca: “Aqui no Brasil precisamos de multiplicadores do conceito de cuidado com o paciente” afirma Luciana.
Em sua fala de abertura, Elenara Ribas, líder do Projeto Paciente Seguro do Hospital Moinhos de Vento, disse que começam pelas pessoas os processos para se evitar a ocorrência de eventos adversos. “Compartilhar é a palavra chave deste encontro, por isso estão aqui 15 hospitais e cerca de 350 pessoas, que serão replicadoras de boas práticas” enfatiza Elenara.
O projeto “Implantação do Programa de Segurança do Paciente e Desenvolvimento de Ferramentas de Gestão, Educação e Práticas Compartilhadas” é desenvolvido por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) para melhorar a segurança do paciente em hospitais públicos em todo o país, com base no Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).
EUA
Entre os palestrantes internacionais, Melinda Sawyer, diretora de Segurança e Educação de Pacientes da Johns Hopkins Medicine, dos Estados Unidos, apresentou um amplo estudo mostrando que a principal conquista para melhorar o cuidado com o paciente é a mudança de cultura na hora de consolidar um novo procedimento. ” É preciso engajar equipes, educar, executar e avaliar os processos adotados” diz. Melinda forneceu uma dica: “comecem por uma unidade. Depois ampliem para outras áreas”.
Melinda também destacou a necessidade de transparência com toda a equipe envolvida sobre as novidades. É preciso deixar bem claro por que está se alterando um processo e por que os funcionários envolvidos precisam fazer diferente. Como exemplo, citou que a colocação de um cateter passou a ser acompanhada por um enfermeiro. Constatou-se que frequentemente ocorria uma infecção porque a ação era feita de forma incorreta.
” Da forma mais transparente possível, informamos que haveria um enfermeiro para acompanhar a colocação do cateter. Dessa forma, evitamos que informações erradas prevalecessem, já que um profissional estaria supervisionando a atividade de outro ” explica.
“Muitas pessoas têm sentimento de perda quando se diz que não é para fazer mais da forma que faziam. Então, é preciso dar suporte para elas. Se não fizer isso, não vai dar certo. É necessário apontar o benefício da mudança” acrescenta.
Ainda de acordo com Melinda, erros com pacientes são a terceira causa de morte nos EUA. Com o programa adotado na instituição, chamado de CUSP, sigla para Comprehensive Unit Safety Program, houve redução de 66% na infecção sanguínea por cateter e redução de 71% nos casos de pneumonia associados ao uso de ventiladores. Anualmente, a economia para o sistema de saúde dos EUA chega a US$ 1,1 milhão com a adoção do programa.
“Queremos copiar a cultura de segurança de uma companhia aérea ou da área nuclear” destaca Melinda.
Espanha
Da Espanha veio a constatação de que é importante ouvir quem está internado. Na palestra “O papel do paciente na segurança do paciente”, o psicólogo clínico José Joaquín Mira Solves, professor da Universidade Miguel Hernández de Elche, de Alicante, enfatizou que o profissional da área da saúde não deve prescindir do relato de quem recebe os cuidados.
” A ideia fundamental é que os pacientes podem atuar como uma barreira para eventos adversos. Eles colaboram para apontar fatores de riscos” afirma.
Conforme Mira Solves, a pessoa internada também está envolvida com o processo assistencial. “Vive isso de outra óptica, mas tem uma informação valiosa se soubermos escutar” acrescenta.
O estudo acompanhado pelo psicólogo vai além do ambiente hospitalar. Para quem precisa tomar muitos medicamentos em casa – e pode se confundir com nomes de fármacos, quantidades e horários – foi lançado um aplicativo para smartphone. O programa, alimentado com os dados das prescrições, vai auxiliar a pessoa a cumprir rigorosamente o que foi determinado pelo médico.
O psicólogo ainda aponta que, se ocorrer um evento adverso, deve haver total transparência com o paciente e seus familiares. É preciso descrever o que ocorreu, suas possíveis consequências e o que será feito para solucionar o problema.
Gana
Outro relato internacional de trabalho na área de saúde, não focado exclusivamente no cuidado com o paciente, veio da África. O diretor executivo do Ubora Institute, Ernest Kanyoke, descreve como a implementação de programas de melhoria, monitoramento e avaliação diminuiu a mortalidade de crianças até cinco anos de idade.
Em Gana, entre 2013 e 2015, em um período de 2,5 anos, houve redução de 35% nessa estatística. Muitas das mortes são consequência da malária. Conforme Kanyoke, o engajamento das pessoas da área da saúde em um trabalho para melhorar os atendimentos foi crucial para a queda na taxa. O ganês acrescenta que as instituições de saúde contam com apoio de organismos internacionais, como fundações e universidades, para concretizar as melhorias.
Ainda de acordo com Kanyoke, a média em Gana é de 80 mortes a cada mil nascimento. Mas havia regiões com 120 mortes. Nessas áreas começaram os trabalhos para reduzir a mortalidade infantil. “Se o programa funcionar onde a situação é mais crítica, vai funcionar onde há menos recursos” observa.
O instituto conduzido por Kanyoke também conseguiu avanços nos tratamentos e cuidados de malária e HIV em países da África ocidental.
Multiplicadores
Conforme Luciana Yumi Ue, técnica do Programa Nacional de Segurança do Paciente na Coordenação Geral de Atenção Hospitalar do Ministério da Saúde, o relato da experiência na África é importante porque mostra que “se pode fazer muito mesmo com poucos recursos”. E elenca: “Aqui no Brasil precisamos de multiplicadores do conceito de cuidado com o paciente” afirma Luciana.
Em sua fala de abertura, Elenara Ribas, líder do Projeto Paciente Seguro do Hospital Moinhos de Vento, disse que começam pelas pessoas os processos para se evitar a ocorrência de eventos adversos. “Compartilhar é a palavra chave deste encontro, por isso estão aqui 15 hospitais e cerca de 350 pessoas, que serão replicadoras de boas práticas” enfatiza Elenara.
O projeto “Implantação do Programa de Segurança do Paciente e Desenvolvimento de Ferramentas de Gestão, Educação e Práticas Compartilhadas” é desenvolvido por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) para melhorar a segurança do paciente em hospitais públicos em todo o país, com base no Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).
Também estiveram presentes no evento Ana Cristina da Cunha Wanzeler, diretora do Departamento de Economia da Saúde, Investimento e Desenvolvimento do Ministério da Saúde, Marcelo Oliveira Barbosa, diretor substituto eventual do Departamento de Atenção Hospitalar e Urgência do Ministério da Saúde, e Tatiana Razzolini Breyer, coordenadora da Atenção Hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre.
No intervalo entre painéis e debates houve a comemoração pelos quatro anos do Programa Nacional de Segurança do Paciente, completados no dia 1º de abril.
No intervalo entre painéis e debates houve a comemoração pelos quatro anos do Programa Nacional de Segurança do Paciente, completados no dia 1º de abril.
Crédito da foto: Soraia Hanna