A prevenção das infecções causadas por obras e reformas em hospitais
Hospitais de Porto Alegre apresentam cases em evento do SindihospaO Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa), integrante do Sistema Fehosul, realizou, na tarde do dia 16 de setembro, o curso Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde em Obras e Reformas. Ao longo da tarde, profissionais da saúde responsáveis pelos setores de controle de infeções em hospitais de Porto Alegre, debateram metodologias e apresentaram cases das suas instituições.
Os hospitais (EAS, Estabelecimento de Assistência à Saúde) são sistemas extremamente complexos, formado por componentes como pessoas, instalações físicas e equipamentos. Quando necessitam passar por ampliações ou reformas, muitas vezes não conseguem simplesmente isolar uma área e deslocar pacientes e colaboradores para outro setor, já que existe demanda crescente pelos serviços de saúde. As instituições precisam se manter trabalhando 24h por 7 dias na semana. Interrupções ou o retardo podem levar a desfechos graves ou fatais. Uma das principais preocupações de um projeto de gerenciamento de riscos em obras nos EAS é o contato com agentes estranhos decorrentes destas intervenções.
Para a coordenadora do Comitê de Controle de Infecção do Sindihospa, Cristiane Kawski, que também é enfermeira líder do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Moinhos de Vento, o assunto é relevante diante das constantes reformas em ambientes hospitalares. Hospitais como o Moinhos, Mãe de Deus e Clínicas em Porta Alegre, vem passando por grandes ampliações nos últimos anos. A ampliação da estrutura do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (ainda em andamento), por exemplo, terá novas instalações para unidades de uso contínuo, como a Emergência e o Bloco Cirúrgico e a duplicação do número de leitos. A Emergência passará de 1.700 m² para mais de 5.100 m².
“O objetivo era que cada participante relatasse as experiências dentro da sua instituição, como fazem o controle e o acompanhamento das obras. Existem algumas regras básicas, mas são como um guia das melhores práticas. Não existe uma lei especificando”, explicou Cristiane ao portal Setor Saúde.
A instituição internacional de acreditação, Joint Commission, tem um guia de prevenção, que serve de referência para as instituições. “Existe um planejamento que começa na planta da obra. É preciso verificar o que será feito, a questão da logística e as várias etapas pertinentes de controle, como o local em que os profissionais da construção vão se higienizar, os cuidados com as bancadas de medicamentos, os tapumes para impedir que a poeira invada os quartos dos pacientes, entre outros”.
O encontro abordou formas de garantir a segurança dos pacientes através dos protocolos adotados pelas instituições. “O objetivo do controle de infecção é proteger os pacientes, são eles que estão em maior risco”. A especialista explica que “a poeira de obras, por exemplo, pode conter fungos. Para uma pessoa saudável, isso não vai fazer muita diferença, mas no caso de um paciente com a saúde comprometida, pode haver uma infecção. Portanto, precisamos de medidas estratégicas para conter esse risco”. Existem áreas que oferecem maior ou menor risco para o paciente, como setor administrativo (menor) e CTI´s, UTI´s e Salas Cirúrgicas (maior).
Umidade, mofo, fungos, poeira e até mesmo sistemas de ventilação fora dos padrões de segurança podem ser prejudiciais e levar à morte, principalmente em pacientes recém-nascidos ou em tratamento com quimioterapia ou diálise, se expostos aos detritos e ao pó das construções.
Palestras
A atividade do Comitê de Controle de Infecções contou com duas palestras, começando pelos Protocolos de Obras e Reformas, com a enfermeira Marcia Arsego, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e seguida do infectologista Claudio Stadnik, também da Santa Casa, que abordou o tema Aspergilose: Impactos do Ambiente Hospitalar. A Aspergilose é causada pelo fungo Aspergillus furmigatus, que ataca, principalmente, os pulmões. A doença ocorre quando o fungo entra em contato com a superfície do corpo do indivíduo ou invade tecidos mais profundos (pulmões ou ouvidos), piorando a infecção.
Márcia Arsego destaca que segurança e prevenção de infecções causadas por obras e reformas “é um processo institucional. Todas as obras passam por avaliação prévia no Controle de Infecção Hospitalar, que emite recomendações para evitar que o paciente desenvolva infecções respiratórias pela poeira. A equipe avalia os riscos e cuidados para que a obra siga os critérios e não apresente risco”, resume.
Na parte final do encontro, as enfermeiras Cristiane Kawski, Nádia Kuplich (do Hospital de Clínicas de Porto Alegre) e o enfermeiro Diego Stumps (Hospital Mãe de Deus) fizeram apresentações sobre como é o acompanhamento de obras e reformas nas suas instituições e como funcionam as listas de checagem dos hospitais Moinhos de Vento, Clínicas e Mãe de Deus. “Em hospital que realiza transplantes e que tem muitos pacientes imunossuprimidos, com doenças hematológicas e outras neoplasias, temos de monitorar sempre”, reforçou Nádia Kuplich, que também lembra a importância de um trabalho em parceria com profissionais de engenharia para garantir a eficiência dos formulários de auditoria de obras relacionados ao controle de infecção.
“Medidas de prevenção e controle de infecção garantem a segurança dos pacientes através da identificação, implementação e monitorização da adesão às medidas para reduzir o risco de transmissão ou de aquisição de organismos provenientes de fontes ambientais, como as partículas de pó”, diz Cristiane Kawski.