Gestão e Qualidade, Política | 18 de março de 2021

“Kits intubação” podem começar a faltar nos hospitais do RS

Segundo a FEHOSUL, situação preocupa equipes assistenciais 
“Kits intubação” começam a faltar nos hospitais do RS

A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL) alertou nesta quarta-feira (17), que hospitais do RS começaram a relatar preocupação com os estoques baixos do chamado “kit intubação”, formado por medicamentos como bloqueadores neuromusculares e sedativos, utilizados no tratamento intensivo dos casos graves de COVID 19. O presidente da FEHOSUL, Cláudio Allgayer, disse que a entidade está em contato com parlamentares do RS e lideranças da saúde estadual e nacional para encontrar uma solução.

“Recebemos informações de que a indústria nacional não está conseguindo atender a demanda de medicamentos para sedação, anestesia e relaxamento muscular. Este cenário impacta principalmente o atendimento de pacientes com Covid, de cirurgias de emergência e das eletivas. Uma alternativa é a tentativa de importação, mas no mundo todo a demanda é muito grande. Outro problema é o alto custo dos medicamentos atualmente. Com a alta do dólar e pela relação ‘pequena oferta e alta demanda’, a situação, pode sim, se tornar cada vez mais caótica, justamente pelo aumento vertiginoso de casos e a consequente superlotação de nossas UTIs. O estoque de alguns hospitais está em estado crítico”, disse.

O presidente da FEHOSUL convocou uma reunião para esta sexta-feira (19) com hospitais associados para tratar deste problema e de outros que estão afetando a prestação de serviços aos pacientes do IPE Saúde, da saúde suplementar e do SUS. “Uma das soluções aventadas é importar os medicamentos de países como Paraguai e Uruguai, mas a produção nestes países do Mercosul é muito pequena e restrita”, completou Allgayer.

O gestor de um hospital consultado pelo portal Setor Saúde, relatou que a Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) vem tentando intermediar grandes compras destes medicamentos, o que tem ajudado, já que os hospitais, por comprarem individualmente, acabam pagando valores muito altos. Porém, do montante solicitado pelo Hospital, a SES/RS conseguiu suprir apenas 20%. Estima-se que as indústrias farmacêuticas do Brasil consigam manter o fornecimento regular somente para os próximos 15-20 dias, assim mesmo, em caráter intermitente.

Na terça-feira (16), a SES/RS e o Exército entregaram cerca de 35 mil anestésicos e bloqueadores neuromusculares para 51 hospitais em 45 cidades no Estado. Os medicamentos do kit intubação, utilizados para intubar pacientes com dificuldade de respirar em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), são fundamentais para a assistência de casos graves de Covid-19.

Segundo a Secretaria, foram entregues Epinefrina (adquirida pelo governo do Estado), Atracúrio e Propofol (enviados pelo Ministério da Saúde). Como a quantidade enviada pelo ministério ainda não contempla toda a necessidade dos hospitais, há previsão de abertura na próxima semana de um pregão eletrônico do governo do Estado para a compra de mais insumos.

A SES/RS realiza um levantamento semanal com os hospitais gaúchos do estoque de um total de 22 medicamentos utilizados para a intubação em UTIs. A ação visa ao acompanhamento da quantidade deles na rede hospitalar pública, que já sofreu com escassez em julho do ano passado, também em decorrência da pandemia de Covid-19. Na época, foram adquiridos medicamentos no mercado nacional e internacional.

Em outros estados do Brasil, a situação se repete, como no Paraná, Santa Catarina e Pará, além do Distrito Federal. O governador Ratinho Júnior, do Paraná, confirmou em encontro com os governadores da região Sul do Brasil realizado no dia 17, que os três estados estão enfrentando uma escassez de medicamentos do kit intubação.

 



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