Política | 23 de outubro de 2014

Visão de saúde de Sartori apresentada a líderes e dirigentes do setor 

Osmar Terra diz que, em caso de vitória na eleição, governo apostará em PPPs
Osmar Terra

Na manhã do dia 23 de outubro o deputado federal (e médico) Osmar Terra, membro da equipe de saúde do candidato ao governo estadual, José Ivo Sartori, participou de mais um “Tratando de Saúde”. O evento promovido pela FEHOSUL e Sindihospa recebeu representantes dos dois postulantes ao governo do Estado, visando a melhoria do setor de forma conjunta com as instituições. Na edição anterior, a convidada foi a secretária Sandra Fagundes (veja aqui).

Ao iniciar sua apresentação aos dirigentes e líderes de hospitais, clínicas e laboratórios presentes ao encontro, Osmar Terra lembrou sua ampla experiência no setor. “Já vivi a situação de médico do Interior antes do SUS. Desde 1986 estamos na caminhada para a mudança na gestão pública”, comentou. “Tenho conversado com o Sartori sobre como definir as relações e o que esperar dos setores na área da saúde. Vivemos uma crise nacional, de subfinanciamento. É uma situação crônica”, acrescentou.

Mesmo apontando melhorias nos últimos anos, Osmar Terra destacou que os profissionais sofrem com a falta de expectativa a longo prazo. “A atenção básica avançou, mas ainda tem muitos problemas. Acho crucial a área de Recursos Humanos e só avançaremos quando houver um plano de carreira federal, não só para médicos, mas para enfermeiros, dentistas, etc. Uma carreira estruturada, concursada, com o governo federal se responsabilizando pelo salário, embora a gestão fique mais com os municípios. Não há como os municípios e estados arcarem com esses custos”.

O deputado recordou do período em que foi prefeito em Santa Rosa (1993 a 1996) para citar um projeto que poderá ser colocado em prática. “Fiz carreira para profissionais da atenção básica. Santa Rosa é um dos únicos, ou o único município do Brasil, que tem Fundação de Saúde e plano de carreira. Foi uma gestão de grande sucesso”.

Participante do evento tratando de saúde3

Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, Carlos Eduardo Nery Paes

 

O deputado foi enfático ao criticar a estrutura do programa federal Mais Médicos. “Não se atrai profissionais na marra. Os cubanos (integrantes do programa) vêm na marra, porque desse jeito não viria ninguém, ou viria muita pouca gente. O governo oferece uma bolsa de estudo sem garantias. Não tem nem carteira assinada. Nessas condições, como o médico (brasileiro) vai fechar um consultório em Porto Alegre para trabalhar no Interior do Tocantins?”, questionou.

Ao analisar a criação de novas unidades de ensino, o deputado considerou as novas faculdades uma “política equivocada”, pois necessita de altos investimentos. “Estão criando faculdades de medicina porque é status político. Passo Fundo tem uma faculdade federal de medicina para 40 alunos. Qual o custo de cada aluno? É gigantesco. Se pegar a décima parte desse custo e abrir bolsas na faculdade de Passo Fundo que já existe, teremos 80 vagas”, comparou. Osmar Terra também acredita que é fundamental repensar as residências médicas. “Tem que se fazer de forma adequada, para aumentar o número de especialidades necessárias. Trabalhar com o número necessário socialmente, não o que a corporação do especialista acha necessário”.

Participante do evento tratando de saúde4

Superintendente do Hospital Ernesto Dornelles, Odacir Rossato

 

Caso eleito, o governo Sartori dará mais atenção às Parcerias Público Privadas (PPPs), garante Osmar Tera. “É o que funciona, faz o hospital responder mais rápido, gira melhor os Recursos Humanos. Em São Paulo as PPPs dão um excelente resultado com um custo que é 1/3 do que se investe em hospitais públicos. É essa a resposta que temos que dar à população. Temos que estabelecer contratos que cobrem resultados e não fazer outros hospitais públicos”.

“O compromisso da nossa candidatura é aumentar a oferta dos serviços especializados para a população. A atenção básica é pública e tem que haver carreira, um mercado atraente. É isso que atrai o profissional. O IPE-Saúde também tem que ser resolvido. No mínimo com uma correção de tabela, mas temos que ter uma política específica para o Ipergs”, enfatizou Osmar Terra.

Cláudio Allgayer

Cláudio José Allgayer, presidente da FEHOSUL

 

Na parte final do “Tratando de Saúde”, o presidente da FEHOSUL, médico Cláudio Allgayer, analisou a forma de aplicação de recursos. “O Sistema Único de Saúde é uma parcela importante, considerável, ampliou fundamentalmente o acesso à população. Mas se construiu no País um sistema suplementar altamente dinâmico, competitivo, que hoje atende 50 milhões de brasileiros. No RS o Sistema Suplementar representa de 33% a 35% da população, um pouco mais de 3,5 milhões de pessoas. E Porto Alegre é a capital brasileira com maior número de pessoas com planos de saúde. São 980 mil habitantes (62% do total) com planos”, destacou. “As instituições que trabalham para o SUS não são só os filantrópicos. Temos laboratórios de analises clinicas, de anatomia patológica, serviços de diagnostico por imagem, clínicas de oncologia, hospitais privados que trabalham para o Sistema Único. A restrição de acesso a esses recursos adicionais da contratualização, que tem como origem complementar uma tabela nacional insuficiente do SUS, é equivocada e excludente. Os recursos adicionais  devem ser para todos”, criticou. Allgayer também reivindicou que o FUNAFIR ( linha de crédito subsidiada do Banrisul ) seja estendido para todos os estabelecimentos de saúde que atendem SUS e Ipe-Saúde.

Allgayer ainda lembrou a importância de incluir no plano de governo a volta da desoneração tributária com contrapartida social um reajuste emergencial, no início do próximo governo, para as entidades ligadas ao IPE-Saúde (veja aqui). “A saída para a assistência no Estado é não olhar se o prestador é público ou privado. O importante é que exista serviço de saúde próximo à população, humanizado e resolutivo”.

Entrega do livro branco

Cláudio Allgayer, Osmar Terra e Fernando Torelly, presidente em exercício do Sindihospa entrega o Livro Branco da Anahp com propostas para a saúde brasileira

 

O presidente em exercício do Sindihospa, Fernando Torelly, acredita que “falta um estudo aprofundado envolvendo os setores público e o privado, sobre o quanto custa e o que se entrega, para que possamos responder essa pergunta no sentido da busca pela eficácia. É fundamental estabelecermos uma regra, para que possamos identificar e definir políticas para o futuro”.

No encerramento, o deputado estadual reeleito nas últimas eleições e vice-presidente da FEHOSUL, Pedro Westphalen, salientou a importância de um trabalho em conjunto entre todas as esferas que englobam a saúde. “Temos que ser pragmáticos e entender que o momento é de construção. O Rio Grande do Sul, mesmo com todas as dificuldades que tem, possui capacidade instalada para dar resposta a esse segmento que hoje enfrenta carências. Podemos construir um grupo que vai ajudar, há material humano. É preciso que as coisas saiam do papel e aconteçam”, encerrou.

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