Tecnologia e Inovação | 16 de janeiro de 2015

Vacina poderá ajudar autista

90% das crianças autistas sofrem com problemas gastrointestinais crônicos
Vacina poderá ajudar autista

Um investigador português ajudou a desenvolver, no Canadá, a primeira vacina contra uma bactéria intestinal associada ao autismo que poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida das crianças com este tipo de disfunção comportamental. As informações foram publicadas no site Boas Notícias de Portugal.

Mário Monteiro, professor de Química da Universidade de Guelph, na província de Ontário, Canadá, criou, em conjunto com a estudante de mestrado Brittany Pequegnat, uma vacina que ataca a bactéria “Clostridium bolteae”, produzida no intestino.

Em comunicado, a universidade canadense explica que esta bactéria é conhecida pelo papel que desempenha numa série de distúrbios gastrointestinais, manifestando-se em quantidades mais elevadas no organismo das crianças autistas do que no das crianças saudáveis.

Com efeito, mais de 90% das crianças autistas sofrem com problemas gastrointestinais crônicos pelo que esta vacina poderá ajudar a melhorar os tratamentos atuais, que passam pela administração de antibióticos.

“Esta é a primeira vacina destinada a controlar a obstipação e a diarreia potencialmente causadas pela bactéria C. Bolteae e, quem sabe, sintomas do autismo que estão relacionados com este micróbio”, explica Mário Monteiro, que publicou, em 2013, um estudo sobre o desenvolvimento da vacina na revista científica “Vaccine”.

Esta vacina inédita contra a bactéria C. bolteae tem como alvo um complexo específico de hidratos de carbono que se encontram na sua superfície e, em testes realizados com coelhos, conseguiu desencadear um aumento de anticorpos protetores. Hidratos de carbono são um dos três macronutrientes da nossa dieta (sendo os outros dois as gorduras e as proteínas).

Os anticorpos adicionais produzidos pela vacina poderão também ser utilizados para detectar a bactéria em contexto médico, explica Mário Monteiro, que acrescenta, porém, que serão necessários mais de 10 anos para a realização de ensaios pré-clínicos e clínicos em humanos, ou seja, a vacina deverá demorar mais de uma década a chegar ao mercado.

“Ainda assim, este é um primeiro passo muito significativo na construção de uma vacina com múltiplas valências destinada a combater várias bactérias intestinais associadas ao autismo”, finaliza.

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