Estatísticas e Análises | 5 de janeiro de 2016

Tabaco e álcool: 13 sinais de alerta do câncer de boca ou garganta

Uso conjunto aumenta as chances de desenvolver tumor na boca
Tabaco e álcool

O grupo de estudo Icare, liderado pela Dra. Loredana Radoi, dentista e pesquisadora no INSERM (Institut national de la santé et de la recherche médicale, da Universidade Paris Descartes), realizou um estudo publicado no periódico BioMed Cancer, para analisar os efeitos da combinação entre álcool e tabaco em relação ao câncer.

O câncer de boca geralmente ocorre nos lábios, dentro da boca, na parte posterior da garganta, nas amígdalas ou nas glândulas salivares. É mais frequente em homens do que em mulheres e atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos. O fumo, combinado com o excesso de bebida alcóolica, é um dos principais fatores de risco. Segundo o National Cancer Institute (EUA), o uso do tabaco é responsável por 80 a 90% das causas de câncer bucal. Se não for detectado de maneira precoce, pode exigir tratamentos que vão da cirurgia (para a remoção do tumor) à radioterapia ou quimioterapia. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.

“O ideal é reduzir, se não eliminar, o uso de álcool e parar de fumar, uma vez que até mesmo os fumantes leves aumentam o risco de câncer de boca, laringe e faringe”, diz a especialista, em reportagem do jornal Le Figaro. O câncer oral não é um tumor dos mais comuns, mas ocupa o 7º lugar entre as mortes por câncer em homens e o 12º entre as mulheres. A taxa de sobrevivência, de dez anos, é mais baixa entre homens (25%) e ligeiramente mais elevada para as mulheres (40%).

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, no Brasil, venham a ocorrer 15.490 novos casos (11.140 homens e 4.350 mulheres) ao longo de 2016. Os últimos dados (2013) indicam que mais de cinco mil pessoas (4.223 homens e 1.178 mulheres) morreram no país, devido ao câncer de boca.

Na França, segundo o periódico, estima-se que o câncer da boca, lábios e faringe são responsáveis por mais de três mil mortes por ano. “A ocorrência destes cânceres é tardio: cerca de nove em cada dez novos casos são diagnosticados aos 50 anos ou mais”, afirma o relatório do Instituto Nacional do Câncer francês. No entanto, a evolução dos últimos anos varia inversamente ao sexo. A incidência tem diminuído entre os homens, desde 1980, ao mesmo tempo que está aumentando entre as mulheres. Essa alteração se dá “em grande parte pela diminuição do consumo de álcool observado na França desde o início da década de 1960”, afirma o instituto francês. Por outro lado, “nas mulheres o aumento da incidência está relacionado com o aumento do consumo de tabaco, mais recente do que nos homens”.

No grupo de estudo citado, o risco para o câncer causado pelo álcool isoladamente, é de apenas 0,3%. “O álcool sozinho é um fator de risco bem menor. Para os pequenos consumidores, pode até mesmo ser considerado nulo”, diz a Dra. Radoi.

O efeito é maior em relação ao tabaco. Sozinho, ele responde por 13% do risco. “Ao contrário do álcool, mesmo para quem fuma pouco, o tabagismo aumenta o risco”, acrescenta a especialista. A combinação dos dois fatores é particularmente perigosa, pois “fumar e beber tem um efeito multiplicador” e representa 70% do risco atribuível. Na divisão por gêneros, o risco é ligeiramente maior para homens (74%) e menor para mulheres (45%). “Devemos explorar outros fatores de risco em mulheres: hormônios, infecções por papilomavírus, exposições ocupacionais”, salienta a Dra. Radoi.

O comportamento mais inapropriado é consumir álcool e tabaco ao mesmo tempo, porque “o álcool provoca vasodilatação e um efeito irritante da mucosa local, o que facilita a penetração de substâncias tóxicas da fumaça”, diz Loredana Radoi. O fato mais surpreendente da pesquisa do grupo Icare mostra um efeito protetor por causa da obesidade. “Pela diluição de substâncias cancerígenas, solúvel em gordura. Em alguma coisa a obesidade traz benefícios”, revela a pesquisadora.

Sintomas para ficar atento para prevenir um câncer de boca ou garganta:

– Ferida na boca sem cicatrização

– Dor na boca que não passa

– Nódulo persistente ou espessamento na bochecha

– Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amídala ou revestimento da boca

– Irritação, dor na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada na garganta

– Dificuldade ou dor para mastigar ou engolir

– Dificuldade ou dor para mover a mandíbula ou a língua

– Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe ou incomode

– Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou mandíbula

– Mudanças persistentes na voz ou respiração ruidosa

– Caroços no pescoço

– Perda de peso

– Mau hálito persistente

 

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