Geral | 30 de julho de 2014

Surto de Ebola na África preocupa autoridades de saúde

OMS alerta para “avanço sem precedentes” do vírus
ebola

A Organização Mundial de Saúde e a entidade Médicos Sem Fronteiras (MSF), preocupadas com o avanço exponencial de casos de Ebola na África Ocidental, alertam para o risco de uma epidemia regional. O surto da doença iniciou ano passado e já foram registrados 1.201 casos de Ebola e 672 mortes em Guiné, Libéria e Serra Leoa, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA.

As autoridades de saúde norte-americanas emitiram alerta, no dia 28 de julho, pedindo que viajantes da África  tomem precauções frente à maior epidemia desta doença na História. À BBC Brasil, o diretor de operações do MSF na Suíça, Mariano Luigi, declarou que “o surto está fora de controle”. Sua equipe, com cerca de 300 profissionais em campo, já atendeu 500 pacientes e admite estar no limite da capacidade operacional.

A preocupação também atinge o Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC), que aponta para o risco de um avanço “sem precedentes do número de casos e da dispersão geográfica” da epidemia.

Desde a descoberta do vírus Ebola, em 1976, a Organização Mundial de Saúde (OMS) documentou em torno de 1.850 casos de febre hemorrágica, dos quais mais de 1.200 foram fatais. De outubro de 2001 a dezembro de 2003, surtos de um subtipo de Ebola atingiram o Zaire, o Gabão e a República do Congo, vitimando 254 pessoas de um total de 302 casos diagnosticados, o que demonstra a extrema letalidade do vírus.

A preocupação das autoridades agora é evitar que o surto chegue à Nigéria, país mais populoso da África, onde no dia 28 de julho um hospital de sua maior cidade, Lagos, foi fechado e colocado em quarentena, após a confirmação da morte de um paciente com Ebola. Na Libéria, as fronteiras terrestres foram fechadas, eventos públicos restringidos e comunidades atingidas pela doença foram colocadas em quarentena.

O surto atual, registrado inicialmente na Guiné, parece corresponder com a variedade Ebola-Zaire, associado a uma taxa de mortalidade entre 80% e 90%. É também a primeira vez que este vírus aparece no oeste da África, de acordo com a Rede Europeia de Diagnóstico de Doenças Virais Importadas, órgão responsável pelo controle de disseminação de doenças virais.

O vírus

Os sintomas da Febre Hemorrágica Ébola têm início duas a três semanas após a infecção, e manifestam-se através de febre, dor muscular, dor de garganta e dor de cabeça. Sucedem-se náuseas, vômitos e diarreia, insuficiência hepática e renal, além de problemas hemorrágicos. O vírus é transmitido através do contato com secreções respiratórias, sangue ou outros fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, causando febre hemorrágica.

Letal

A doença tem mortalidade de até 90% e infecta o endotélio capilar (célula que recobre o interior dos vasos sanguíneos) e vários tipos de células do sistema imunológico.

Diagnóstico

As infecções por Ébola só podem ser diagnosticadas com exatidão através de vários exames laboratoriais, o que leva tempo até serem confirmados os primeiros casos e a identificação do vírus.

Origem

A origem do surto atual é desconhecida. Em todos os casos anteriores, pesquisas descobriram que a infecção é ligada ao contato com animais infectados, mortos ou vivos. Especialistas suspeitam que três espécies de morcegos são hospedeiros naturais do vírus.

Prevenção

A OMS tenta evitar que a infecção atinja uma grande cidade. Como o contato pessoal é um problema para controlar o surto, a prevenção baseia-se em controlar pacientes, equipes médicas, restringindo a entrada e saída de pessoas das áreas afetadas. Os profissionais de saúde devem usar luvas, máscaras, óculos e roupas que evitem o contato direto com o sangue de pacientes infectados.

Não há vacina

Casos de febre hemorrágica são, geralmente, tratados com reidratação intravenosa ou oral com soluções de eletrólitos. Por ser um vírus com diversos subtipos, as pesquisas precisam de muitas amostras. Além disso, a letalidade do vírus e as circunstâncias sócio-econômicas dos países envolvidos fazem com que seja baixo o número de sobreviventes, dificultando ainda mais as pesquisas.

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