Mundo | 15 de outubro de 2013

Superdosagem de Paracetamol gera graves riscos ao fígado

Uso do medicamento sem o devido cuidado médico pode causar até a morte
Superdosagem de Paracetamol gera graves riscos ao fígado

O uso do analgésico paracetamol sem o devido cuidado médico, algo comum em todo o mundo, é um perigoso caminho que pode levar a necessidade de transplante hepático e também à morte. Nos últimos dez anos, o medicamento foi o causador de 1,5 mil óbitos nos EUA, conforme recente levantamento da ONG investigativa Pro Publica.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a dosagem máxima diária seja de 4g – quantidade que é seguida pelo Brasil. O órgão regulador norte-americano, Food and Drug Administration (FDA), exigirá a partir de 2014 que a maior dose de um comprimido seja de 350mg. Atualmente, há concentrações que podem chegar aos 750mg.

Obter uma superdosagem não é difícil, já que cerca de seis comprimidos (dos “extra fortes”) ingeridos no período de 24hs são suficientes. Ultrapassando os 3g a 4g, há grande possibilidade de danos ao fígado. Os sintomas, em geral, surgem após quatro horas e o paciente pode ter vômito, náusea, dor de cabeça e suor, correndo o risco de piora, e até de convulsão, no primeiro dia.

Se não houver tratamento em até 72 horas, o quadro pode ficar ainda mais grave, com a destruição do fígado e consequente acúmulo de amônia no corpo, o que em casos mais graves, leva à morte cerebral. Para reverter uma intoxicação, é preciso antagonizar com N-acetilcisteína nas primeiras 24 horas.

 No Brasil, não existe restrição médica em relação ao paracetamol. Uma pesquisa da UFRGS, de 2008, registrou 440 casos de intoxicação naquele ano no Rio Grande do Sul. Em outro levantamento, de abrangência nacional, a Sociedade Brasileira de Hepatologia descobriu que o país teve quatro transplantes em 2010, devidos ao paracetamol.

Nos últimos cinco anos, a venda de unidades (caixas ou cartelas) do remédio – incluindo versões genéricas – aumentou 80% no Brasil (de 20,6 para cerca de 37,2 milhões), com faturamento de R$ 507 milhões em 2012, de acordo com dados do instituto IMS Health.

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