Estatísticas e Análises | 15 de junho de 2016

Sintomas tardios da radioterapia em cânceres ginecológicos

Especialista britânica explica como gerenciar efeitos colaterais causados pelo tratamento
Sintomas tardios da radioterapia em cânceres ginecológicos

A oncologista clínica Mary McCormack, do Hospital da University College London (Inglaterra), foi uma das responsáveis por promover o Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), realizado entre os dias 3 e 7 de junho em Chicago (EUA). Passado o importante evento, a especialista concedeu entrevista ao portal Cancer Network, abordando formas de melhorar o atendimento de pacientes com câncer ginecológico.

Na Asco, Dra. McCormack apresentou a palestra “Sobrevivendo à cura: Gerenciando Efeitos Tardios da Radioterapia” (Surviving the Cure: Managing Late Effects of Radiotherapy), em uma sessão de educação sobre a gestão dos sintomas em pacientes com câncer ginecológico.

A especialista explicou ao Cancer Networks que os efeitos imediatos da radioterapia em mulheres com cânceres ginecológicos “estão geralmente relacionados com o intestino e a bexiga. É bastante comum que os hábitos intestinais mudem durante a radioterapia, e nós tendemos a ver um aumento da frequência de evacuações e, por vezes, esforço ou sangramento retal. A dor não é incomum. Os pacientes podem precisar fazer alterações na sua dieta e podem precisar tomar certos medicamentos para conseguir evacuar. Com relação à função da bexiga, disúria (dificuldade em urinar) e incontinência são muito comuns, e as pacientes geralmente são aconselhadas a beber muito líquido para evitar a desidratação e evitar os sucos ácidos (laranja, abacaxi ou morango, por exemplo), que por vezes podem agravar os sintomas. Acho que é muito importante explicar para essas mulheres que estes sintomas são geralmente temporários e que a maioria irá melhorar uma vez que o curso da radioterapia seja concluído”.

Os efeitos tardios da radioterapia, segundo a oncologista, são aqueles que ocorrem após um período latente de meses a anos. “Geralmente, leva um mínimo de três meses após a conclusão do tratamento, depois poderíamos considerar um sintoma como um efeito tardio da radioterapia”. Ela salienta que “os efeitos tardios da radioterapia estão relacionados com os tecidos que estavam dentro do campo de radiação. Neoplasias ginecológicas pélvicas, da bexiga e do intestino. Também pode haver efeitos tardios sobre os ossos, e não é incomum ver fraturas por insuficiência pélvica nessas mulheres que foram acompanhadas. O linfedema (inchaço no braço ou na perna) também é outra preocupação, particularmente em pacientes que tiveram dissecções linfonodais. Naturalmente, a função sexual pode ser prejudicada e pode realmente ser um grande problema para muitas mulheres após a radioterapia pélvica”.

Mary McCormack salienta que, de um modo geral, existe a tendência de achar que pacientes com um baixo índice de massa corporal (IMC) experimentem mais toxicidade. “Além disso, os pacientes que fumam tendem a ter uma toxicidade pior, mas os mecanismos que levam a isso não estão totalmente compreendidos. Acredito que nós também temos a tendência de ver mais efeitos colaterais em pacientes que tiveram tratamento para o câncer de colo do útero, possivelmente porque as pacientes são tratadas com uma dose mais elevada do que as mulheres que receberam radioterapia para, por exemplo, câncer endometrial, onde a dose de radiação é menor e dada no contexto de adjuvante, e não como um tratamento radical”, explica.

Para um melhor acompanhamento destas pacientes sobreviventes de câncer e a redução de sintomas desagradáveis, ela considera fundamental “reconhecer que há uma série de efeitos tardios da radioterapia e que temos a tendência a pensar e olhar para eles como muito graves, como fístulas intestinais, hematúria excessiva (sangue na urina) ou sangramento retal. É importante entender que muitas vezes são coisas pequenas, mas que prejudicam e desanimam a pessoa doente. Estes sintomas podem realmente ser muito problemáticos para a paciente e, talvez eles sejam menos reconhecidos pelos médicos, porque nós tendemos a supor que, se eles são apenas sintomas de grau 1 ou 2, não são particularmente preocupantes, mas podem ter um enorme impacto na qualidade de vida das pacientes”, avalia a especialista.

Ela acrescenta que, por parte dos profissionais, “é importante reconhecer que estes sintomas podem ter um impacto sobre o bem-estar e as funções das pacientes, e avisá-las e aconselhá-las adequadamente antes do tratamento sobre o que observar, e dar indicações sobre o que elas podem fazer e informá-las que, se elas desenvolvem estes sintomas durante a recuperação, elas devem consultar o seu oncologista”.

Por fim, Mary McCormack afirma que, idealmente, os oncologistas devem ter um meio para indicar essas pacientes ao especialista apropriado, em particular o urologista ou gastroenterologista, que compreendem os efeitos e o impacto da radioterapia na bexiga e do intestino.

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