Gestão e Qualidade, Política | 26 de setembro de 2014

Reajuste Emergencial do Ipe-Saúde será discutido novamente no dia 29

Clima de profunda indignação dominou reunião realizada na quinta-feira
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Alcides Pozzobon (Associação dos Hospitais), Cristiana Menezes e Jorge Eltz (Simers) e Flávio Borges (FEHOSUL)

A direção do Ipergs, e o chamado Núcleo Central do Governo, apresentaram na tarde desta quinta-feira, dia 25, as respostas às demandas dos hospitais e entidades médicas para resolver a grave crise que afeta o Ipe-Saúde. Estiveram presentes a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde (FEHOSUL), a Associação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul e as demais entidades médicas e hospitalares que compõem o Grupo Paritário. Os principais assuntos tratados na reunião, por seus participantes, foram:

REAJUSTE IMEDIATO EMERGENCIAL PARA RECOMPOR AS PERDAS DE 3 ANOS

O Ipergs e o Núcleo Central do Governo, representados pela Secretaria da Fazenda e pela Secretaria da Saúde, afirmaram, mais uma vez, que é impossível conceder reajustes em 2014, por alegadas insuficiências orçamentárias. A FEHOSUL mostra-se irresignada com tal conduta já que dados oficiais indicam um superávit orçamentário de 691 milhões de reais desde a criação do FAS (Fundo de Assistência a Saúde) e a disponibilidade financeira atual do mesmo fundo gira em torno de 300 milhões de reais, que permite “desde que haja vontade política do governo em superar o impasse, em conceder os pleiteados e justos reajustes, que tardam há 3 anos”, segundo o presidente da Fehosul, médico Cláudio Allgayer. Já o diretor-executivo da entidade, médico Flávio Borges, disse na reunião que “nós (a Fehosul) temos uma questão em aberto já que a resposta do Ipe-Saúde de que não há recurso financeiro disponível, não satisfaz os estabelecimentos de saúde conveniados ao Ipergs. A Fehosul continuará atuando energicamente para alcançar este objetivo”, assegurou o dirigente hospitalar.

POLÍTICA DE REAJUSTES ANUAIS CONFORME INCREMENTO DO ORÇAMENTO ASSISTENCIAL

Outra reivindicação da Fehosul, em princípio aceita pelo governo e direção do Ipergs, diz respeito a necessidade de ocorrerem reajustes anuais em todas as tabelas remuneratórias do Ipe-Saúde, na mesma proporção do efetivo incremento anual do orçamento assistencial da autarquia. Segundo o presidente da Fehosul “esta política de reajustes anuais atende as diretrizes contidas na lei federal 13003, válida para o relacionamento de todos os planos de saúde com seus prestadores de serviços (médicos, hospitais, clínicas e laboratórios)”, explicou Allgayer. No entanto, é necessário previamente a recomposição dos valores extremamente defasados, razão da necessidade do imediato reajuste emergencial, ainda negado pelo governo estadual segundo o presidente da entidade.

Entidades médicas reclamaram da proposta de não adoção da Tabela CBHPM ainda em 2014

Entidades médicas reclamaram da proposta de não adoção da Tabela CBHPM ainda em 2014

 

REMUNERAÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Sobre o modelo proposto pelo Ipergs de remunerar os medicamentos, a partir de novembro do corrente ano, conceitualmente ele atende ao pleito da FEHOSUL, externou o diretor da entidade, Flávio Borges. “Estudos que promovemos nos levaram a apresentar soluções semelhantes em dezembro de 2013, e a resposta do Ipe-Saúde veio na linha de consenso com as nossas reivindicações”, afirmou o executivo. A fórmula, dentro do conceito “ganho zero, perda zero”, satisfaz os prestadores representados pela Fehosul, porém, “a questão das clínicas e dos serviços de quimioterapia merece ser melhor discutida, para evitar situações indesejáveis” ressalvou o dirigente. Por esta fórmula o Ipergs pagará uma taxa de logística equivalente ao índice Brasíndice Preço de Fábrica acrescido de 19,4%, migrando a diferença do antigo índice Brasíndice PMC para a remuneração das diárias e taxas de serviços hospitalares. Segundo dados do Ipergs esta migração, em um estudo inicial, significaria um reajuste dos atuais valores de diárias e taxas em 46,2%, garantindo-se aos hospitais e clínicas com perfil assistencial de maior complexidade a manutenção das mesmas remunerações de medicamentos previstas no acordo de 2011.

RECURSO DAS GLOSAS DO PERÍODO 2010/2014

O Ipergs reafirmou o cronograma já acertado com a Fehosul para possibilitar o recurso de glosas pelos prestadores de serviços referente ao período 2010/2014 – que já teve início no corrente mês de setembro – antecipando, contudo, para 1° de novembro, a liberação do sistema eletrônico de recurso da SRN sintética e analítica o que permitirá, inclusive, a possível antecipação dos pagamentos das contas (faturas) recursadas para ainda o corrente ano.

PAGAMENTO DOS VALORES CONGELADOS DO BRASÍNDICE (guia farmacêutico indicador de pesquisa de preços de medicamentos, soluções parenterais e materiais hospitalares)

Outro ponto da pauta cuja solução encontra-se em impasse diz respeito a quitação, por parte do Ipergs, dos valores relativos ao congelamento da remuneração dos medicamentos, que remonta a 5 de novembro de 2010, cujo montante ascende (conforme apuração efetuada em 15 de agosto passado ) a 30 milhões de reais. A Fehosul reclama que estes valores sejam quitados até 10 de dezembro, permitindo o “zeramento contábil” destes créditos e ajudando as instituições a honrarem os seus compromissos com os colaboradores no período legalmente exigível de pagamento do 13° salário. O Ipergs manifestou na reunião seu propósito em antecipar a quitação do débito de 25 de janeiro para 10 de janeiro do próximo ano, o que foi rechaçado pela Fehosul. O presidente Cláudio Allgayer lamentou “a insensibilidade do governo e a conduta burocrática de jogar todos os pagamentos para o próximo governo, deixando de assumir suas responsabilidades para com os prestadores de serviços, parceiros na prestação de serviços médico-assistenciais de qualidade para mais de 1 milhão de beneficiários do plano de saúde”.

Reunião ocorreu no Ipergs

Reunião ocorreu no Ipergs

 

CBHPM (Classificação Hierarquizada de Procedimentos Médicos)

O IPERGS e o governo estadual apresentaram na reunião uma proposta detalhada de implantação da CBHPM, que conseguiu desagradar a todas as entidades médicas e hospitalares presentes no encontro. Pela proposta, apresentada pelo representante da Secretaria da Fazenda, a autarquia concluiria o atual processo denominado “de-para” até o final do corrente ano, implantaria a nova nomenclatura até 31 de março do ano vindouro, acompanharia a implantação nos 6 meses subseqüentes e somente discutiria a partir de setembro a valoração pecuniária dos procedimentos, estimando-se sua efetiva implantação para 2016.

As entidades médicas e hospitalares integrantes do Grupo Paritário exigem a conclusão dos estudos e a adoção da valoração dos procedimentos ainda em 2014, de forma a que seu impacto financeiro seja acolhido no orçamento do órgão para 2015, que deverá ser votado na Assembléia Legislativa até o final de novembro próximo.

Diante das críticas generalizadas das entidades de representação dos médicos, hospitais, clínicas e laboratórios e a iminente possibilidade de ocorrer descredenciamento, conforme alertado pelas entidades médicas, o prof. Valter Morigi, presidente do Ipergs agendou nova reunião do Grupo Paritário para o dia 29, na sede do Ipergs, a qual tratará basicamente de três pontos: Reajuste Emergencial, Remuneração de Medicamentos e Tabela CBHPM.

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Valter Morigi, presidente do Ipergs e Paulo Leal, representante da Fazenda Estadual

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