Política | 13 de fevereiro de 2016

Por precaução, SES suspende uso de larvicida

Organização médica argentina motivou medida anunciada por Gabbardo
Por precaução, SES suspende uso de larvicida1

No Dia Nacional de Mobilização ao Combate do Aedes Aegypti, desenvolvido no sábado, 13, em todo o país, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) suspendeu no Rio Grande do Sul o uso em água para consumo humano do larvicida Pyriproxyfen, utilizado para deter o desenvolvimento da larva do mosquito Aedes aegypti. A medida foi anunciada pelo Secretário João Gabbardo dos Reis, na abertura do Dia D de Combate ao Mosquito. A decisão deve-se à hipótese de que a substância pode potencializar a má-formação cerebral causada pelo zika vírus, levantada pela organização médica argentina Physicians in the Crop-Sprayed Towns.

A suspensão já foi comunicada às 19 Coordenadorias Regionais de Saúde do Estado, que devem informar às Vigilâncias Municipais.

O larvicida, enviado pelo Ministério da Saúde, era utilizado em pequena escala no Rio Grande do Sul, apenas em casos específicos, quando não é possível evitar o acúmulo de água nem remover os recipientes, como chafarizes e vasos de cimento em cemitérios. “Decidimos suspender o uso do produto em água para consumo humano até que se tenha uma posição do Ministério da Saúde e, por isso, reforçamos ainda mais o apelo à população para que elimine qualquer possível foco do mosquito”, explicou o secretário. Segundo os dados da Vigilância Ambiental, 75% dos focos estão localizados em residências ou ambientes domésticos.

Dia D

O Dia Nacional de Mobilização ao Combate do Aedes Aegypti teve uma intensa mobilização em Porto Alegre, onde 11 bairros da cidade receberam, em regime de mutirão, a ação de agentes do Exército e profissionais da saúde, tanto de órgãos estaduais como municipais. Cerca de 60 mil agentes de saúde e militares participam da operação, que inclui o interior do Estado, percorrendo casas, praças e outros locais para alertar e ajudar a população a identificar e combater os focos do mosquito responsável pela propagação de doenças como a dengue, zika e chikungunya.

O governo do Estado distribuiu – e continuará nas próximas semanas – material informativo em parceria com o Sindicato Médico (Simers). A ação em Porto Alegre ocorreu a partir das 8h30, na Gerência Distrital de Saúde Partenon, e contou com a presença do governador José Ivo Sartori, do prefeito José Fortunati, do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, e dos secretários estadual e municipal de Saúde, João Gabbardo dos Reis e Fernando Ritter, além de demais autoridades.

A previsão é de que 40 mil domicílios sejam verificados nos bairro Sarandi, Cristo Redentor, Três Figueiras, Independência, Floresta, Centro, Petrópolis, Bom Fim, Bela Vista, Partenon e Chácara das Pedras. A meta, conforme o secretário Gabbardo, é eliminar possíveis criadouros e focos do mosquito, antes que sua propagação seja ainda maior e cause problemas mais graves. “O estado conta com 20 mil agentes da área da saúde e outros 20 mil técnicos de secretarias estaduais e municipais, além do auxílio do Exército”, disse.

Foto: Karine Viana/Palácio Piratini

 

Integração de forças

O governador José Ivo Sartori ressaltou a importância da atuação do Exército na luta contra o mosquito, assim como a interação entre os governos federal, estadual e municipal. “Hoje chegou a hora de todos nós nos unirmos a fim de eliminarmos os vetores que estão provocando as doenças que tantas conseqüências graves estão trazendo. Juntos, e isto inclui a sociedade e não somente o poder público, temos que nos antecipar e impedir a propagação do mosquito”, enfatizou.

O chefe do Executivo gaúcho lembrou que a Secretária da Saúde já vem adotando medidas como a criação, em dezembro último, do Comitê Estadual Intersetorial de Combate ao Mosquito Aedes aegypti, que terá caráter permanente. O órgão conta com a participação de 13 secretarias estaduais, além da Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs).

Citou também a inauguração da Sala de Monitoramento das Ações Estratégicas, onde estão concentrados os representantes das entidades envolvidas no combate ao mosquito. “Sozinho o Estado não pode fazer tudo, mas com participação de todos, como está acontecendo, teremos um resultado mais rápido e, sem dúvida, de sucesso no combate à dengue, zika ou febre chkungunya”, acrescentou o governador, que visitou alguns domicílios das redondezas, falando com os moradores e distribuindo folhetos explicativos sobre as medidas de combate ao Aedes aegypti.

Apoio do Exército

Coordenando as ações dos militares, o comandante das Forças Armadas na Região Sul do Brasil, general Édson Pujol, disse que o Exército Brasileiro disponibilizou ao RS 20 mil militares para auxiliar na conscientização dos moradores, de um total de 220 mil destacados para a função em todo o país. “O papel do Exército é preponderante nesta luta que envolve toda a sociedade”, observou o comandante militar do Sul.
Por sua vez, o ministro Eduardo Braga afirmou que este “é um momento transformador, que une a todos”, e informou que serão realizadas “faxinas” em todos os órgãos do governo federal a fim de combater os focos do mosquito.

Foto: Dennis Magalhães/DCHE/SES

 

Também o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, falou sobre a união de todos para combater o problema: “este é um trabalho de irmandade entre governos em todas as suas esferas e a sociedade”.

Novos casos de dengue

Dados da Secretaria Estadual da Saúde revelam que, nas primeiras três semanas deste ano, foram notificados 265 casos de dengue, sendo 15 confirmados. No mesmo período de 2015, apenas 15 incidências haviam sido informadas, e uma confirmada.

As primeiras seis semanas de 2016 registraram cinco vezes mais casos de dengue confirmados do que o mesmo período do ano passado. Dos 701 casos notificados, 58 foram confirmados, dos quais 22 somente na semana entre 7 e 12 deste mês. Das confirmações, 15 são autóctones (doença contraída no estado). Em 2015, foram 147 notificações, com 7 casos confirmados.
Ainda de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde, o estado já soma 52 casos suspeitos de febre chikungunya, sem nenhuma confirmação, e, das 52 notificações do zika vírus, um caso foi confirmado. No RS, 180 municípios registram a presença do mosquito: 19 já têm casos de dengue confirmados importados e 7 de dengue autóctones (Barra do Ribeiro, Guaíba, Ijuí, Panambi, Porto Alegre, São Paulo das Missões e Viamão). As regiões com as maiores taxas de infestação do mosquito são: Metropolitana, fronteiras Noroeste e Oeste, Celeiro, Noroeste Colonial e Alto Jacuí.

Os cuidados que devem ser tomados para prevenir a proliferação do Aedes aegypti:

       – Fechar caixas d’água, tonéis e latões
       – Limpar com escova os bebedouros de animais
       – Guardar garrafas vazias com o gargalo para baixo
       – Guardar pneus velhos sob abrigos
       – Manter desentupidos ralos, canos, calhas, toldos e marquises
       – Não acumular água nos vasos de plantas, substituindo por areia
       – Colocar embalagens de vidro, lata e plástico em lixeiras fechadas
       – Manter a piscina tratada
       – Verificar se os ralos estão desentupidos e, se não estiver usando, deixar fechados ou com telas
       – Observar a bandeja externa de água na parte de trás da geladeira.

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