Estatísticas e Análises | 21 de junho de 2016

Melhora da disfunção urinária com implante de marca-passo na bexiga

Neuromodulação sacral restaura o controle do sistema nervoso sobre a bexiga
Neuromodulação sacral

A incontinência – urinária e fecal – é um assunto delicado, poucas vezes abordado pelo paciente em uma consulta médica. A maioria dos casos é identificada na anamnese através de perguntas específicas sobre as funções de evacuação e micção. Felizmente, muitos casos têm tratamento, graças a novas técnicas cirúrgicas e novas tecnologias.

A neuromodulação sacral é um tratamento cirúrgico que ajuda os nervos da pelve a funcionar melhor e modula a função da evacuação e da urina. É uma técnica avançada e com indicações especificas, para pacientes com incontinência causada por problemas nos nervos e,em alguns casos, por lesões dos músculos esfíncteres do ânus.

Um recente estudo, intitulado ” A Experiência Inicial com Neuromodulação Sacral para Tratamento de Disfunções do Trato Urinário Inferior no Brasil”, buscou comprovar a eficiência do método. A investigação foi realizado pos quatro centros e publicada no periódico International Brazilian Journal of Urology, revista oficial da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

(Veja o artigo original)

O trabalho contou com a participação dos hospitais Moinhos de Vento, Albert Einstein e AC Camargo, além da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A pesquisa incluiu pacientes que receberam o implante do marca-passo antes de 2014, quando a experiência com o método ainda era inicial.

Realizado há décadas nos EUA e na Europa, o dispositivo implantável envia impulsos elétricos suaves aos nervos sacrais, localizados próximo ao cóccix, para tratar as disfunções da micção. Cerca de 18% da população brasileira apresenta sintomas de bexiga hiperativa, que é caracterizada pela urgência para urinar e incontinência. Apesar do número expressivo, a cobertura para o tratamento da doença através da Neuromodulação Sacral pelos planos de saúde só foi definida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) há pouco mais de dois anos.

“Antes da obrigatoriedade imposta pela ANS aos planos de saúde, o número de casos implantados era muito restrito. O implante do marca-passo é uma opção de tratamento minimamente invasivo para pacientes com bexiga hiperativa. “Constatamos que 83% dos pacientes avaliados apresentaram resultados positivos com o procedimento”, ressalta o médico do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento, Márcio Averbeck, um dos autores do artigo e membro do Comitê de Promoção da Neuro-Urologia da Sociedade Internacional de Continência (ICS).

O procedimento é composto, primeiramente, pela avaliação neuronal percutânea, seguida pelo implante cirúrgico do eletrodo e do gerador de pulso definitivos naqueles pacientes que apresentam melhora satisfatória dos sintomas na avaliação inicial.

Útil para pessoas com dificuldades para urinar ou segurar a urina sem uma causa definida, o dispositivo é indicado para pacientes que não responderam a tratamentos conservadores, como medicamentos ou fisioterapia. O procedimento é realizado sob anestesia local e sedação. “Os problemas urinários prejudicam a qualidade de vida. É muito comum o surgimento de depressão, pois as pessoas se isolam do convívio social e têm dificuldades para realizar atividades do dia a dia”, salientou Averbeck.

 

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