Mundo | 19 de maio de 2016

Médicos britânicos são aconselhados a reduzir o uso excessivo de oxigênio em hospitais

Estudo destaca perigos da terapia sem regras e sugere um melhor treinamento dos profissionais
Médicos britânicos são aconselhados a reduzir o uso excessivo de oxigênio em hospitais

Os pacientes estão recebendo quantidades potencialmente fatais de oxigênio porque profissionais da saúde não estão cientes das quantidades que devem ser administradas. É o que afirma um estudo conduzida pela Sociedade Torácica Britânica (BTS, na sigla em inglês) e liderada por Ronan O’Driscoll, consultor especialista em doenças respiratórias no Salford Royal NHS Foundation Trust, em Pendleton (Inglaterra).

Especialistas em patologias pulmonares querem que médicos e enfermeiros recebam mais treinamento para saber como cuidar de um “ponto de escala” seguro de oxigênio no corpo, caso contrário, há um perigo de pacientes sofrerem doenças mais graves, e em casos raros até mesmo o óbito.

“O oxigênio é uma das terapias mais comumente administradas dentro do sistema nacional de saúde – diariamente, um em cada sete pacientes recebem oxigênio. Mas, ao contrário das drogas em geral, é administrado sem receita médica para cerca de seis mil pessoas em um dia, em média”, diz uma reportagem do jornal londrino The Guardian.

“Em um serviço de saúde moderno, é preocupante que tantos pacientes no hospital ainda recebam esta terapia sem qualquer forma de receita”, alerta o Dr. Ronan O’Driscoll. “A situação não seria tolerado em relação a qualquer outra droga – mesmo um medicamento de venda livre como o paracetamol exige algum tipo de prescrição. O oxigênio é muito benéfico para muitos pacientes, mas pode ser perigoso se for mal utilizado”.

A administração de pouco oxigênio, “um problema bem documentado”, como ressalta o The Guardian, pode ocorrer por profissionais que não percebem que estão conectando cilindros vazios ou o uso acidental de ar, ao invés de oxigênio. Por outro lado, especialistas acreditam que o excesso de oxigênio, um problema menos conhecido, pode ser atribuído à sua disponibilidade, sem receita médica e uma falta de treinamento adequado entre a equipe médica. “O oxigênio é uma droga importante e deve sempre ser prescrita e documentada no hospital, como qualquer outro medicamento”, alertou o Dr. O’Driscoll.

“Quando usado, prescrições e documentos de acompanhamento nos dão um registro vital de quais pacientes estão recebendo oxigênio, o quanto eles estão recebendo, e através de que método. Mas, fundamentalmente, eles também definem um ‘ponto de escala’ personalizado para cada paciente, indicando um nível desejável e seguro de oxigênio no sangue que a equipe do hospital pode medir e manter”.

Os pacientes com patologias como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são mais vulneráveis ​​ao excesso de oxigenação. Os pulmões danificados são incapazes de lidar com altos níveis de oxigênio e, como resultado, podem deixar de expulsar o dióxido de carbono de forma eficaz, o que pode levar a uma forma de insuficiência respiratória aguda.

“A BTS diz que as taxas de mortalidade nos hospitais para pessoas com DPOC caíram de 7,8% para 4,3% quando as prescrições de oxigênio foram fornecidas, salvando em torno de três mil vidas por ano. Mas uma recente auditoria descobriu que mais da metade dos hospitais do sistema público inglês pesquisados ​​não dão formação suficiente para os profissionais em relação à provisão de oxigênio. O estudo revelou que 44% dos pacientes em uso de oxigênio estavam em risco de excesso de terapia de oxigênio”.

Segundo o The Guardian, o levantamento também descobriu que, mesmo quando uma prescrição escrita foi fornecida, quase um terço (⅓) dos pacientes ainda estavam recebendo excesso ou muito pouco oxigênio. Particular preocupação se dá ao fato de que quase um em cada 10 pacientes que haviam recebido prescrição dentro do um “ponto de escala”, teve uma administração de oxigênio 2% acima do estabelecido.

“Conforme a auditoria, o número de pacientes cujos níveis de oxigênio no sangue eram demasiadamente elevados após a terapia de oxigênio, é preocupante”, disse o Dr. O’Driscoll. “Isso pode ocorrer porque a equipe acredita que a deficiência de oxigênio é um perigo muito maior do que a sobrecarga de oxigênio, levando a uma possível sensação de que” quanto mais oxigênio, melhor “, conclui.

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