Tecnologia e Inovação | 25 de fevereiro de 2015

Hospital de Clínicas realiza procedimento inédito no Sul do País para tratar doença rara

Paciente recebe parte de fígado do pai
Hospital de Clínicas realiza procedimento inédito no Sul do País para tratar doença rara

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) realizou, em dezembro, o inovador procedimento de transplante hepático para tratamento da leucinose (DXB) uma doença genética rara. O caso envolveu um menino de um ano e nove meses, diagnosticado ainda no primeiro mês de vida. Trata-se do primeiro episódio de sucesso no tratamento da doença por meio de transplante hepático na região Sul do Brasil.

O menino transplantado no HCPA recebeu parte do fígado do pai. De acordo com a equipe responsável, o enxerto transplantado está funcionando bem desde então, e o paciente teve baixa incidência de complicações relacionadas ao procedimento (alterações vasculares e biliares) e baixa incidência de complicações clínicas (infecção, insuficiência renal, diabetes). O resultado positivo se deu graças à uma ação conjunta entre os Serviço de Genética Médica, Hepatopediatria e Cirurgia Pediátrica, e o Programa de Transplante Hepático Infantil do HCPA, com o apoio da Rede DXB.

O ambulatório de Tratamento de Distúrbios Metabólicos do Serviço de Genética Médica do HCPA atende regularmente dez pacientes com Leucinose (todos os casos conhecidos do Estado). A maioria dos pacientes foi diagnosticada depois de ter apresentado alguma manifestação clínica da patologia e, portanto, a maioria apresenta alguma sequela. Com exceção do menino transplantado, os demais pacientes são tratados com fórmula metabólica e dieta.

Caracterizada pelo acúmulo de alguns aminoácidos, a doença afeta principalmente o sistema nervoso central e atinge em torno de um em cada 185 mil nascidos no mundo. Dentre os sintomas mais comuns, encontram-se letargia, odor adocicado (que lembra o xarope do bordo) presente na urina ou na cera do ouvido, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e/ou crises metabólicas agudas, sendo que o paciente pode evoluir para convulsão, coma e óbito. Para evitar que ocorram danos neurológicos irreversíveis, o tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível, de preferência antes dos 15 dias de vida.

Outra opção terapêutica é o transplante hepático, que é curativo, mas devido aos riscos associados, costuma ser indicado em casos onde o controle da doença, por meio de dieta e uso de fórmula, não se mostra eficaz. Se o transplante dá certo, o paciente pode ter alimentação normal, já que o fígado transplantado é capaz de produzir a enzima que naturalmente falta no paciente com DXB.

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