Mundo | 26 de março de 2015

Falta de zinco no organismo impacta no sistema imunológico

Estudo norte-americano mostra que o problema é mais evidente em idosos
falta de zinco

O zinco, conhecido mineral importante para a saúde humana, parece afetar a forma como o sistema imunológico responde a estímulos, especialmente a inflamações. É o que diz uma nova pesquisa da Oregon State University, publicada na revista Molecular Nutrition & Food Research.

A deficiência de zinco no organismo pode desempenhar um papel em doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes que envolvem a inflamação. Muitas vezes, essas doenças aparecem em adultos mais velhos, que têm maior risco para a deficiência de zinco.

“Quando você retira o zinco, as células que controlam a inflamação parecem se ativar e responder de forma diferente. Isso faz com que as células atuem propagando a inflamação”, explicou Emily Ho, professora e diretora da Oregon State University e principal autora do estudo.

O zinco é um micronutriente essencial para muitos processos biológicos, incluindo crescimento e desenvolvimento, funções neurológicas e imunidade. Pode ser encontrada em alimentos ricos em proteínas, como carne, frutos do mar, sendo a ostra um alimentos com os mais altos teores de zinco.

A pesquisa mostra que, nos EUA, por volta de 12% das pessoas não consomem zinco suficiente. Entre idosos com 65 anos ou mais, cerca de 40% não consomem o suficiente de zinco. Idosos tendem a comer menos alimentos ricos em zinco e seus organismos têm dificuldade em absorver o zinco. Assim, tornam-se altamente suscetíveis à deficiência de zinco. “É um golpe duplo para os indivíduos mais velhos”, ressalta Dra. Ho.

Para compreender melhor a relação entre deficiência de zinco e inflamação, os pesquisadores conduziram experimentos que indicavam que a deficiência de zinco induziu um aumento na resposta inflamatória em células. Os investigadores foram capazes de demonstrar, pela primeira vez, que a redução de zinco causava a ativação inadequada de células imunológicas e a desregulação da citocina IL-6, proteína que afeta a inflamação na célula.

A pesquisa também comparou os níveis de zinco em ratos jovens e velhos. Os mais velhos tinham baixos níveis de zinco, o que correspondeu ao aumento de inflamação crônica e diminuição de IL-6 de metilação (mecanismo epigenético no qual as células controlam a expressão gênica). A diminuição da IL-6 metilação também foi encontrada em células imunitárias humanas de pessoas idosas. Os resultados sugerem uma ligação potencial entre a deficiência de zinco e o aumento da inflamação que pode ocorrer com a idade.

Compreender o papel do zinco no organismo é importante para determinar se as orientações alimentares para o nutriente precisam ser ajustadas. A ingestão diária recomendada de zinco para adultos é de 8mg para mulheres e 11mg para homens, independente da idade. As orientações podem requerer ajuste para idosos, para garantir que eles recebam quantidade suficiente de zinco.

Não há, atualmente, um teste clínico de biomarcadores suficientemente confiável, para determinar se as pessoas ingerem o suficiente de zinco. Assim, a identificação da deficiência pode ser difícil. A especialista frisa que o corpo não tem muita capacidade de armazenamento de zinco, de modo que a ingestão regular é importante. Da mesma forma, ingerir demasiado zinco pode causar outros problemas, incluindo a interferência com outros minerais. O limite máximo é de 40mg por dia. “Achamos que a deficiência de zinco é, provavelmente, um problema maior do que a maioria das pessoas imagina”, diz Emily Ho.

Por fim, a pesquisadora conclui que entender o motivo que leva os adultos mais velhos a não consumir zinco na quantidade certa, é uma área importante para pesquisas futuras.

Alguns alimentos que mais possuem zinco são os frutos do mar (princialmente ostras cozidas), carnes assadas (de boi, cordeiro, peru, fígado de boi), espinafre, amêndoas, abóboras, caju, chocolate preto.

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