Gestão e Qualidade | 18 de agosto de 2014

Evento debate a morte e as possibilidades de amenizar o sofrimento

Última edição da série de encontros Grand Round teve como tema Como e Onde Devemos Morrer
Evento debate a morte e as possibilidades de amenizar o sofrimento

O Hospital Moinhos de Vento (HMV) realizou uma ampla discussão em mais uma edição da série Grand Rounds, que teve como tema Como e Onde Devemos Morrer.

A atividade contou com a presença do superintendente médico da Instituição, Luiz Antônio Nasi, do chefe do Serviço de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, José Roberto Goldim e da escritora Lya Luft.

Nasi, que coordenou a discussão, lembrou que o HMV tem se dedicado a humanização do tratamento concedido aos pacientes, principalmente em setores como a UTI. “Talvez a medicina seja a única que luta com Deus frente a frente com o desafio da morte”, destaca o médico intensivista. Parafraseando o novo livro de Lya Luft, “O tempo é um rio que corre”, Nasi ressaltou que o tempo é um rio que corre e que não devolve nada pra nós ao longo desse tempo.

O vídeo “Facing Death” (Encarando a Morte, em tradução livre) foi apresentado para os convidados, servindo de mote para a discussão de um caso clínico de um paciente terminal, com enfoque no papel do profissional de saúde em relação ao paciente e aos seus familiares. Para a escritora Lya Luft, a morte deveria ser exatamente como é o nascimento, um fim do nosso ciclo. A convidada acredita que a medicina deve se empenhar em tornar mais humano o atendimento. “A medicina, embora traga com ela todo o heroísmo tecnológico para salvar uma vida, não deveria impedir o paciente terminal de ter seus instantes finais em casa, cercado pela família, rodeado de seus cheiros e de seus lençóis”, comentou.

Público se fez presente no evento

Goldim, referência na área de Bioética no Brasil e América Latina, lembra que o início do século XX foi comemorado  como o século da paz. “Com o passar das décadas, a medicina se torna mais científica e se afasta da relação médico-paciente-família, e acaba se distanciando da humanização na saúde. O tema da morte se perdeu no ambiente familiar e isso se desloca para dentro do hospital e das UTIs, onde os médicos ficam atônitos e não sabem como lidar com essa realidade”, analisou.

Para Goldim, os hospitais precisam se preparar para uma nova realidade: o paciente que deseja morrer em casa. “Cada caso precisa ser avaliado e os profissionais de saúde precisam estar cientes, a família com acompanhamento em casa, pois envolve questões éticas, deontológicas e legais. E, obviamente, as instituições precisam estar preparadas para fazer isso, em todos os quesitos”.

A palavra eutanásia tem sido utilizada de maneira confusa e ambígua na visão de Goldim, pois ela tem assumido diferentes significados, conforme o tempo e o autor que a utiliza. O termo vem do grego e pode ser traduzido como “boa morte” ou “morte apropriada”. Existem alguns tipos de eutanásia, sendo os dois mais conhecidos a eutanásia voluntária e a involuntária, onde na primeira o paciente se mostra a favor da decisão (normalmente é ele quem pede por isso) e no segundo caso o paciente não se manifesta (geralmente porque já não consegue responder por si).

Durante o evento, foram levantadas questões como a atuação correta frente à morte e a abordagem adequada diante de um paciente que está morrendo. Tanto a literatura quanto a ciência compartilham que o bom senso e a vontade do paciente devem ser levadas em conta e ponderadas em casos extremos.

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