Crise aumenta o número de depressivos?
Pesquisa mostra que crise recente afetou a saúde de boa parte da população norte-americanaA recente Grande Recessão ocorrida no mundo, mas especialmente nos EUA, foi acompanhada por um aumento significativo de depressão profunda em adultos norte-americanos, de acordo com um estudo publicado no Journal of Clinical Psychiatry.
O estudo é o primeiro a avaliar o impacto da Grande Recessão sobre a saúde mental de toda a população. Pesquisadores da Loyola University Chicago Stritch School of Medicine afirmaram que a prevalência de depressão aumentou de 2,33% entre 2005-2006, para 3,49% em 2009-2010 e 3,79% em 2011-2012. A prevalência de depressão menos grave aumentou de 4,1% em 2005-2006 para 4,79% em 2009-2010, mas depois recuou para 3,68% em 2011-2012.
Os pesquisadores analisaram dados de 24.182 adultos que participaram do levantamento National Health and Nutrition Examination, durante os anos de 2005 a 2012. Os entrevistados eram diagnosticados com ou sem depressão de acordo com um questionário. As perguntas seguiam critérios como humor ou irritabilidade; diminuição do interesse ou prazer na maioria das atividades; sentimentos de inutilidade ou culpa; pensamentos de suicídio; e fadiga ou perda de energia.
O estudo foi uma colaboração entre os pesquisadores do Departamento de Saúde Pública e do Departamento de Psiquiatria e Neurociências Comportamental, ambos da Loyola. A prevalência de depressão (tanto as mais e menos graves) foi maior entre os adultos que viviam em situação de pobreza ou tinham ensino médio incompleto. “A saúde mental dessas populações vulneráveis pode ser mais afetada durante períodos de tempo de dificuldades econômicas, mas é necessária mais investigação”, diz a pesquisa.
Os pesquisadores concluíram que os efeitos negativos da Grande Recessão sobre emprego, segurança habitacional e investimentos em ações contribuíram para o aumento da depressão. No entanto, eles observaram que é possível que outros fatores podem ter desempenhado um papel. “O impacto da crise econômica sobre a prevalência de depressão deve ser considerado na formulação de políticas e programas futuros para promover e manter a saúde da população dos EUA”, ressalta o estudo.
A Grande Recessão começou oficialmente em dezembro de 2007 e durou 18 meses. Mas os seus efeitos, incluindo a alta taxa de desemprego e as execuções hipotecárias (retomada de imóveis) que reduziram a confiança dos consumidores, manteve-se elevada mesmo após o fim da recessão, em junho de 2009.