Estatísticas e Análises, Política | 19 de novembro de 2015

Compra conjunta de medicamentos gera 83% de economia a países do Mercosul

Iniciativa inédita foi realizada em parceria entre países como Brasil e Argentina
Compra conjunta de medicamentos gera 83 de economia a países do Mercosul

A primeira compra conjunta de medicamentos, feita por países do Mercosul, foi consolidada no dia 13 de novembro, em Assunção, Paraguai, durante reunião de ministros de saúde do bloco. A iniciativa, inédita no mundo como estratégia de negociação de preço junto às farmacêuticas, alcançou descontos de até 83% na aquisição de medicamentos de Aids. As informações são do Portal da Saúde.

“Adotamos uma estratégia inédita com as farmacêuticas, que fortalece a integração dos países e que nos assegura melhores condições”, destacou o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Castro. “Em um momento em que os países discutem a sustentabilidade de seus sistemas de saúde, essa ação inovadora pode garantir a ampliação da assistência em saúde com o que há de mais moderno e de maneira mais econômica”, complementa.

Na primeira rodada de negociação, ficou acertada a aquisição do medicamento darunavir, usado no tratamento de Aids, por oito países. O valor negociado (US$ 1,26 por unidade), é cerca de cinco vezes menor que o praticado na Venezuela, Chile e Uruguai, por exemplo. Esses três países, junto com Brasil, Argentina, Paraguai, Peru e Suriname, vão economizar mais de US$ 20 milhões com a compra conjunta. Para o Brasil, que já registrava um dos menores preços do bloco (US$ 2,98 por unidade), a redução será em torno de US$ 14,2 milhões.

Os países avançaram também, nas tratativas para a compra de três medicamentos para hepatite C – sofosbuvir, daclastavir e simeprevir. Trata-se da mais inovadora linha de tratamento para a doença, aumentando para 90% as chances de cura. O objetivo era atingir o preço contratado pelo Brasil em 2015, equivalente a US$ 9.425 para o tratamento de 12 semanas, valor 300% menor que o praticado por países europeus e Canadá, por exemplo. Os países do Mercosul estudam, agora, uma nova alternativa de tratamento com um preço 14% menor.

A realização desses acordos será fundamental para viabilizar a oferta de tratamento para hepatite C em pelo menos mais quatro países. Argentina, Chile, Venezuela e Uruguai já haviam iniciado o processo de aquisição para melhorar o tratamento da doença, mas encerraram por conta de valores muitos altos para a sustentabilidade de seus sistemas de saúde.

Os países deverão realizar a compra por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) ou em conjunto com os sistemas nacionais. No caso do darunavir, a aquisição será pelo fundo global da Opas. Uma segunda rodada de compra conjunta está prevista para 2016 com foco em quatro medicamentos para tratamento de câncer e de aids. O Brasil investiu, em 2014, mais de R$ 500 milhões na compra desses quatro produtos.

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